A Brado/Rumo, um grupo do ramo de logística, anunciou que deve iniciar nas próximas semanas as suas operações com contêineres em Anápolis, no trecho da Ferrovia Norte-Sul que liga Goiás ao Porto de Santos. A data ainda não está fechada, uma vez que, segundo a empresa, ainda depende de “alguns ajustes” e de homologação na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

No Porto Seco de Anápolis, a ferrovia poderá atender a agroindústria nos mercados de exportação de algodão, mineração, siderurgia e alimentos, incluindo açúcar, farelo de soja e grãos, além de carne bovina por meio das operações com contêineres refrigerados. Atualmente, esses mercados, juntos, já movimentam, segundo a empresa, cerca de 45 mil contêineres ao ano e mais de 65% têm como destino o Porto de Santos.

Segundo a superintendente de Produção Rural da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Patrícia Honorato, os trechos da Ferrovia Norte-Sul em Goiás que já estão em pleno funcionamento impactaram positivamente no agronegócio goiano, que ganhou em competitividade e em eficiência. Ela avalia ainda que a inserção de Anápolis na malha ferroviária é estratégica para o Estado.

“Veio do agro 26% do que foi exportado e passou pela malha ferroviária em Goiás no ano passado”, afirmou a superintendente. Ou seja, pouco mais de um quarto da exportação goiana que passou pela Ferrovia Norte-Sul, foi de produtos como soja, milho e celulose, por exemplo. “O agronegócio já consome a malha ferroviária nos trechos que já estão em operação, como em Rio Verde, por exemplo. E isso tem ajudado muito no deslocamento dos produtos”, disse Patrícia.

Vantagens competitivas

Ao optar pela ferrovia, o escoamento da produção está sujeito a um menor risco de acidente em comparação com o transporte rodoviário. Além disso, os contêineres permitem o transporte de grandes volumes de carga de uma só vez, o que otimiza a logística de distribuição e diminui custos operacionais. “A malha ferroviária aumenta a capacidade de escoamento da produção, com redução do prazo de transporte e com um carregamento mais rápido”, afirmou.

“A vantagem é a redução de custo logístico, o que oferece um cenário de competitividade para Goiás e proporciona ligações estratégicas dentro do país”, pontuou Patrícia, que lembra ainda da questão ambiental. “A malha ferroviária contribui para a redução de gazes do efeito estufa”, comentou.

Com a ferrovia em plena operação, a importação também pode ficar mais ágil e barata para a indústria e agroindústria goianas. Atualmente, em Goiás, o agronegócio importa agroquímicos, peças de máquinas, equipamentos e plásticos em um mercado que movimenta mais de 16,5 mil contêineres ao ano, segundo a Brado.

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