Um sistema de inteligência artificial desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) será lançado nacionalmente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na próxima quinta-feira, 18.

Batizada de Berna, a ferramenta vai passar a integrar a Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro e será apresentada durante o evento Inteligência Artificial no Poder Judiciário e o Projeto Conecta, das 14h às 16h, no auditório do CNJ, em Brasília, com transmissão on-line.

Na prática, a Berna funciona como um “leitor inteligente” de ações judiciais. O sistema analisa automaticamente os textos das ações que chegam à Justiça, identifica processos parecidos e agrupa casos que tratam do mesmo assunto.

Com isso, ajuda tribunais a localizar ações repetidas, processos em grande volume, casos relacionados entre si e até situações em que há uso excessivo ou abusivo da Justiça. A tecnologia não toma decisões nem substitui juízes ou servidores.

O objetivo é organizar informações, facilitar o trabalho interno e tornar a resposta da Justiça mais rápida e uniforme para a população. Para o presidente do TJGO, desembargador Leandro Crispim, o uso da inteligência artificial precisa servir ao interesse público.

“A tecnologia deve ajudar a organizar o trabalho e melhorar o atendimento ao cidadão. A Berna foi criada exatamente para apoiar o Judiciário e tornar a Justiça mais eficiente”, afirmou.

Criada em 2020 no próprio TJGO, a ferramenta chamou a atenção do CNJ pelos resultados obtidos em Goiás e passou a integrar a estratégia nacional de inovação do Judiciário.

Com o lançamento em âmbito nacional, qualquer tribunal do país poderá solicitar acesso ao sistema por meio do Conselho, que ficará responsável pela coordenação e pelo uso da plataforma.

Segundo o juiz auxiliar da Presidência do TJGO e coordenador do projeto, Gustavo Assis Garcia, a Berna ajuda o Judiciário a entender melhor o volume e o tipo de processos que recebe.

“Ela não julga ninguém. Apenas organiza os dados, identifica padrões e entrega informações qualificadas para que juízes e equipes possam trabalhar com mais segurança e agilidade”, explicou.

Já o diretor de Inteligência Artificial, Ciência de Dados e Estatística do TJGO, Antônio Pires, destaca que a integração ao CNJ amplia o alcance da ferramenta. “Agora, a Berna consegue analisar dados de tribunais de todo o país, identificando ações semelhantes que antes estavam espalhadas em sistemas diferentes”.

Em Goiás, os resultados já são concretos. Em unidades como o Juizado da Fazenda Pública Municipal de Goiânia, a análise inicial dos processos, que antes levava cerca de quatro dias, passou a ser feita em poucas horas.

A partir dessas informações organizadas, o TJGO também desenvolveu sistemas automatizados próprios para agilizar tarefas internas e melhorar o aproveitamento dos servidores.

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