Grupo que declarou apoio ao tucano na última segunda-feira (14/7) encontra-se insatisfeito com decisões do partido desde as eleições municipais de 2012, quando ficaram do lado do adversário do nome peemedebista

O apoio de parte do PMDB formosense à reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB), encabeçada pelo ex-deputado Mário de Castro Filho e pelo ex-presidente do diretório municipal da sigla Marcelo Magalhães, remonta às últimas eleições para prefeito, quando o peemedebista Ernesto Roller (ex-PP) foi derrotado nas urnas pelo pessedista Itamar Barreto. À época, a mesma parte da legenda que agora se declara ao lado do tucanato também não apoiou o nome do PMDB ao Executivo municipal. Em entrevista ao Jornal Opção Online na manhã desta terça-feira (15/7), quando foi divulgada a existência do grupo dissidente do PMDB de Formosa –– município com mais de 63 mil eleitores ––, Marcelo Magalhães e Mario de Castro justificaram a decisão ao fato de, com a chegada de Ernesto Roller e sua consequente candidatura à prefeitura, ter sido dissolvido o diretório municipal mesmo faltando um ano para o fim do mandato do então presidente.

[relacionadas artigos=”6734,9621,8135,8017″]

“Em 2011, sob orientação do diretório [estadual] dai de Goiânia, foi provocada uma renúncia de mais de 50% dos membros do nosso diretório, então foi nomeada a comissão transitória presidida pelo Ernesto Roller, da qual também fomos alijados. Uns 60 dias depois, o novo diretório foi eleito, e também não teve nossa participação porque fomos afastados do processo, o pessoal mais antigo ficou fora”, afirma Mário de Castro Filho.

À reportagem, Ernesto Roller, atual presidente do PMDB de Formosa, sustentou que o grupo em questão não é uma conquista nova da base aliada a Marconi, já que estava com Itamar Barreto anteriormente ao pleito de 2012 que acabou por elegê-lo. “Não é um fato novo. A verdade é que esse pessoal queria que o PMDB fosse a reboque na candidatura a prefeito da base. Não houve intervenção nenhuma no diretório, e sim uma autodissolução por conta dessas diferenças, pois tínhamos um nome próprio”. Roller afirma que não sabe se eles seguem filiados ao PMDB, além de criticar o fato de os apoiadores fazerem parte da administração pública local mesmo pertencendo a um partido de oposição. “O PMDB de Formosa está com Iris Rezende e o restante da chapa dele. Nossa expectativa é muito boa, porque nossa melhor composição é com a população e não com uma cúpula”, assevera o peemedebista.

Atualmente o PMDB ocupa três secretarias municipais da gestão de Itamar Barreto, cujos secretários também fazem parte do grupo de apoio a Marconi. Segundo Marcelo e Mário, são eles: Rodrigo Natividade, ex-presidente do PMDB formosense, que está na pasta de Administração Municipal da Prefeitura; Vera Couto, secretária de Cultura do município; e o próprio Marcelo Magalhães, secretário de Governo e Articulação Política do pessedista.

Marcelo Magalhães e Mário de Castro foram categóricos ao afirmarem à reportagem que preferem dar continuidade ao governo tucano do que apostar em mais uma gestão de Iris Rezende. “Marconi é sim o que temos hoje de melhor para Goiás, o município de Formosa sente isso”, diz o primeiro. Já Mário de Castro reclama do afastamento de Iris Rezende aos peemedebistas tradicionais de Formosa e afirma ser favorável à mudança e renovação dentro da sigla, embora ele afirme que não tenha acompanhado o processo de filiação e pré-candidatura do empresário Júnior Friboi, tendo optado pela neutralidade. “Entendemos que somos companheiros de várias épocas e vários anos, não tinha necessidade de tirar o Marcelo do diretório, porque tinha mais um ano de mandato”, declarou, emendando: “O partido precisa ser renovado.”

Ambos afirmam que não pensam em deixar o PMDB e que não temem punições por seus posicionamentos.

Não é novidade que o PMDB, devido ao tamanho expressivo da sigla, enfrenta forte debate interno –– o processo de escolha da cabeça de chapa em Goiás é o exemplo local mais recente ––, contudo, mais este fato, somado à escolha do peemedebista Frederico Jayme em fazer parte da coordenação da campanha da chapa marconista, resulta em reforço de peso ao principal adversário de Iris Rezende desde 1998. Além de vereadores, ex-vereadores e lideranças peemedebistas de Formosa, compõem o grupo dissidente políticos históricos do município, como Antônio Magalhães, ex-deputado federal e estadual e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; e o ex-vereador Ronaldo Saad, filho do ex-senador José Saad, que foi prefeito de Formosa por três mandatos; além de Zilma Macial, ex-tesoureira do PMDB e esposa do ex-vereador Valdemar Macial.