Goiás registrou 122 focos de queimadas até o dia 15 de junho de 2025, número que evidencia a persistência de incêndios florestais no período seco e repete um padrão já consolidado ao longo dos últimos anos. De acordo com o Monitor de Queimadas da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad), elaborado pelo Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado (Cimehgo), os municípios de Planaltina (12 focos), Cavalcante (11) e Formosa (11) lideram os registros neste mês.

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Em entrevista ao Jornal Opção, o superintendente do Cmiehgo, André Amorin, destacou que os dados revelam um leve aumento nos focos em comparação com o mesmo período do ano passado. “Se analisarmos a semana de 9 a 15 de junho, tivemos 65 focos em 2024 contra 68 em 2025. Estamos praticamente empatados, mas chama atenção a insistência em regiões como o Norte e o Leste”, observou.

Evolução por regiões

As regiões Leste e Norte concentraram a maior quantidade de focos nesta segunda semana de junho: 31 e 16, respectivamente, contra 12 e 5 no mesmo intervalo de 2024. O comportamento contrasta com a tendência de queda ou estabilidade observada em outras regiões:

  • Oeste: 4 (2024) → 2 (2025)
  • Sudoeste: 16 → 12
  • Sul: 9 → 9
  • Central: 3 → 6

No acumulado do mês até o dia 15, a região Leste lidera com 44 focos, seguida pelo Norte (37), Sul (17), Sudoeste (12) e Central (9). A distribuição regional reflete tanto as condições meteorológicas quanto práticas culturais locais, como a queima de lixo e a limpeza de terrenos com fogo — ações ilegais e de alto risco durante o período seco.

Ação humana e clima seco

A ausência prolongada de chuvas contribui para o cenário. Segundo o Cimehgo, várias regiões já ultrapassaram 40 dias consecutivos sem precipitação significativa, como o Norte, Oeste, Leste e Sul do estado. A vegetação seca e a baixa umidade do solo (com média de apenas 8%) criam um ambiente altamente inflamável. Além disso, a umidade relativa do ar está frequentemente abaixo dos 20% — nível considerado de “emergência” pela Organização Mundial da Saúde.

“Não temos condições de ter ignição espontânea, então o que estamos observando é que nessas regiões existe uma situação mais propícia e há insistência na prática do fogo”, afirma Amorim. “Mesmo que as temperaturas estejam mais amenas, a vegetação seca torna o ambiente vulnerável. O fogo é veloz na sua proliferação. Às vezes começa com a queima de folhas na porta de casa”, alerta.