Corte no Orçamento da União causa insegurança e pode diminuir geração de empregos no setor da construção civil

30 abril 2021 às 15h29

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Ao todo, Governo Federal vetou R$ 19,8 bilhões em despesas primárias. No mercado, segundo membro da Ademi-GO, são cerca de 600 obras em andamento, sendo 217 mil unidades habitacionais contratadas e agora paralisadas

O Orçamento da União de 2021 que foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, vetou ao todo, R$ 19,8 bilhões em despesas primárias, principalmente no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Regional R$ 8,7 bilhões, o que corresponde a 50,9% do orçamento aprovado para a pasta, e do Ministério da Infraestrutura R$ 2,8 bilhões, referente a 27,6% do aprovado.
O corte terá vários reflexos, entre eles atinge o setor da construção civil que apostava na retomada por meio do programa habitacional do governo. Nesse sentido, o vice-presidente da região Centro-Oeste do Conselho de Administração da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), e membro efetivo dos Conselhos Consultivo e de Ética da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Renato de Sousa Correia explica as consequências negativas para o setor.
“É um problema muito sério que atinge o interesse social no país, nós temos que entender que o maior déficit habitacional está situado entre famílias com renda de até três salários mínimos, e até dois é maior ainda e um salário mínimo não tem a menor condição de comprar moradia sem que haja um apoio governamental”, afirma em entrevista ao Jornal Opção.
“O Programa Casa Verde Amarela, nessa faixa 1, que é referente a renda familiar de até R$2 mil, é muito importante para que as pessoas possam ter moradia. Esse corte no orçamento paralisa 217 mil unidades já contratadas, ou seja, as empresas se mobilizaram, assinaram o contrato e não vão ter dinheiro no mês seguinte para seus compromissos já assumidos. Há uma insegurança jurídica”, completa Renato Sousa.
Impacto na geração de empregos
Para Renato, uma vez não tendo recurso deveria haver uma condição de rescisão adequada, para uma “compensação” das perdas dos investimentos que foram feitos. Além disso, o impacto atinge diretamente o trabalhador e consequentemente a economia do país como um todo.
“São 250 mil empregos diretos, que serão extinguidos. Se pegar os empregos indiretos é 2,5 a mais, estamos falando de 500 mil empregos indiretos, no total 750 mil empregos. A construção civil se paga em termos de tributos, além de gerar fonte de emprego e renda”, explica o membro da Ademi Goiás.
“Mais ou menos 600 obras em andamento, 217 mil unidades habitacionais contratadas e agora paralisadas. Essas 217 mil contratam 250 mil empregos diretos e 500 mil indiretos. Lembrando que não tem contrato dos últimos dois anos, essas obras muitas delas foram recontratadas e elas são em maioria oriundas do final do governo Dilma”, reforça.
Renato acredita que os parlamentares possam reverter essa questão antes das consequências se concretizarem. “Eu imagino que o governo e os parlamentares possam trabalhar em uma solução para isso, para restabelecer a produção dessas unidades e manter o nível de emprego”, conclui.