Estados Unidos e Cuba reabrem embaixadas nesta segunda-feira
20 julho 2015 às 08h43
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Após 54 anos de conflitos, embaixadas dos Estados Unidos em Cuba e de Cuba nos Estados Unidos voltam a funcionar
Reatando relações diplomáticas sete meses após o início de histórico processo de reaproximação, a embaixada dos Estados Unidos em Cuba reabre nesta segunda-feira (20), no edifício onde se encontra atualmente a Seção de Interesses Norte-americanos no país. O governo cubano também reabrirá sua embaixada em Washington, depois de 54 anos de distanciamento.
Ao contrário de Cuba, que promoverá uma cerimônia formal de abertura de sua embaixada, os Estados Unidos não farão nenhum ato oficial, o que ficará para a visita do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, a Havana – cuja data não foi ainda anunciada.
O prédio da Seção de Interesses dos EUA em Cuba foi construído em 1953, no período do governo do presidente Fulgencio Batista. A bandeira dos Estados Unidos foi retirada em 1961, quando o então presidente Dwight Eisenhower rompeu relações diplomáticas com Cuba, em resposta às expropriações do governo revolucionário de Fidel Castro.
A Seção de Interesses dos Estados Unidos em Cuba só foi aberta em setembro de 1977, sob o amparo da missão diplomática suíça e depois do presidente Jimmy Carter chegar à Casa Branca, tendo sido ele o único chefe de Estado norte-americano a visitar Cuba após a revolução que colocou no poder Fidel Castro.
Atualmente, a Seção de Interesses dos Estados Unidos em Cuba tem 360 funcionários, entre norte-americanos e cubanos, além de marines (tropas militares) para fazer a segurança. Segundo dados do governo norte-americano, 37.149 cubanos receberam vistos para viagens temporárias aos Estados Unidos e 20.552 vistos de imigrantes, durante o ano de 2014.
O restabelecimento oficial das relações diplomáticas entre os dois países, após mais de meio século de tensões herdadas da Guerra Fria, marca o fim da primeira fase desse processo iniciado a 17 de dezembro de 2014. No final de maio, Washington levantou o principal obstáculo ao reatamento de relações diplomáticas ao retirar Cuba da lista negra norte-americana de Estados que apoiam o terrorismo.
O presidente cubano, Raúl Castro, insiste em só normalizar as relações quando o presidente norte-americano, Barack Obama, utilizar os seus “poderes executivos” para pôr fim ao embargo imposto à ilha em 1962. Além disso, o chefe de Estado cubano exige também que os Estados Unidos devolvam o território “ilegalmente ocupado” da base naval de Guantanamo.
Outra das exigências de Havana para a normalização de relações com Washington é que acabe com as “transmissões de rádio e televisão ilegais”, elimine programas para promover a “subversão e a desestabilização internas” e compense o país “pelos danos humanos e económicos” que as políticas norte-americanas causaram.
“Podemos cooperar e coexistir civilizadamente, em benefício mútuo, acima das diferenças que temos e teremos, e com isso contribuir para a paz, a segurança, a estabilidade, o desenvolvimento e a equidade no nosso continente e no mundo”, disse Raul Castro num discurso na Assembleia Nacional de Cuba.