Imprensa
Ao contrário do que “O Popular” (coluna “Giro”) publicou, Henrique Meirelles não está nada disposto a disputar o governo de Goiás, em 2018 ou em qualquer outra eleição. O jornal não sabe, mas Henrique Meirelles é filiado do PSD de São Paulo, quase foi candidato a senador este ano, e não pretende transferir o título de eleitor para Goiás. “Quem plantou a nota em ‘O Popular’ possivelmente não conversa com Henrique Meirelles há pelo menos quatro anos”, diz um amigo e aliado. “Ademais”, acrescenta o aliado, “quem conhece Meirelles sabe muito bem que se trata de um homem frio e que dificilmente deixa transparecer, na face, nos olhos, seus sentimentos. Trata-se de um executivo altamente sofisticado e treinado nas melhores ‘escolas’ financeiras dos Estados Unidos”. O Popular disse que os olhos de Meirelles brilham alguém diz que pode disputar o governo de Goiás.
Iúri Rincon Godinho
Especial para o Jornal Opção
[A Forever 21 de um shopping de Brasília está sempre cheia. Foto de Adriana Godinho]
Como todo marido de boa índole e paciência elefântica, sou uma das milhares de pessoas que deixaram horas de suas vida na Forever 21, loja que é a primeira concorrência de peso que o shopping Flamboyant enfrentará desde sua abertura nos longínquos anos 80.
Em 30 anos nunca o Flamboyant conheceu uma loja âncora de grande apelo que não estivesse em seus cada vez mais vastos domínios. Mas a história acabará na inauguração da filial de 1.100 metros quadrados da Forever no Passeio das Águas, ainda sem data confirmada. Quem já foi a uma das 500 filiais da marca, principalmente nos Estados Unidos, sabe que ela é a delícia das mulheres e o purgatório dos homens. Reúne preços baixos, roupa bonita e um mix variado de produtos. Chegou em março ao Brasil, no shopping Morumbi, depois Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e Brasília. Em todas, filas na porta, reunindo dois tipos de público: mulheres que conhecem a companhia nos Estados Unidos (onde nasceu, em Los Angeles) e as que ouviram a propaganda das amigas encantadas.
Um mês depois de aberta no Morumbi, quem conseguia entrar na parte da tarde já encontrava as araras vazias. Isso no meio de semana. Regatas básicas eram vendidas a R$ 8,90, calças jeans a R$ 35, vestidos a R$ 44,90 e saias a R$ 21,90. O mesmo aconteceu em Brasília. No último final de semana clientes reclamavam que os preços estavam caros na capital federal. Nada disso. Simplesmente as peças de preço mais baixo acabaram e a reposição de estoque, pela voracidade das brasileiras, podia enfrentar problemas de momento, como aconteceu na capital paulista.
Loja cheia não é novidade para quem conhece a Forever 21. No templo do consumo da 5ª Avenida, em Nova York, tem cinco andares e é lotada. Esperar faz parte, até porque muitas mulheres pedem aos maridos, namorados ou acompanhantes que se encaminhem à fila do caixa e avisem por celular ou mensagem a hora de pagar.
Muitas compradoras com as quais conversei, na semana passada em Brasília, e que já tinham passado antes pela loja, se diziam impressionadas de como no Brasil se conseguia praticar os mesmos baixos do exterior, principalmente por causa da carga tributária. O que me transportou a um almoço em Las Vegas, durante a mega feira de tecnologia Comdex, nos anos 90. Nele o presidente da Xerox na época contava a um pequeno grupo de jornalistas que a empresa enfrentava problemas no Brasil por causa dos tributos, que ele definia como “killer tax”. E rindo completava que a vantagem, que ele não entendia, era que aqui pagava imposto quem bem entendesse.
