JBS fez pagamentos ‘milionários’ a suspeito de vender sentenças, diz revista
09 novembro 2024 às 11h07
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A Polícia Federal (PF) identificou “pagamentos milionários” da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Bastista, para o advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel. Rodrigo é filho do desembargador Sideni Pimentel e é suspeito de envolvimento em esquema de venda de sentenças no Mato Grosso do Sul.
De acordo com a revista Piauí, Rodrigo teria recebido R$ 21 milhões da JBS em nove meses, entre 2022 e 2023. A empresa dos irmãos Batista tem sócios no Estado. Além de serem donos de frigoríficos, a JBS disputa com a Paper Excellence o controle da Eldorado Celulose, sediada em Três Lagoas.
“Considerando que: 1) a JBS já esteve envolvida em esquema de corrupção conhecido nacionalmente, inclusive com pagamentos para autoridades de Mato Grosso do Sul, 2) os altos valores das citadas transferências para o escritório de Rodrigo Pimentel em curto período e 3) as suspeitas de envolvimento dele em esquema criminoso, o prosseguimento das investigações poderá esclarecer se há algum crime relacionado a tais pagamentos milionários“, escreveu o delegado da PF Marcos André Araújo Damato.
Em nota à imprensa, a assessoria da JBS negou relação entre o dinheiro e corrupção. “O escritório Pimentel & Mochi Advogados Associados já atuou em diversas ações da empresa relacionadas a inúmeros temas e recebeu honorários por isso, como qualquer outro escritório que atue em defesa da JBS”, diz a nota.
Uma empresa de Rodrigo Pimentel recebeu R$ 275 mil da advogada Emmanuelle Silva, presa em julho de 2018, acusada de ter praticado estelionato contra o engenheiro aposentado Salvador José Monteiro de Barros. A transferência aconteceu após a advogada ter recebido R$ 5,5 milhões de um golpe revelado pela Polícia Civil.
O juiz Paulo Afonso de Oliveira e o desembargador Júlio Roberto Siqueira Cardoso são suspeitos de envolvimento nos crimes. Eles teriam ignorado indícios de fraudes.
“As atuações de tais magistrados [Paulo Oliveira e Júlio Cardoso] nos citados processos são, a nosso ver, tão absurdas que dificilmente se trataram de erros, mas sim de atuações conscientes de que estavam participando de um estelionato de mais de 5 milhões de reais”, escreveu o delegado.
Emanuelle, por sua vez, negou envolvimento em suborno. Ela transferiu R$ 1,5 milhão para uma conta em nome de João Santos controlada por ela; 1,1 milhão para o marido, o juiz Aldo Ferreira, amigo de Paulo Oliveira; e outros 105 mil reais para o advogado Fábio Castro Leandro, filho do desembargador Paschoal Carmello Leandro.
Policiais encontraram R$ 2,7 milhões em espécie na casa de Júlio Cardoso.
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