Para Orlando do Amaral, são outros os fatores que explicam 21ª posição da federal goiana, já que restrição orçamentária do Governo Federal atingiu todo o ensino superior

Na avaliação do reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Orlando do Amaral, a queda de uma posição da instituição no Ranking Universitário Folha (RUF) não pode ser atribuída ao corte de verbas do Governo Federal. Segundo ele, são outros os fatores que explicam o desempenho um pouco menor que em 2016, já que o cenário de restrições orçamentárias, lembra ele, atingiu todas as federais brasileiras.

“Se fosse uma queda muito significativa, poderíamos fazer essa associação, mas esse cenário de restrição atingiu a todos, não só a UFG. Então estamos todos nivelados por baixo após a crise”, pontuou ele. “Esse tipo de oscilação é natural nessas avaliações. São uma série de indicadores para fazer esse ranking, um ano você tem uma produtividade melhor, mais trabalhos publicados, enfim.”

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Apesar de esse não ser o motivo da queda, no entanto, ele afirmou que a situação da UFG é delicada em decorrência do corte de verbas. Isso porque o orçamento para 2017 é menor que o de 2016, mesmo que as despesas de custeio tenham aumentado. “Se você pegar a inflação, o orçamento é de 11 a 12% menor que o do ano passado, que já foi insuficiente para pagar essas contas”, explicou ele.

Orlando explicou que, embora a Emenda Constitucional 95/16, que estabelece o Teto dos Gastos, garanta o reajuste inflacionário para o Ministério da Educação (MEC), esse aumento é absorvido quase que totalmente pela folha de pagamento das universidades, que consome 80% das verbas. Por isso, sobra pouco para custeio e investimentos.

“O que o  governo faz é garantir que o orçamento do MEC seja corrigido apenas pela inflação, o que por si só já é muito grave. Só que o orçamento está sendo corrigido, mas como esse aumento é absorvido no interior do próprio ministério, está servindo para suprir o aumento da folha. Na parte da manutenção, eles diminuíram. A emenda constitucional não foi aplicada internamente, apenas no global”, criticou ele.

A partir de outubro, a universidade não terá mais como fazer o empenho para as prestadoras, vamos pagar, mas possivelmente não teremos como pagar ainda neste ano. O do ano que vem será igual o desse ano. O que estamos fazendo é administrar esse orçamento que é ineficiente. Parte da despesa de um ano. É uma bola de neve, enquanto não houver uma recomposição desse passivo.

Questionado se essa restrição orçamentária não poderia inviabilizar o funcionamento das universidades a longo prazo, visto que, se não forem quitadas, as dívidas irão se acumulando, Orlando disse a situação pode ficar bem complicada. “Quero crer que não seja a intenção do governo estrangular as universidades a esse ponto, mas é uma bola de neve.”

Para o reitor, é justamente em momentos de crise que o governo deveria ter um olhar mais cuidadoso com a educação. “O país vive uma situação difícil, mas a educação é um setor que deveria ser priorizado, até para a retomada do crescimento, para não desestruturar um esquema de pesquisa, inovação. Se as nossas atividades forem comprometidas, lá na frente pode influenciar no desenvolvimento do país”, alertou ele.