A Forever criou uma mística em torno dos preços baixos. O fundador da companhia, o imigrante sul-coreano Do Won Chang, gosta de dizer que não autoriza gastos astronômicos. Não permite que seus executivos viajem em primeira classe e nem se hospedem em hotéis de alto luxo. A propaganda não contrata celebridades mundiais e a publicidade se apoia muito no boca a boca. Chang veio ao Brasil para a inauguração em São Paulo, cortou a fita inaugural e fugiu da badalação e das entrevistas. Voou para o Chile, onde inaugurou mais uma filial. Deixou para trás duas mil pessoas na fila do Shopping Morumbi — três horas de espera. Em março, quando abriu essa primeira loja no Brasil, apenas 11 pessoas trabalhavam no escritório discreto da multinacional e o presidente no Brasil era um uruguaio desconhecido no varejo nacional.
Apesar de que muitos não concordam, Goiânia é cosmopolita. Viajar para o exterior ficou fácil, parcelado e não raro mais barato do que no Brasil. O público da Forever 21 na capital é grande e formador de opinião. A marca tem mais charme do que, por exemplo, Renner e C&A. O Passeio das Águas é grande, bonito, não cobra estacionamento e reuniu muito rápido uma boa área de alimentação. Enquanto a Forever 21 for novidade e tiver estoque e bons preços, será a loja feminina de referência no Estado. Mesmo antes da primeira tripa de papel sair da maquininha de cartão de crédito.
Iúri Rincon Godinho é publisher da Contato Comunicação, escritor e pesquisador da história de Goiás.
Gustavo Nunes Garcia, de 27 anos, filho do jornalista da Globo Alexandre Garcia foi achado morto no apartamento no qual vivia com a mãe, em Brasília, no domingo, 23. A família e a polícia não divulgaram a causa da morte.
A notícia foi divulgada pelo UOL, mas sites de notícias sobre imprensa e jornalistas, como o Portal Imprensa e o Portal dos Jornalistas, nada divulgaram. O Comunique-se publicou, inclusive apresentando a possibilidade de suicídio.
O portal de O Globo e o G1 não deram a informação.

Alcides Villaça e José Castello destacam as qualidades do novo romance do escritor brasileiro. Alcir Pécora e Marcelo Coelho exibem certas inconsistências da arquitetura literária do trabalho

[caption id="attachment_21474" align="alignleft" width="620"] Chico Buarque de Holanda e Sergio Günther, seu irmão alemão: a imaginação reconstruiu” a história do misterioso filho de Sérgio Buarque de Holanda. O jornalista e cantor morreu de câncer no pulmão[/caption]
Poucas vezes um livro — o romance “O Irmão Alemão” (Companhia das Letras, 239 páginas) — mereceu tanto destaque na imprensa brasileira. Os motivos? Primeiro, o autor. Chico Buarque é, além de escritor, um dos mais importantes compositores do País. É uma estrela, embora não queira ser uma celebridade. Segundo, na atualidade, não há tantos autores de qualidade, ou de alta qualidade, no mercado literário patropi.
A “Folha de S. Paulo” concedeu três páginas ao lançamento do romance, com reportagens e duas críticas de qualidade, curtas mas sólidas, de Alcir Pécora e Marcelo Coelho. O jornal é responsável, de longe, pela mais rica cobertura da publicação de “O Irmão Alemão”. Logo a “Folha”, que empobreceu sua cobertura literária. A “Ilustrada”, aos sábados abre mais espaço para literatura, é em geral fraca, exceto quando publica as críticas mais contundentes de Alcir Pécora e Luís Augusto Fischer. As críticas dos professores da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade do Rio Grande do Sul são consistentes, corajosas e posicionadas. Não ficam em cima do muro — o que tem provocado reações acerbas, às vezes infantis, de alguns criticados.
“O Irmão Alemão” é um romance, não uma biografia, sobre o irmão mais velho de Chico Buarque de Holanda, Sergio Georg Ernst (mais conhecido como Sergio Günther), nascido em 1930 e falecido em 1981, aos 50 anos, em decorrência de câncer de pulmão. Ele era jornalista e, como alguns integrantes da família Buarque, cantor. O jornalista, escritor e biógrafo Ruy Castro ouviu sua música, a pedido da “Folha”, e disse que “é uma boa droga, típica do pior pop europeu por volta de 1960”.
