Magistrada reconhece que, após o cumprimento dos mandados judiciais, não haveria mais necessidade de imposição de sigilo

Padre Robson | Foto: Divulgação / Divino Pai Eterno

A Justiça goiana retirou o sigilo das investigações do caso da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), instituição gerida pelo padre Robson de Oliveria. A decisão da juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, diz que se trata de um caso de interesse público.

A magistrada também reconhece que após o cumprimento dos mandados judiciais, na última sexta-feira, 21, durante a Operação Vendilhões, não haveria mais necessidade de imposição de sigilo para o bem do trabalho investigativo.

Placidina Pires entende que a preservação da intimidade e imagem do padre Robson não é justificada por se tratar de uma autoridade religiosa. Além disso, o Ministério Público afirmou que não há nos autos nada a respeito da intimidade ou da vida privada dos investigados.

“A imposição de sigilo ao presente feito em vez de preservar a intimidade da supracitada autoridade, pessoa de grande influência no meio religioso, fomentaria ainda mais a curiosidade das pessoas, até mesmo eventuais maledicências, sem, ao menos, possibilitar ao pároco qualquer defesa ou explicação perante a comunidade”, explica.

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Segunda a juíza, nem a defesa da intimidade dos investigados ou interesse social demandam a imposição de sigilo, “especialmente considerando que as associações religiosas investigadas, sabidamente sobrevivem de doações de fiéis e que, portanto, devem prestar contas públicas da destinação dada às suas arrecadações”.

A juíza destaca que, “nos termos preconizados pela Constituição Federal,  deve prevalecer o interesse público à informação ao direito à preservação da intimidade dos investigados, que, na hipótese, ressalto que não terão revelados aspectos da sua vida íntima ou privada, apenas as informações relacionadas aos fatos em apuração”.

O Caso

O padre Robson e a Associação Filhos do Pai Eterno foram alvos da Operação Vendilhões deflagrada na última sexta-feira, 21, em decorrência de investigações do Ministério Público de possíveis irregularidades em transações monetárias entre a entidade e outras empresas.

O Ministério Público encontrou, após receber os autos do caso de extorsão que padre Robson sofrera em 2019, constatou diversas transações financeiras suspeitas entre a Associação e empresas de Trindade. Em várias dessas transações, houve “evidentes prejuízos suportado pela associação”.

Os advogados do padre afirma que as transações levantadas pelo Ministério Público foram contabilizadas e estão dentro da legalidade. As movimentações financeira teriam sido realizadas para manter o capital da Associação.