Peritos apontam que houve mudanças significativas e falta de acompanhamento de engenheiros na manutenção da represa

Barragem rompe em Pontalina | Foto: Reprodução

Laudo elaborado pela Polícia Científica do Estado de Goiás e apresentado na manhã desta sexta-feira, 10, aponta que houve  negligência por parte dos proprietários e operadores da barragem que rompeu em Pontalina. O dono da barragem já foi multado em R$ 100 mil.

A conclusão do laudo aponta que além de forte chuva, considerada com volume raro para a região, houve ausência típicas de projetos de engenharia, como drenos superficiais, canalizações e tapetes de drenagem. Além de alterações substanciais na obra, o que contribuiu para o rompimento da barragem.

Um dos principais pontos sensíveis foi a alteração do sistema de comporta da barragem. Os peritos constataram que no local em que deveria haver comportas, apresentado no projeto inicial com um sistema de tábuas, havia paredes de alvenaria e concreto e sacos com terra, fixando o sistema. O que levava à inoperância da barragem. Sendo impossível, assim, controlar o nível de água.

Falta de manutenção

Os levantamentos mostram que não houve acompanhamento de engenheiros habilitados para execução da obra e das alterações realizadas na barragem. Não havia ainda, junto ao Crea-GO, no projeto de execução da obra, os projetos de fundação e terraplenagem.

Além disso, o laudo aponta que não foram realizada as manutenções básicas necessárias nos equipamentos da barragem, sobretudo na descarga de sifão, que faz a coleta de água da barragem e a devolve para o curso de água, controlando os níveis da barragem de forma permanente.

“Não existia este funcionamento. O equipamento não estava trabalhando, foi abandonado. Não houve reposição do equipamento há alguns anos”, aponta o perito criminal Tarcízio Valentim, que elaborou o laudo.

Outro fato apontado pelos peritos é a presença de vegetação de grande porte a jusante e montante da barragem, o que afeta a resistência da barragem e pode ter contribuído para a ruína dela.

“Houve negligência por parte do proprietário. Não havia manutenção básica naquela represa. Ela supria a irrigação da agricultura da fazenda, mas não foram executadas práticas básicas de segurança para garantir uma estabilidade básica da barragem”, finaliza Tarcízio.

A barragem da Fazenda São Lourenço das Guarirobas rompeu no último dia 4 e chegou a deslocar 218 milhões de litros de água, causando estragos diversos. Uma casa foi totalmente destruída.