Goiás pode receber pacientes da Covid-19 de outros estados com saúde em colapso
30 abril 2020 às 14h46
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Governador Ronaldo Caiado (DEM) defende a cooperação entre os estados e a pactuação de leitos de UTI. O assunto será tema de reunião entre ele e o ministro Nelson Teich
Na manhã desta quinta-feira, o governador Ronaldo Caiado (DEM) concedeu entrevista à Rádio BandNews. Durante uma de suas falas na emissora, Caiado afirmou que não negará, caso haja necessidade e leitos disponíveis, atendimento a brasileiros de outros estados que já estejam com a rede pública de saúde colapsada. “Se necessário for, Goiás jamais fechará as portas para qualquer brasileiro, tendo aqui espaço para acolhê-lo”, afirmou o governador.
A ideia de cooperação entre os estados será levada a uma reunião de Caiado com o ministro da Saúde, Nelson Teich, na tarde desta quinta, que ocorrerá também com a presença de outros governadores do Centro-Oeste, por videoconferência. Para ele, pactuação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o recebimento dos valores por pacientes atendidos serão pontos levantados na conversa. “Vamos demonstrar que todo leito equipado por nós e pactuado com o Ministério é muito importante. Não podemos receber esse valor [recurso do atendimento], 60 dias depois que o paciente passou pelo leito. O Estado não tem capacidade de suportar essa despesa”, disse.
Além disso, o governador pretende expor sobre a situação da distribuição de equipamentos pelo Ministério da Saúde e a manutenção do isolamento social. “Vai ser um prazer enorme dizer ao ministro que conte com Goiás como um Estado aliado para salvar vidas e dizer que o isolamento é algo fundamental, assim como ficou demonstrado no mundo todo, nos países que tiveram os melhores resultados”, afirmou.
Ele ainda exemplificou a Alemanha, que cumpriu rigorosamente com as medidas que restringia a circulação de pessoas e fizeram uso de máscaras. Lá, cada infectado pela Covid-19 contamina 0,8 pessoa, enquanto no Brasil, cada pessoa que carrega o vírus passa ele para outras três ou quatro. “Isso é algo que realmente faz com que o Brasil tenha um percentual muito grave. Ou seja, podemos entrar rapidamente em uma curva crescente, em um crescimento exponencial e aí, sim, colapsar nosso atendimento hospitalar”, argumentou.
O governador ainda reafirmou a possibilidade de fechar todo o comércio do Estado novamente, em uma avaliação que será realizada nos próximos dez dias. “Nós tivemos a maior queda no isolamento e, como tal, se necessário, voltaremos com decretos mais rígidos”, disse.
“Não tenho medo, não tenho receio algum de ter que voltar a um decreto muito rígido. Não vou ter tolerância com um vírus que está mostrando sua capacidade destrutiva, de inviabilizar totalmente um Estado e um país, como já vimos por onde ele passou”, falou o governador, quando perguntado sobre a intolerância que algumas pessoas têm demonstrado, quando ele defende o isolamento social.