Correspondente de “O Jornal” (de Assis Chateaubriand) na Alemanha pré-Hitler, Sérgio Buarque namorou a alemã Anne Margerithe Ernst e, com ela, teve o garoto Sergio Ernst, que não conheceu. O celebrado autor do clássico “Raízes do Brasil” voltou para seu País, escreveu críticas literárias e se tornou um de seus mais importantes historiadores. Chegou a receber uma carta de Anne Ernst sobre o nascimento de seu filho, mas os jovens, na turbulenta década de 1930, perderam contato.
Possivelmente por não ter condições de criar o garoto, Anne Ernst entregou-o para a Prefeitura de Berlim, que decidiu informar Sérgio Buarque, em 1932. O historiador comunicou que poderia criar o menino ou poderia sustentá-lo em Berlim. Sem receber resposta, o brasileiro continuou tocando sua vida, até que, em 1934, com Hitler no poder, recebeu mais uma carta de uma autoridade alemã.
O casal Arthur e Pauline Günther pretendia adotar Sergio Ernst, mas, como a Alemanha estava controlada pelo nazismo, o governo pedia informações sobre a origem do pai, Sérgio Buarque. Queriam saber, lógico, se o brasileiro era ou não de origem judaica. Se era ariano. A documentação foi enviada e, aí, esqueceu-se do assunto por um longo tempo.
Em 1967, numa conversa informal, o poeta Manuel Bandeira disse a Chico Buarque que ele tinha um irmão alemão. Desde então, o compositor (e, vá lá, cantor) e escritor ficou matutando sobre a história. Queria saber mais, juntar as pontas e descobrir quem era seu irmão mais velho. Decidiu reconstruir a história, para torná-la inteligível também para ele, por intermédio de um romance. Noutras palavras, decidiu escrever uma história ficcional sobre um assunto real, acabando por iluminar uma história real que, de tão confusa e complexa, era e é meio ficcional. Pode-se dizer que a realidade é a mina de ouro da literatura, porém é preciso escavá-la o mais fundo possível para torná-la ficcional. A imaginação recria a realidade, tornando-a mais luminosa, o que não é o mesmo que copiá-la ou imitá-la (mimese não é isto).
No caso do irmão de Chico Buarque, com uma história “curta”, sem dados para sustentar uma biografia precisa, a imaginação é o instrumento mais eficaz para criar uma lógica, ou uma história. O autor de “Estorvo” e “Leite Derramado” decidiu “revelar” quem é o irmão. Adotado, Sergio Ernst mudou de nome, passando a ser chamado de Horst Günther. Aos 22 anos, retomou o prenome inicial, Sergio, mas manteve o sobrenome, Günther.
Na década de 1950, o jornalista Sergio Günther se aventurou pelas artes, na televisão estatal da Alemanha Oriental, a Deutscher Fernsehfunk. Além de gravar discos, pois era cantor — “a voz dele era única, muito grave e sonora, e as pessoas reconheciam-na imediatamente, disse o radialista Siggi Trzoss à “Folha de S. Paulo” —, participou de programas de variedade. Era tido como mulherengo — casou-se quatro vezes e teve dois filhos. “Meu avô trabalhou para a TV, cantava muito bem e tinha carisma”, diz Josepha Prügel, neta de Sergio Günther e bisneta de Sérgio Buarque. O comunista Sergio Günther não assistiu a queda do muro de Berlim, em 1989. Morreu antes. As famílias Günther e Buarque de Holanda hoje estão próximas.
A partir de certo momento, Chico Buarque sentiu um certo bloqueio e não conseguia mais escrever o romance. Pediu apoio ao editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz. Este buscou a ajuda do historiador Sidney Chalhoub, que estava na Alemanha. Chalhoub pôs o historiador brasileiro João Klug e o museólogo alemão Dieter Lange no caminho de Chico Buarque e a história “cresceu”. Para romper o bloqueio em definitivo, Schwarcz sugeriu a leitura de “Austerlitz”, do escritor alemão W. G. Sebald. O brasileiro leu também “Paris — A Festa Continuou”, do jornalista Alan Riding.
