O retorno do Brasil à lista das 10 maiores economias do mundo se deu, entre alguns fatores, pelo “robusto processo de recuperação da economia pós-pandemia” e “plena atividade econômica” dos últimos anos, aponta o economista goiano Everaldo Leite. O País ganhou duas posições no ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta terça-feira, 19, e deve encerrar o ano com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 2,13 trilhões.

Listado como um dos maiores mercados consumidores do mundo, atrás de países como China, Estados Unidos, Índia, França e Japão, o Brasil registrou um aumento de demanda com a retomada econômica, “aumentando o cenário conjuntural com possibilidades reais de crescimento para os próximos anos”.

Ao Jornal Opção, o economista aponta ainda que a previsão poderia ser ainda melhor num cenário com uma taxa de juros reduzida. “O País passou a ocupar mais espaço dentro do processo produtivo, tivemos redução do desemprego e consequentemente você tem mais renda e mais consumo”, explica.

Queda dos juros e desemprego

A disputa pela manutenção da taxa de juros, travada ao longo do ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente do Banco Central Roberto Campos Netos, surtiu efeitos. Com isso, o Brasil deixa de ter a maior taxa de juros reais do mundo após o corte de 0,50 p.p anunciado pelo BC na semana passada. Com a redução, a Taxa Selic foi fixada em 11,75% ao ano.

“Se houver uma redução das taxas de juros, o Brasil cresce mais e deve crescer bastante no ano que vem, principalmente em 2025. Mas precisamos superar o problema da desindustrialização com uma política de atividade industrial e de tecnologia para adicionar mais valor aos produtos produzidos em solo nacional e vender com mais valor de mercado”, defende Leite.

Economista Everaldo Leite | Foto: Reprodução

O ‘fracasso’ de outras economias na retomada econômica pós-pandemia também posicionou melhor o Brasil no ranking. A situação econômica na Argentina e os bloqueios econômicos feitos à Rússia após a invasão da Ucrânia também favoreceram essa melhora.

O Brasil, por exemplo, agora disputa o mercado de produção de grãos com a Rússia e Ucrânia.

Programa para endividados

Everaldo aponta ainda que o programa de renegociação de dívidas foi fundamental para o aumento no consumo. “Isso abre espaço para que a demanda consiga alcançar crédito. O crédito ainda está caro e a redução das taxas de juros é importante para que o crédito seja facilitado”, conta.

Isso, porém, não deve ser uma política sem fim. O economista aponta que, apesar de necessário, programas que abrem espaço no orçamento das famílias devem ser acompanhados de investimento para aumento da competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

“O mercado interno é importante para a estabilização da economia, mas ele é insuficiente. Por isso é importante que haja esse foco em agregar valor nos produtos para o mercado internacional”, aponta.

Veja o top 10 com as maiores economias do mundo, segundo o FMI, em termos nominais:

1. Estados Unidos – US$ 26,95 trilhões
2. China – US$ 17,7 trilhões
3. Alemanha – US$ 4,43 trilhões
4. Japão – US$ 4,23 trilhões
5. Índia – US$ 3,73 trilhões
6. Reino Unido – US$ 3,33 trilhões
7. França – US$ 3,05 trilhões
8. Itália – US$ 2,19 trilhões
9.  Brasil – US$ 2,13 trilhões
10. Canadá – US$ 2,12 trilhões

Nota de investimento do País cresce e melhora perspectivas

Além da subida do Brasil no ranking do FMI, a agência de classificação de risco Standard & Poor´s (S&P) elevou a nota crédito soberano do País após a aprovação da reforma tributária. Isso quer dizer que o Brasil é seguro para investimentos e com baixo risco de calotes. O País alcançou a nota BB no rating.

Everaldo Leite explica que a entrada num “circulo virtuoso” garante ao País uma melhor “visão de futuro”. “Quer dizer que o País entra na perspectiva de investimento, traz uma positividade e gera uma revisão econômica das atividades econômicas de forma positiva para os próximos anos”.

A classificação de risco soberano é uma avaliação dada por instituições especializadas em análise de crédito, chamadas agências classificadoras de risco a um país que emite títulos de dívida.

O rating é um instrumento relevante para investidores que classifica os riscos tanto a curto quanto longo prazo em moeda estrangeira.

Como funciona

As escalas usadas pelas agências podem ser representadas por letras, números e sinais matemáticos (+ ou -) e normalmente vão de ‘D’ (nota mais baixa) a ‘AAA’ (nota mais alta)12. Tais notas são classificadas, pelos participantes do mercado, em dois grupos: Grau Especulativo (D até BB+) e Grau de Investimento (BBB- até AAA).

No Brasil, oficialmente, o risco de crédito é classificado pelas seguintes agências: Standard & Poor´s (S&P), Fitch Ratings (Fitch) e Moody´s Investor Service.

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