Entenda o que são práticas ESG e como elas afetam empresas
01 outubro 2024 às 16h13
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As práticas ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança), é uma forma do negócio mostrar que está buscando maneiras de minimizar impactos no meio ambiente. Além disso, essas práticas mostram a vontade da empresa de construir um mundo mais justo e responsável e de manter os melhores processos de administração.
O termo apareceu pela primeira vez em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), chamado Who Cares Wins (Ganha quem se importa) em 2004. A sigla une três preocupações que empresas devem ter.
O “E” vem de Environmental (ambiental), e se refere a práticas e princípios adotados por empresas na conservação do meio ambiente. Redução na emissão de poluentes, busca por alternativas sustentáveis e boas práticas no gerenciamento e descarte de lixo se encaixam na primeira letra da sigla.
Já o “S” vem de Social e diz respeito à relação das empresas com a população em seu entorno. Aderência aos direitos trabalhistas, valorização da saúde e segurança no ambiente de trabalho e apoio à diversidade e inclusão são algumas das práticas que são representadas pelo “S”.
Por fim, o “G” de governança é relacionado a forma da empresa de realizar a gestão de seus processos e tem foco na transparência. Ações como a valorização da prestação de contas e da responsabilidade corporativa e a transparência na política de remuneração dos diretores são os mais importantes no “G” da sigla.
Segundo a analista técnica do Sebrae Goiás, Vera Lúcia Oliveira, a adoção do ESG pode trazer diversos benefícios para empresas. “O ESG é voltado a implementar ações que melhoram o desempenho em gestão ambiental, em gestão social e em governança. E isso muda o valor dos negócios numa relação, principalmente, com instituições financeiras. Na medida que ele [empresário] tem isso detalhado e pode demonstrar, é possível facilitar até acesso a crédito”, explica.
“No social, é importante que esses empresários demonstrem preocupação com a sociedade e seus colaboradores pois isso faz com que ele retenha talento e gere valor ao seu negócio”.
Outro ponto citado por Vera é a possibilidade de se conseguir créditos de carbono e, com o tempo, negociá-los. “Caso essas empresas adotem o método e façam a compensação elas podem trocar por crédito de carbono. Mas isso não é uma realidade muito constante para pequenos negócios, já que a compensação não é tão grande. O ganho para esses negócios, no entanto, está na redução de custos e nos impactos que se tem no meio ambiente”, diz.
Hoje, segundo a analista, os setores que mais buscam adotar as práticas são a indústria e o agronegócio. “As indústrias tem processos mais definidos. Produtores rurais também já começaram a adotar o método pois perceberam que na medida que ele trabalha reflorestamento de nascente, preservação de nascente ou que ele deixa de desmatar, ele consegue trazer benefícios para si, então é um incentivo a prática sustentável”.
Créditos de carbono
Cada país regula o mercado de carbono com uma legislação específica. No Brasil, o Decreto nº 5.882, de 2006, faz essa regulamentação. Presidente da Associação Brasileira de Crédito de Carbono e Metano (Abcarbon), Rita Ferrão, explica que o crédito de carbono é a moeda utilizada no mercado de carbono. “Um crédito de carbono é equivalente a uma tonelada de gás do efeito estufa, reduzido ou retirado da atmosfera. Ele pode ser evitado quando as empresas fazem o seu balanço de emissões e passam a reduzir esta emissão”, diz.
Ferrão conta que o primeiro passo para uma empresa aderir ao mercado é medir a emissão da sua cadeia produtiva para emitir um certificado. “Tendo esse valor de quanto se emite, você pode compensar sua pegada de carbono. Hoje temos dois mercados, que é um regulado e um voluntário. O Brasil ainda atua no mercado voluntário pois não foi aprovada a lei que regulamenta esse mercado, mas o país tem um potencial de mercado muito grande”, comenta.
Ela ainda explica que a Abcarbon desenvolveu uma tecnologia que mede o crédito de carbono através de imagens de satélite usando inteligência artificial. “Nossa tecnologia é única no mundo a fazer isso e desta forma nós otimizamos a entrada do pequeno produtor no mercado. Hoje nós medimos áreas acima de 10 hectares e já conseguimos reduzir prazo e reduzir custos”, explica Ferrão.
O mercado foi criado a partir do Protocolo de Kyoto, acordo ambiental fechado em 1997, durante a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A moeda é obtida em negociações internacionais, e os créditos de carbono são adquiridos por países com emissão reduzida de CO², que fecham negócio com países poluentes. Os países que mais negociam esses créditos são os da União Europeia e o Japão.
A cotação do crédito de carbono hoje no mercado americano é de US$ 66,46, o que equivalente a cerca de R$ 361.
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