“O Irmão Alemão” chega às livrarias com uma edição de 70 mil exemplares. No domingo, 16, estive na Livraria Cultura, a do shopping Casa Park, em Brasília, e os funcionários me disseram que era um dos livros mais procurados da semana. Mas ainda não estava exposto.
Se publicado na Alemanha, o livro certamente se tornará best seller e possivelmente será adaptado para o cinema, lá, aqui ou, quem sabe, em Hollywood.

[caption id="attachment_21471" align="alignleft" width="300"] Jornalista Paulo Francis | Foto: Reprodução/Livro Polemista Profissional[/caption]
Maristela Basso
Paulo Francis morreu em fevereiro de 1997, em Nova York, de um enfarte fulminante causado, em boa parte, pelo desgosto e sentimento de injustiça que corroeu sua alma e seu coração, e nos privou do cara mais chato e irremediavelmente brilhante e encantador que o Brasil já teve. Francis estava sob a enorme pressão resultante de um processo judicial ardilosamente proposto contra ele nos Estados Unidos por suposta calúnia contra a Petrobrás.
Pouco antes, no programa de TV a cabo do qual participava, o “Manhattan Connection”, transmitido pela GNT, à época, Paulo Francis sugeriu a privatização da Petrobrás e chamou atenção para o fato de que seus diretores desviavam dinheiro para contas na Suíça, e era preciso investigar. Contudo, Francis não tinha provas. Jornalistas geralmente não as têm. Suas fontes são, em geral, secretas. Elas dizem o que sabem, vivem e veem, e por temerem por suas vidas preferem ficar no anonimato. Nesses casos estamos diante das chamadas “provas diabólicas”: excessivamente difíceis de serem produzidas. A credibilidade de Francis e a solidez do programa deveriam ser suficientes para dar sustentação à denúncia e justificar a investigação no Brasil. O que não ocorreu, e tivemos que esperar até muito recentemente para que os mandos e desmandos da Petrobrás começassem a ser investigados.
Após a denúncia de Paulo Francis, os sete diretores da Petrobrás, liderados pelo então presidente, Joel Rennó, decidiram cobrar reparação judicial pelo suposto dano moral resultante da calúnia que alegaram ter sofrido e, para tanto, buscaram o Poder Judiciário dos Estados Unidos, conhecido pela receptividade desse tipo de ação e por fixar indenizações milionárias. Os diretores da estatal fizeram o que em Direito se chama de “forum shopping”, isto é, recorrer ao judiciário de um país cuja legislação é mais favorável e as decisões dos tribunais mais palatáveis ao caso que se pretende ver julgado.
E assim foi. A Justiça americana mandou Paulo Francis indenizar os diretores em 100 milhões de dólares, mais custas e honorários. Muitos brasileiros ilustres, em vão, bateram na porta do presidente Joel Rennó para que desistisse de cobrar de Francis — que não tinha os meios necessários. Francis, em seu calvário melancólico pós-sentença, começou por transferir sua dor moral para uma simples bursite e desta migrou, definitivamente, para uma bomba no seu coração. Lá se foi a figura agridoce mais extraordinária de todos os tempos e um “gentleman” como não se viu mais.
E como seguir agora sabendo que era tudo verdade? E, o pior: a roubalheira era muito maior e que não tão poucos por tanto tempo roubaram tudo que podiam.
Paulo Francis merece ter sua memória recomposta. Sem lhe fazer justiça estamos fadados e nos igualar aos seus algozes. É o mínimo que podemos fazer por ele. Para tanto, é preciso que seus herdeiros e sucessores voltem ao Poder Judiciário americano com uma ação de recuperação da imagem e erro judicial — frente às provas de que dispomos agora. É preciso responsabilizar a Justiça americana da morte de Francis, haja vista que nenhuma sentença pode ser proferida sabendo-se que o condenado não teria os meios de pagar — e que seu cumprimento o levaria à ruína. É preciso que a Justiça americana reconheça que foi usada como “forum shopping” por litigantes de má-fé que deveriam ter ingressado com a ação na Justiça da cidade do Rio de Janeiro, sede da Rede Globo de Televisão, responsável pelo programa “Manhattan Connection”, e local onde os diretores da Petrobrás viram e sentiram os efeitos e prejuízos (se houve) do que foi dito por Francis. A Rede Globo também pode tomar essa iniciativa, afinal de contas o programa era e é dela.
