Com intermediação de Mantega, Odebrecht pagou ao menos R$ 100 milhões para o PT

21 agosto 2016 às 16h56

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Executivos da holding afirmaram, em tentativa de delação premiada, que propina foi negociada em troca de benefícios obtidos com projetos do governo
Em tentativa de delação premiada, executivos da Odebrecht disseram que a empresa pagou pelo menos R$ 100 milhões em propina para o PT. As negociações teriam sido intermediadas pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. As informações são do O Globo.
De acordo com o relato dos executivos, os repasses foram realizados pelo Setor de Operações Estruturadas da empresa e a maior parte dos pagamentos foram feitos em troca de benefícios obtidos nos últimos anos por projetos como a desoneração da folha de pagamentos e a redução de imposto de renda sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior.
Os funcionários deram detalhes dos valores que passaram pelo Setor de Operações Estruturadas, comandado por Hilbert Silva. As contas usadas para ocultar e viabilizar pagamentos no Brasil e no exterior eram abastecidas por diversas empresas controladas pela holding.
Investigadores da Lava-Jato já tinham em mãos e-mails que mostravam a forte atuação da Odebrecht junto ao Governo Federal, principalmente junto a Guido Mantega. A empresa buscava a aprovação de medidas que favoreceriam seus negócios, como a Medida Provisória 647/2013, convertida em lei em maio de 2014.
Marcelo Odebrecht não só falou com um dos assessores de Mantega por e-mail sobre o projeto como recebeu uma mensagem do diretor jurídico da holding que reforçava a importância de uma reunião com Mantega para que o projeto saísse como a empresa desejava.
Segundo o advogado de Mantega, José Roberto Batochio, o ex-ministro rechaça com veemência a denúncia. “Delatores de plantão que buscam trazer pessoas de visibilidade para o centro da investigação, quando não há motivo justo, estarão implicados em outras obrigações”, defendeu.
Ele argumentou também que o debate sobre desoneração tributária passava por diversos setores do governo, “não é assim uma decisão de um ministro”. A Odebrecht não comentou o assunto.