De acordo com o relatório National Risk Assessment, o grupo conhecido como “Nova Resistência”, identificado com ideias de extrema-direita, mas com ligações dentro do PDT, tem sido institucionalmente classificado no Brasil, desde o ano passado, como uma “ameaça de risco para o extremismo violento e terrorismo doméstico”. A pesquisadora Michele Prado encaminhou essa informação ao portal DCM.

O “National Risk Assessment” (Avaliação Nacional de Risco, em português) é um relatório elaborado pelo Banco Central, através do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), com o objetivo de identificar e avaliar os riscos relacionados à segurança nacional no Brasil. Essa avaliação tem como propósito mapear as ameaças tanto internas quanto externas que podem impactar a estabilidade, a segurança e a integridade do país, além de propor estratégias e medidas para mitigar esses riscos.

O escopo dessa avaliação abrange diversas áreas, como terrorismo, crime organizado, cibersegurança, radicalização, ameaças ambientais, entre outras. É uma ferramenta essencial para o governo no desenvolvimento de políticas de segurança e na tomada de decisões estratégicas para proteger a sociedade e o país como um todo.

Para facilitar o acesso a investidores e órgãos internacionais envolvidos na prevenção à lavagem de dinheiro e no combate ao financiamento de terrorismo, o documento é produzido em inglês.

Nova Resistência

A “Nova Resistência” surgiu em 2015 durante a crise política que culminou no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no Brasil. Esse grupo político foi o primeiro no país a adotar a chamada “quarta teoria política”, uma corrente russa de extrema-direita sistematizada por Alexandr Dugin, que representa a base ideológica do presidente Vladimir Putin.

Essa ideologia possui características que a colocam na categoria de “grupos extremistas violentos não-islâmicos”, junto com outros movimentos como ecoterroristas, ecofascistas, anarquistas insurrecionais, movimentos anticivilização, ultranacionalistas e neonazistas, além de grupos radicais motivados por questões étnicas e raciais, partidários da Quarta Teoria Política, do novo integralismo, aqueles que pregam a intolerância religiosa e aqueles motivados pela radicalização online em fóruns e chans.

O crescimento de grupos ultranacionalistas na Europa tem sido fortemente impulsionado pelo aumento significativo da imigração. Esses grupos, motivados por uma visão extremista, opõem-se ao que consideram uma suposta “islamização da Europa” e reagem a essa “ameaça” com ações violentas.

Trecho do relatório | Foto: Reprodução

“No Brasil, o anarquismo insurrecional é um movimento minoritário, adepto da ação direta e violência como meio de promover a revolução social. Os ativistas estão concentrados principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Há uma presença incipiente de grupos com tendência à radicalização”, consta em outra parte.

O documento também destaca que as autoridades do país estão dedicando uma atenção especial aos indivíduos suscetíveis a transformar seus ressentimentos em atos violentos, bem como aos possíveis processos de radicalização.

Quarta teoria política

Vale destacar que a Quarta Teoria Política é uma corrente de pensamento que apresenta o liberalismo como uma expressão do domínio exercido pelos Estados Unidos sobre o mundo. De acordo com Dugin, a solução para romper com essa influência seria unir os valores do socialismo soviético com os princípios do fascismo.

No Brasil, a “Nova Resistência” busca representar essa união em torno da figura histórica de Getúlio Vargas, que também serve de inspiração para a base ideológica do PDT em alguns aspectos. Nas últimas eleições, essa corrente apoiou a candidatura de Ciro Gomes no primeiro turno.

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