Dados do Censo IBGE de 2022 revelam uma realidade alarmante para crianças de Goiás: 111.594 crianças com menos de 10 anos de idade não possuem acesso à rede geral de abastecimento de água. A situação, que envolve 53.139 crianças entre 0 a 4 anos e 58.455 entre 5 a 9 anos, evidencia um problema grave de infraestrutura e saneamento básico que afeta diretamente a saúde e o bem-estar de uma parte significativa da população infantil do estado.

A ausência de ligação à rede geral de água se torna ainda mais preocupante quando considerada a dependência de formas alternativas de abastecimento, como poços profundos ou artesianos, que atendem 29.374 crianças de 0 a 4 anos e 32.219 de 5 a 9 anos. Embora representem uma solução temporária, o uso dessas fontes é muitas vezes insustentável e pode implicar riscos de contaminação, além de não atender adequadamente à demanda crescente de uma população em expansão.

Outras crianças, 17.311 entre 0 a 4 anos, e 19.120 entre 5 a 9 anos, dependem de poços rasos, freáticos ou cacimbas, que estão ainda mais vulneráveis à contaminação por esgoto e produtos químicos. Esse tipo de abastecimento é comum em áreas rurais, mas também em periferias urbanas, onde a falta de infraestrutura pública agrava ainda mais a vulnerabilidade das famílias.

Em comunidades mais isoladas, o acesso à água é ainda mais crítico. O Censo aponta que 4.084 crianças de 0 a 4 anos e 4.629 de 5 a 9 anos dependem de fontes, nascentes ou minas, fontes naturais que, apesar de essenciais para muitas localidades, estão sujeitas a secas, poluição e redução de vazão devido às mudanças climáticas e desmatamento.

A situação é ainda mais dramática para algumas crianças que vivem em regiões extremamente desassistidas. Para 294 crianças de 0 a 4 anos e 280 entre 5 e 9 anos, a única forma de obter água é por meio de carro-pipa, um serviço temporário que nem sempre atende de maneira regular as necessidades básicas das famílias, especialmente em períodos de seca ou de crise hídrica.

Algumas famílias adotam métodos ainda mais precários de coleta de água. Entre elas, 46 crianças de 0 a 4 anos e o mesmo número de 5 a 9 anos têm como única fonte de abastecimento a água da chuva armazenada, uma prática que, embora útil em momentos emergenciais, não é suficiente para garantir um fornecimento constante e seguro de água potável.

Para 1.108 crianças de 0 a 4 anos e 1.260 de 5 a 9 anos, a realidade de abastecimento de água envolve o uso de rios, açudes, córregos, lagos e igarapés. Essas fontes estão particularmente sujeitas à poluição e à variação no volume de água, tornando-se insuficientes ou impróprias para o consumo humano em diversas épocas do ano.

Além dessas formas, outras 922 crianças de 0 a 4 anos e 901 de 5 a 9 anos estão registradas na categoria “outra”, que engloba diversas soluções improvisadas de captação de água, muitas das quais não atendem aos padrões mínimos de qualidade para o consumo seguro.

Confira os dados do Censo do IBGE de 2022

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