Errou a Justiça americana. Deixou-se usar à época. Mas os tempos mudaram lá e cá. Não há que se preocupar com a prescrição. Esta não atinge a nova demanda nos EUA por justiça a Francis. Fatos novos apareceram e com eles um mar de provas. Sem falar que crimes contra os direitos humanos não prescrevem e aqueles do colarinho branco abrem um corredor direto para a prisão nos Estados Unidos.
Entretanto, até que isso aconteça, fica a sugestão de buscarmos consolo em uma discreta risada (mesmo sem ninguém ver) em homenagem a Paulo Francis, pois ele tinha razão.
Maristela Basso é professora de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco). O artigo foi extraído do site www. http://justificando.com/
Daniel de Castro, do UOL, é um jornalista experiente, competente e sério. Deve ter boas fontes na Globo, pois consegue publicar reportagens (notas) exclusivas, muito raramente desmentidas. Porém, quando se trata dos jornalistas William Bonner, apresentador e editor-chefe do “Jornal Nacional”, e Patrícia Poeta, ex-apresentadora do “JN”, fica-se com a impressão de que não está traduzindo exatamente o que está acontecendo. Ou, então, está traduzindo à perfeição. O colunista relatou que Patrícia Poeta não está na grade de programação da TV Globo para 2015. Comenta-se, nos bastidores — Daniel de Castro estaria ecoando vozes internas da rede de televisão —, que nenhuma equipe estaria preparando o programa de variedade que a jornalista pretende apresentar no próximo ano. Porém, ao contrário do que disse o repórter, a Globo informou que está se preparando para produzir o programa que será apresentado por Patrícia Poeta. Talvez seja o caso de, ao menos provisoriamente, deixá-la em paz.
[caption id="attachment_21466" align="alignleft" width="222"] Diretor Orlando Loureiro[/caption]
Faça-se justiça. Demorou, os repórteres cometeram erros, mas o diretor Orlando Loureiro está conseguindo ajustar o telejornalismo da TV Anhanguera. As reportagens sobre lixo em Goiânia, mostrando que o problema não é apenas a prefeitura não recolhê-lo, mas também a falta de colaboração da população, são bem feitas.
Espera-se, apenas, que a “parceria” entre a emissora e a prefeitura seja jornalismo e não produto de acordo comercial. Ainda assim, as reportagens têm interesse público e indicam que, finalmente, Orlando Loureiro acertou a mão.
No início, talvez por considerar Goiás como uma província, a equipe de Orlando Loureiro tentou folclorizar o Estado e suas autoridades. Deu errado e, habilmente, o diretor de jornalismo mudou o foco.
Não tenho dados recentes sobre audiência, mas possivelmente, com os ajustes, deve ter subido.
O “Correio Braziliense” (domingo, 16) entrevistou Maria Elisa Costa, filha do arquiteto Lucio Costa, o “inventor de Brasília”. A arquiteta criticou duramente o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília. Se aprovado, o PPCub, a serviço da especulação imobiliária, vai descaracterizar a capital. Por isso, “o melhor seria” jogá-lo “na lata de lixo por decreto e começar de novo”. “O que importa é criar meios de controlar o uso e ocupação do solo no entorno da área tombada para não acabar o pobre ‘avião’ cercado por um paliteiro de prédios altos. O horizonte faz parte de Brasília”, afirma Maria Elisa Costa. A arquiteta acredita que o senador Rodrigo Rollemberg — ela é cunhada da mãe do governador eleito — “consertará” Brasília, ou melhor, terá condições de impedir que seja desarranjada.
A mostra “Kandinsky: tudo começa num ponto” está em cartaz no Centro Cultural Branco do Brasil (CCBB), em Brasília, até 12 de janeiro. A entrada é gratuita. São mais de 150 obras tanto do pintor russo quanto de alguns de seus contemporâneos. O “Correio Braziliense” publicou um suplemento especial sobre a mostra, com textos curtos, mas de qualidade, relatando que o notável artista plástico “saltou”, se se pode dizer assim, do impressionismo para o abstracionismo.
