“Os presos da CPP têm mais dignidade do que quem está aqui”, diz Djalma sobre Wassily Chuk
13 maio 2015 às 18h18
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Prefeito Paulo Garcia foi duramente criticado durante a visita, que constatou problemas graves no pronto-socorro psiquiátrico
Bruna Aidar
O vereador Djalma Araújo (SDD) esteve, nesta quarta-feira (13/5), no Pronto-Socorro Psiquiátrico Wassily Chuk, acompanhado do presidente da Câmara Municipal, Anselmo Pereira (PSDB), para mostrar as condições da unidade de saúde. O objetivo é fazer um relatório que registre as irregularidades para cobrar do poder público uma solução para os problemas encontrados.
“Os presos da Casa de Prisão Provisória (CPP) têm muito mais dignidade do que quem está aqui”, criticou Djalma. Ele disse que a situação do Wassily Chuk é de flagrante desrespeito aos direitos humanos. Anselmo Pereira concordou: “Este tipo de tratamento psiquiátrico não pode ser continuado”.
Djalma ressaltou que o objetivo não é fechar o Wassily Chuk, e sim resolver os problemas estruturais e de atendimento, principalmente no que diz respeito aos pacientes internados permanentemente no local. Segundo ele, é inadmissível que eles sejam tratados com métodos ultrapassados, utilizados no antigo Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho.
Segundo ele, o relatório que expõe as condições do Pronto-Socorro será finalizado no máximo até a próxima semana. Ele garantiu que o relatório chegará à Secretaria de Direitos Humanos da presidência da República. “A Câmara tem a obrigação de levar o protocolo pessoalmente à Brasília para que sejam tomadas as devidas providências”, completou Anselmo.
Situação precária
O Wassily Chuk é uma unidade de pronto-socorro que atende pacientes com transtornos mentais em crise. De lá, eles são encaminhados a unidades de tratamento adequado em até 72 horas. Segundo o apurado pela diligência enviada ao local, esta regra não está sendo respeitada e existem 20 pacientes permanentemente internados na unidade.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) alega que os pacientes que residem na unidade não têm família. O neuropsicólogo Astrogildo Naves explica que, no caso destes pacientes, existem grupos filantrópicos que os assumem. Ele acrescenta que as pessoas internadas permanentemente não recebem nenhum tipo de apoio da prefeitura.
A unidade está em condições precárias, com problemas estruturais e de organização. Os prontuários dos pacientes são armazenados em diversas salas, sem estantes para que eles sejam evidentemente catalogados. Ultimamente, faltam 23 medicamentos e há fios expostos em toda a unidade, o que, segundo Naves, oferece riscos a pacientes em surto.
Naves fez questão de ressaltar que os funcionários do Wassily Chuk não são responsáveis pela situação em que o local se encontra. “Os problemas da unidade são de completa responsabilidade do prefeito de Goiânia, que não está respondendo adequadamente pela saúde mental.”