Baixa popularidade do prefeito Paulo Garcia, rejeição ao partido e rompimento com PMDB podem atrapalhar candidatura da base

Possíveis candidatos do PT à prefeitura de Goiânia: Adriana Accorsi, Edward Madureira, Marina Sant'Anna e Humberto Aidar | Fotos: reprodução / Facebook
Possíveis candidatos do PT à prefeitura de Goiânia: Adriana Accorsi, Edward Madureira, Marina Sant’Anna e Humberto Aidar | Fotos: reprodução / Facebook

A luz vermelha está acessa no Paço Municipal há muito tempo. Desde que foi reeleito em 2012, o prefeito Paulo Garcia (PT) vem sofrendo com perda de popularidade e debandada de aliados. Para além das crises administrativas, o petista tem a árdua tarefa de apagar os incêndios políticos que tomaram conta da prefeitura no último ano e prometem causar ainda mais danos até 2016.

Apesar de defender que o PT e o PMDB são irmãos siameses, acusando a imprensa de criar mal-estar entre os dois partidos, Paulo sabe bem que não será fácil tirar do aliado a cabeça da chapa nas próximas eleições municipais.

Há quem diga que, caso Iris Rezende (PMDB) decida ser mesmo candidato, a dobradinha será mantida “a força”, pois ambos sabem das reais chances do ex-governador conquistar um quarto mandato na capital.

No entanto, a idade (Iris completará 83 anos em 2016) e a falta de consenso dentro do próprio PMDB minam os planos do decano. Inclusive, há uma decisão do presidente nacional do partido, Michel Temer, de que os dias do casal Iris no comando do diretório goiano estão contados. Maguito e Friboi são os indicados para darem as cartas já a partir deste ano.

Sendo assim, o PT deve procurar “voar solo”, como fez Antônio Gomide — ex-prefeito de Anápolis –, que se candidatou ao governo de Goiás em 2014. E, da mesma forma que o ex-governadoriável, o candidato de uma possível chapa pura petista deve enfrentar (muita) resistência do eleitorado goianiense.

Árduo caminho

É consenso que quem tem a máquina pública nas mãos — ou o candidato apoiado por ele — começa a corrida eleitoral, via de regra, com certa vantagem. Talvez por isso o PT insista em querer indicar um sucessor em Goiânia e já tem nomes consolidados para tanto: os deputados estaduais Adriana Accorsi e Humberto Aidar, o ex-reitor da UFG, Edward Madureira, além da ex-candidata ao Senado, Marina Sant’Anna.

Todos nomes relativamente consolidados no cenário político, mas sofrem do mesmo mal: o partido em si. Goiânia reelegeu Paulo Garcia, entre os maiores motivos, por contar com o apoio incondicional de Iris. Era o candidato do ex-prefeito — que tem alta popularidade, ainda hoje, na capital.

Sem Iris, Paulo Garcia é só Paulo Garcia. E ser só Paulo Garcia, atualmente, é sinônimo de muito desgaste. Nas pesquisas de avaliação mais recentes, o prefeito amarga índices de reprovação acima dos 60%. Os que apoiam a gestão, por outro lado, não chegam a 10%.

A presidente Dilma Rousseff (PT) também não é exatamente o melhor cabo eleitoral. Em Goiânia, nas últimas eleições, ela ficou em terceiro lugar, no primeiro turno, na preferência dos eleitores, com apenas 20% dos votos — cerca de 140 mil. Muito atrás da então candidata do PSB, Marina Silva, que obteve 32% (230 mil votos) e do campeão, o tucano Aécio Neves, que arrematou quase 310 mil votos — equivalentes a 43% do eleitorado.

No segundo turno não foi diferente: perdeu para Aécio com uma diferença de quase 250 mil votos. O tucano teve o dobro de votos.

Embora o eleitor brasileiro não tenha característica partidária, o PT sofre — como nenhum outro partido — um desgaste muito grande. Denúncias de corrupção, envolvimento em escândalos e lugar cativo nas manchetes policiais por todo o País mancham a imagem da legenda e, muitas vezes, de seus candidatos.

O senador eleito por Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), é um dos principais inimigos do PT no estado. Faz críticas duras à gestão de Dilma e já deixou claro que, se o PMDB quiser continuar a aliança de 2014 nas eleições municipais, vai ter que romper com o PT.

Fogo amigo

Não se pode esquecer, tampouco, a crise interna no PT de Goiânia. Dos quatro vereadores eleitos pelo partido em 2012, apenas um permanece na base do prefeito Paulo Garcia. Tayrone Di Martino, Felisberto Tavares e Djalma Araújo (atual Solidariedade) declararam “guerra” ao Paço e já teceram duras críticas ao chefe do Executivo.

Apenas Carlos Soares continua, efetivamente, na base de Paulo Garcia. Inclusive, a Câmara Municipal promete ser um entrave nos dois últimos anos do prefeito. A nova mesa diretora e as principais comissões estão compostas de desafetos, como Elias Vaz (PSB), Tayrone e Djalma.

Questão Marconi

Candidatos apoiados pelo governo do Estado nunca tiveram bom desempenho em Goiânia nas últimas eleições. Sandes Júnior (PP) e Jovair Arantes (PTB) não obtiveram sucesso nas corridas à prefeitura de Goiânia. Mesmo com alta popularidade pelo interior, Marconi Perillo (PSDB) ainda enfrenta certa resistência na maior cidade de Goiás.

Contudo, o último mandato do tucano-chefe teve seus olhos voltados a Goiânia. Diversas obras, como viadutos, duplicações, bem como avanços na educação e na saúde, vêm garantindo uma melhor aceitação entre os goianienses. Prova disso é que, em 2014, a diferença entre Iris e Marconi foi a menor dos três embates ao Palácio das Esmeraldas dos dois líderes.