Líder evangélico explica que o católico Marconi Perillo recebeu apoio da igreja por ser “defensor da família”
16 julho 2014 às 14h52
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Número um da Assembleia de Deus no país disse que o peessedebista é o candidato oficial para o pleito ao governo estadual, apesar de Iris e Vanderlan serem evangélicos
Os principais candidatos ao Palácio das Esmeraldas cumpriram agenda em Ceres no último fim de semana durante a Convenção Estadual dos Ministérios Evangélicos das Assembleias de Deus no Estado (Conemad). Passaram por lá Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PSB), ambos evangélicos, e o governador Marconi Perillo (PSDB), católico.
Vanderlan tem o Partido Social Cristão (PSC) como aliado. Na chapa peemedebista, o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) é candidato ao Senado. Seu suplente é o evangélico Luiz Carlos do Carmo (PMDB), deputado estadual, irmão de Oídes José Carmo, presidente da Conemad em Goiás, e um dos mais influentes do segmento.
Apesar disso, não foi Iris nem Vanderlan que ouviram do bispo Manoel Ferreira o apoio aos seus projetos político, mas sim o tucano, que concorre à reeleição. Ele é presidente do Conselho Nacional dos Pastores do Brasil (CNPB) e das Assembleias de Deus do Brasil –– Ministério Madureira. O maior líder evangélico do país afirmou que o governador é o “candidato oficial” da igreja. E mesmo assim, não abre mão do apoio a Caiado para senador, pois, na opinião dele, ambos “defendem a família”.
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Diante do panorama, como explicar a preferência dos evangélicos a um candidato católico? Porque Manoel, nascido em Arapiraca, a principal cidade do interior de Alagoas, defendeu a seus fiéis que Marconi é o melhor caminho para o Estado?
Oídes presidiu a Conemad em Ceres e disse em entrevista ao Jornal Opção Online que a declaração de apoio do líder nacional foi espontânea, mas ressaltou que o segmento evangélico é bastante segmentado. “O fato de pessoalmente eu declarar apoio ao Marconi, Iris ou Vanderlan não quer dizer que todo mundo caminha nessa direção”, avaliou, complementando que nem o bispo Manoel pensa da mesma forma. E considerou que isso é um direito legítimo dele e de qualquer outro religioso.
Oídes , inclusive, citou o comentário feito na rede social Twitter pelo procurador da República e coordenador do Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), Hélio Telho. Ele questionou no microblog se “seria pedir muito que tornassem públicos os termos desse acordo político”. “Divulgar um termo que não existe? Não tem termo algum”, alegou Oídes. O líder religioso destacou que todos os candidatos que visitaram o evento foram bem tratados. No entanto, Manoel não estava presente nas visitas de Iris e Vanderlan.
“Ele apoia o Marconi de graça. Sempre foram íntimos”, explicou Oídes sobre o apoio, listando que não é possível mensurar o número de pastores que apoiam a reeleição do atual governador. Para ele, o tempo vai dizer como será a repercussão desse posicionamento. “Quando Manoel sinaliza a posição dele, muitos acompanham. Mas quem não quiser, não acompanha. E qual vai ser a consequência disso? Nenhuma.”
Também presidente da Assembleia de Deus – Ministério Campinas, Oídes preferiu não citar qual o político prefere apoiar. “Meu presidente já fez a posição e quando o presidente nacional vem e faz [sua escolha]… Eu vou dar opinião contrária a dele? Não sou doido”, falou.
O fato de Marconi ser católico e receber ajuda de outro grupo religioso é fato normal para ele, já que Iris foi eleito como prefeito e governador com votos da Igreja Católica. Por isso, há aqueles que apoiam Vanderlan e Iris, da mesma forma. “Todos vão fazer um trabalho. Quem conseguir o eleitorado, leva.” O pastor foi enfático ao observar que todos os eleitores escolhem o político pela pessoa e não pela legenda. “Se existe uma instituição hoje que ninguém acredita é partido político”, pontuou.
O pastor listou que a candidatura de Marconi não representa necessariamente os católicos. Assim como a de Vanderlan não corresponde ao do setor evangélico. “Quando o nosso segmento constrói um projeto político, tudo bem. Mas o dele é o de um cidadão, empresário, homem que por acaso é evangélico”, constatou.
Em um plano geral, concluiu que até o momento a campanha só está começando e que a polarização entre PMDB e PSDB se molda novamente, com Vanderlan “correndo por fora”. Porém, acredita que as eleições para deputados estaduais e federais são diferentes: somente vão receber votos do segmento o candidato que o representar, lembrando que os eleitores não aceitam baixaria na campanha.