A recuperação de territórios dominados por organizações criminosas e a integração de novas práticas no sistema de segurança fazem parte das estratégias do Ministério da Justiça para enfrentar o crime organizado e promover a reestruturação da segurança pública no Brasil. As mudanças foram anunciadas pelo Secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mario Sarrubbo.

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Sarrubbo informou que o plano inclui a criação de centros de cidadania nas áreas recuperadas pelas forças de segurança, com o objetivo de garantir um suporte contínuo e de longo prazo após a intervenção. Ele destacou que o trabalho de inteligência e a colaboração entre diferentes esferas de governo será fundamental para enfrentar o crime organizado, que se adapta rapidamente às novas tecnologias. 

“Estamos desenvolvendo um modelo que contempla a retomada territorial e a implementação de projetos de longo prazo para a reintegração dessas áreas. O crime organizado opera em um ambiente globalizado e precisa de uma resposta estratégica igualmente sofisticada”, afirmou em entrevista a Valor Econômico.

Entre as medidas anunciadas pelo secretário há a proposta de uma nova “Lei Antimáfia”, que está sendo elaborada para fortalecer o controle e a transparência no combate ao crime organizado. Vale ressaltar que já foi comprovado que organizações criminosas da Europa, como a temida ‘Ndrangheta, máfia calabresa, uma das mais violentas do mundo, já se instalaram no Brasil e possuem negócios com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). 

A legislação incluirá ainda a polêmica utilização de câmeras corporais por parte dos policiais – duramente criticada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado -, além de investimentos em equipamentos de segurança. Sarrubbo também abordou a questão da segurança nas fronteiras e portos, que são considerados pontos críticos para o tráfico de drogas e outras atividades ilegais. 

O Plano Amazônia, um projeto que visa reforçar a presença das forças de segurança na região, receberá investimentos significativos para combater a mineração ilegal e outras formas de criminalidade. O Secretário também manifestou preocupação com a saúde mental dos policiais, cuja taxa de suicídio é alta, e destacou a importância de treinamentos adequados e suporte psicológico. 

“É crucial proporcionar aos policiais o apoio necessário para que possam desempenhar suas funções com eficácia e segurança. A cooperação entre o governo, as autoridades locais e a comunidade é essencial para o sucesso das novas políticas de segurança pública”, enfatizou.

As medidas anunciadas por Sarrubbo visam não apenas a repressão imediata ao crime, mas também a construção de uma infraestrutura sólida para a prevenção e combate às atividades criminosas, com um enfoque em longo prazo e na integração das diversas áreas envolvidas.