O agronegócio e sua influência pela destruição do meio ambiente
02 outubro 2024 às 14h00
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Nos últimos anos, a Amazônia tem enfrentado um ataque silencioso e devastador, que não é apenas resultado de práticas agrícolas irresponsáveis, mas também da interferência política que perpetua esse ciclo de destruição. As prefeituras de 22 municípios que não aderiram ao programa do governo federal voltado para a redução do desmatamento revelam um quadro alarmante: 14 desses municípios são liderados por prefeitos que, em sua maioria, são fazendeiros. Essa realidade é uma combinação tóxica de interesses pessoais e uma política ambiental insuficiente, onde o agronegócio, impulsionado por práticas capitalistas, têm prioridade sobre a proteção do meio ambiente.
Lançado em abril de 2024 pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o programa “União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia” destina R$ 730 milhões para combater o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável. Porém, a adesão ao programa é opcional e muitos prefeitos das quais as fazendas são grandes responsáveis pelo desmatamento, simplesmente ignoram essa oportunidade. Trágico e paradoxal em que aqueles que deveriam estar na linha de frente da preservação da floresta frequentemente se colocam como obstáculos.
A plataforma Mapbiomas revela que, entre 1985 e 2022, a área ocupada por pastagens na Amazônia cresceu de 13,7 milhões para 57,7 milhões de hectares. Este crescimento não é meramente um resultado da demanda por alimentos, mas sim uma consequência direta de uma política que prioriza o lucro imediato em detrimento do futuro do nosso planeta. Prefeitos como Celso Padovani, de Marcelândia, que possuem rebanhos significativos, não apenas falham em aderir ao programa de proteção, mas também perpetuam uma cultura que valoriza a expansão das pastagens a qualquer custo.
O desmatamento não é apenas uma questão de perda de biodiversidade, suas consequências se estendem à saúde pública. Neste período de queimadas, o ar se torna carregado de fumaça e essa poluição impacta diretamente a população. Problemas respiratórios e outras complicações de saúde têm aumentado em regiões que dependem do agronegócio, pois as fumaças das queimadas se espalham por vastas áreas. O que deveria ser um período de conscientização ambiental se transforma em um ciclo de sofrimento humano.
É de extrema importância que as autoridades compreendam que o agronegócio, quando mal intencionado, se transforma em um veneno para a sociedade. A busca desenfreada por lucro tem levado ao esgotamento dos recursos naturais e à degradação do meio ambiente, que é nossa única casa. O interesse por ultra produção, sustentado por um sistema capitalista que valoriza o imediato sobre o duradouro, nos leva à autodestruição. A agricultura pode ser sustentável, mas para isso precisamos de líderes que coloquem a preservação da floresta acima de seus interesses pessoais.
A resposta de algumas prefeituras que se recusaram a participar do programa — defendendo falta de equipe técnica — é no mínimo preocupante. Quando o apoio financeiro e técnico do governo federal é ignorado, isso demonstra não apenas uma falta de compromisso com a proteção ambiental, mas também uma apatia em relação ao bem-estar de suas comunidades. O que essas administrações não percebem é que, sem um ecossistema saudável, os cidadãos vão enfrentar as consequências diretas de suas decisões: a fumaça no ar e os problemas respiratórios associados.
Além disso, a não participação de líderes que representam o agronegócio de programas de proteção ambiental levanta a questão de como essas políticas são formuladas e implementadas. Se aqueles que ocupam cargos de decisão são os próprios interessados no desmatamento, a probabilidade de uma ação eficaz contra a degradação ambiental torna-se praticamente nula. A falta de diálogo entre os setores e a má gestão dos recursos públicos agravam ainda mais essa situação.
É urgente que a sociedade se mobilize e exija uma postura mais responsável de seus líderes. As prefeituras não podem continuar a se proteger de maneira autoritária administrativa enquanto a Amazônia arde e a saúde pública acaba. O momento exige ação e compromisso.
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