Pagamento não estaria no acordo de delação porque, segundo o dono da JBS, acreditava que não se tratava de crime

Foto: Beto Barata/Agência Senado

O empresário Joesley Batista, um dos do donos do grupo JBS, e o executivo da empresa Ricardo Saud afirmaram em depoimento à Polícia Federal na última segunda-feira (11/9) que pagaram propina ao senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, inclusive com a entrega de uma mala de dinheiro de R$ 500 mil.

Os dois empresários foram transferidos na última segunda-feira para Brasília, após determinação de prisão temporária pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Joesley disse também que seus maiores interlocutores sobre tudo o que acontecia com a empresa, dona da JBS, no âmbito da Operação Lava Jato nos últimos três anos foram Ciro Nogueira, o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Saud afirma que os delatores tentaram gravar a entrega de dinheiro ao senador do PP do Piauí na casa de Joesley. Ciro teria colocando a mala no porta-malas de um carro dirigido por seu motorista, mas ele estacionou em um local onde a câmera de segurança da casa não capturou a cena.

Segundo o empresário, o dinheiro em espécie foi entregue na casa de Ciro Nogueira e eram a primeira parte de um pagamento de R$ 8 milhões para o PP ajudar a então presidente, Dilma Rousseff, na votação contra o impeachment.

O delator afirma que o pagamento foi feito após Gilles Azevedo, ex-assessor de Dilma, lhe pedir para falar com o senador um dia após a saída oficial do PMDB do governo, aprovada por aclamação em março de 2016. Segundo ele, Ciro prometeu que ajudaria, inclusive com o PR, em troca dos R$ 8 milhões.

Joesley diz que não relatou esse pagamento na delação porque “a entrega de dinheiro não teve a ver com ato de ofício no governo, mas como membro do partido, para mudar de posição” e acreditava que não se tratava de crime.

O empresário afirmou que o dinheiro foi para adiar a decisão do PP sobre o impeachment, para dar uma chance à então presidente, mas a situação se deteriorou, Dilma sofreu o impeachment e as demais parcelas dos R$ 8 milhões não foram pagas “por razões diversas”.

Procurados, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o Partido Progressista não se manifestaram até o momento.