Influenciadora que xingou filha de Bruno Gagliasso de ‘macaca’ é condenada pela Justiça
23 agosto 2024 às 17h30
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A Justiça do Rio de Janeiro condenou a influenciadora Day McCarthy por xingar a filha do ator Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank de “macaca”. A influenciadora deferiu ofensas contra Titi Ewbank Gagliasso em vídeos publicados nas redes sociais em 2017. Os pais da menina só conseguiram fazer a denúncia quatro anos depois, em 2021.
A influenciadora foi condenada a oito anos e nove meses de prisão em regime fechado. A prisão pode ser convertida em serviços comunitários. Day recorreu da decisão na esfera cível, mas foi denunciada criminalmente pelo Ministério Público pelo crime de racismo.
Day terá que pagar R$ 180 mil pelas ofensas, segundo sentença de indenização assinada pelo juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves, da 32ª Vara Cível do Rio. O advogado da família Gagliasso, no entanto, afirma que o valor passará de R$ 500 mil por conta de juros e correção monetária. A influenciadora foi condenada sem se defender perante o juiz.
Nesta sexta-feira, Giovanna e Bruno publicaram uma carta aberta para comunicar o desfecho do caso.
Leia o pronunciamento na íntegra:
“Hoje a gente vem celebrar uma vitória contra o racismo. E sabemos que, infelizmente, esta vitória acontece por termos visibilidade e brancos e, portanto, mais ouvidos que a população negra que, desde que foi sequestrada para este país, não para de gritar e sangrar. Nunca é tarde, mas ainda é tarde.
Quando nossa filha Chissomo tinha apenas quatro anos, em 2017, foi alvo pela primeira vez do racismo. Títi, como vocês conhecem, nem sabia que poderia ser vítima assim como ocorre com toda criança preta. O crime veio de uma mulher eugenista, que encontrou na internet o ambiente perfeito para proferir violências hediondas –aqui, às vezes o mundo parece retroceder com ataques às minorias crescendo de modo desmesurado. Demos voz aos idiotas?
Mesmo com todos os nossos privilégios, o caminho foi longo: apenas em maio de 2021 conseguimos oferecer uma denúncia. E somente na última quarta-feira, dia 21 de agosto de 2024, sete anos depois, a Justiça Federal do Rio de Janeiro proferiu uma decisão inédita condenando a autora dos crimes por injúria racial e racismo. A pena? 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado.
Essa á primeira vez que, em reposta ao racismo, o Brasil condena uma pessoa a prisão em regime fechado. Sim, estamos em 2024 e essa ainda é a primeira vez. Apesar de tardio, é histórico. O direito criminal diz que pouco pode ser feito pela reversão da pena, no máximo sua redução. E assim esperamos e seguiremos confiantes na justiça, pois há anos estamos lutando por entendermos que esta vitória não é nossa, mas da nossa filha, coletiva e de toda uma comunidade.
Seguimos confiantes na atuação consistente do judiciário para assegurar que crimes de racismo sejam devidamente reconhecidos e punidos – enaltecemos também a Procuradoria da República do Rio de Janeiro pela atuação firme e combativa. E somos gratos à advogada Juliana Souza e sua equipe que nunca nos deixou esmorecer.
Como pais, estamos emocionados e agradecemos: a comoção pública foi fundamental para este avanço. Não temos mais nada a declarar, mas seguiremos vigilantes porque o racismo está longe de acabar“.
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