O “Pop” está publicando uma série de reportagens sobre a Operação Malavita, que investiga a aliança entre um grupo de policiais militares de Goiás com traficantes. Na edição de terça-feira, 18, o repórter Cleomar Almeida revelou, na matéria “Grupo queria dominar tráfico”, que policiais militares “disputavam o controle do tráfico na cidade de Anápolis”. Cleomar Almeida relata que um dos envolvidos é o capitão Fabiano de Borba Ferreira. Policiais de Goiás mantinham (ou mantêm) ligação com facção criminosa de Brasília.
O jornal “O Estado de S. Paulo” comete deslize ético e afirma que Marcelo Pires Perillo, ouvido pela Polícia Federal sobre acusação em Rondônia, é irmão do governador Marconi Perillo. Não é
Iúri Rincon Godinho
A história da música popular brasileira de raiz, com seus encantos e dificuldades. Assim poderia ser resumido “Inezita Barroso — Rainha da Música Caipira”, do jornalista Carlos Eduardo Oliveira, mas narrado em primeira pessoa por Inezita, com prefácio do cantor Daniel.
Uma das mais autênticas artistas da música brasileira, ela conta em detalhes os entraves para perseverar em uma área às vezes tão relegada pelo mainstream, como as canções de raiz — aquelas que dormem no limbo entre as breganejas das rádios e a MPB mainstream. Mais do que isso, a obra é uma peça de resistência de seu programa “Viola, Minha Viola” (TV Cultura), no ar desde os anos 80, sempre apostando em talentos regionais da autêntica música caipira.
Com uma vida dedicada à música, Inezita relata casos com Silvio Santos, o presidente Juscelino Kubitschek, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Mazzaropi e Hebe Camargo, dentre outros: inclui até a incrível história de como a dupla Roberto e Erasmo, nos tempos da Jovem Guarda, ao mesmo tempo destruíram a carreira e salvaram Inezita, que sobreviveu dando aulas de violão.
A artista, que trabalhou também em vários filmes, faz uma dura crítica à indústria fonográfica, afirmando que a pirataria sempre existiu. Certa vez ela comprou 100 discos para dar de presente e, no acerto com a gravadora, constava apenas a venda de 21 unidades. Sem falar nas coletâneas vendidas fora do Brasil e das quais ela nunca recebeu.
Parece que a história mais interessante não chegou ao livro. Aquela que contaria como uma mulher libertária sobreviveu no mundo caipira machista e povoado de homens nos anos 50 e 60. Talvez o maior mérito da obra seja ter sido editado pela goiana Editora Kelps, em uma edição que, se não encanta, também não fará feio nas livrarias.
Iúri Rincon Godinho é publisher da Contato Comunicação, escritor e pesquisador da história de Goiás.
Editada pela jornalista Adevania Silveira, que passou pelo “El País”, a revista “The Book” (está no quarto número), além de belíssima, publica reportagens de qualidade. O repórter Rimene Amaral escreveu o melhor texto da edição, “Uma vida feita de páginas”, sobre o alagoano Samuel Soares da Silva. Ele tem um acervo de “aproximadamente 60 mil livros” e pretende, mas não consegue, doá-lo para uma instituição pública. Os livros estão num espaço no Setor Leste Vila Nova e podem ser consultados pelo público. Nasr Chaul, que está organizando a biblioteca do Centro Cultural Oscar Niemeyer, deveria dar uma olhada nos livros de Samuel Soares.

Quem aprecia poesia de qualidade tem duas minas de ouro a explorar: “Milton” (Nova Alexandria, 295 páginas, tradução de Manuel Portela), de William Blake, e “O Paraíso Reconquistado” (Cultura, 304 páginas, organizado por Guilherme Gontijo Flores), de Milton. “Paradise Regained” integra uma obra mais ampla, iniciada com “Paraíso Perdido”.