O deputado federal, Nikolas Ferriera (PL-MG), será o mais novo presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. O parlamentar faz parte de uma ala da oposição mais barulhenta e extremista, o que pode travar pautas do Executivo.

Deputados do PT e de outras legendas aliadas ao governo Lula estão atualmente envolvidos em discussões nos bastidores, planejando estratégias para lidar com a presidência de Nikolas Ferreira.

Um dos cenários discutidos envolve a articulação de uma “obstrução total” aos trabalhos do colegiado nos dias em que o deputado bolsonarista tentar votar o que os governistas chamam de “pauta medieval”.

O principal receio dos deputados aliados ao governo é que Nikolas inclua na pauta projetos conservadores, como a proibição do uso de pronomes neutros e a definição de banheiros nas escolas com base na identidade de gênero.

Os parlamentares vinculados ao governo também planejam agir para proteger o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), temendo que ele enfrente situações semelhantes às enfrentadas por Flávio Dino quando era ministro da Justiça.

Em 2023, a oposição bolsonarista liderou as comissões de Segurança Pública e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, utilizando essa posição para convocar Dino diversas vezes a prestar esclarecimentos.

Por outro lado, os governistas acreditam que há margem para criar obstáculos para Nikolas na comissão, recordando que, durante a eleição do bolsonarista em 6 de março, houve 15 votos contrários e 22 favoráveis.

Os membros do PT esperam, no entanto, contar com parte desses 22 votos em algumas votações na Comissão de Educação para derrotar possíveis projetos conservadores patrocinados pelo presidente do colegiado.

Fato é que o poder de articulação do Executivo tem sido falha desde o início do mandato. A crise institucional entre o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pode ter influenciado. Talvez um recado do parlamentar ao governo.

Enquanto isso, o presidente Lula tem atuado mais como Chefe de Estado do que Chefe de Governo, ao priorizar se envolver em questões internacionais [sem entrar no mérito de certo ou errado] em relação a assuntos internos do próprio Brasil.

Outra sensação que passa é de passividade dos membros do governo. A figura de Lula parece “assustar” seus ministros, que não conseguem aconselhar o presidente.

O Executivo enfrenta uma dificuldade clara em mostrar à população as conquistas do governo, como por exemplo na economia, indicadores que tem puxado uma redução na taxa de juros, ou ainda o baixo desemprego. Talvez a última pesquisa Quaest acenda uma luz de alerta no Planalto.

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