O escândalo é uma oportunidade para a oposição levar vantagem, mas tucanos se dividem

24 março 2014 às 16h43
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Ao longo da campanha eleitoral sempre haverá alguém a explorar o mensalão contra o PT e, agora, o caso Pasadena. A presidente Dilma Rousseff receberá cobranças de oposicionistas e aliados numa situação de desvantagem para a reeleição.
A revelação numa dimensão mais ampla das condições da compra da refinaria americana pela Petrobrás em si já é uma fonte apreciável de críticas a uma candidata, mais executiva do que política, que atuou com preferência na área de energia, onde desembarcou sobre a aura de gerentona com que o então presidente Lula a apresentou ao público.
Mas o desgaste da candidata torna a reeleição um tanto mais vulnerável por causa de três fatos paralelos. Um deles foi o ímpeto com que se dedicou a neutralizar o interesse do jornal de São Paulo em ouvi-la antes de publicar a nova versão sobre a aprovação da compra da Pasadena pelo Conselho de Administração da Petrobrás, que ela própria presidia como intima da energia.
A insegurança e a ansiedade da presidente marcaram a afoiteza com que ela rasgou a colaboração que pediu à Petrobrás para a nota do palácio ao jornal. Rasgou por discordar do que dizia a empresa. Por isso, Dilma se encarregou ela própria de redigir o texto.
Nem se fale de outro comportamento que se confirmou naquele impulso: apenas ela, a presidente, sabe fazer as coisas. No entanto, tinha diante de si, para colaborar, três funcionários que atendem por ministro e que ela convocou: o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante; o secretário de comunicação, Thomas Traumann; e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
Como dizíamos, três fatos colaboraram para o desgaste de Dilma, além da revelação de Pasadena em si. A redação da nota ao jornal foi um. Outro, a discordância de Lula quanto ao impulso com que a sucessora se dedicou à resposta, sequer o ouviu antes. O terceiro, a divergência entre a versão da Petrobrás e aquela adotada pela presidente.
Há também vulnerabilidade diante de aliados e oposicionistas nos pós-Pasadena. O apoio dos aliados se torna mais caro embora Dilma lidere as pesquisas. A oposição se fortalece para atacar candidata por falta de qualidade de gestão. O PT perde a desenvoltura no uso daquela bandeira em que acusa o PSDB de desejar vender empresas públicas, como a Petrobrás.
Mas os tucanos se dividem. FHC acusava o presidenciável Aécio Neves de passividade. Agora, Aécio vai ao ataque e defende a CPI para investigar a Petrobrás. É a investigação que todos estão realizando, desde a Polícia Federal ao Tribunal de Contas da União, passando pelo Ministério Público. Mas FHC considera o momento eleitoral desfavorável à ação parlamentar.