Com ida à Índia, Joel Sant’Anna pretende trazer indústrias farmoquímicas, têxteis e automobilísticas para Goiás

06 fevereiro 2025 às 17h12

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Em busca de consolidar Goiás como o maior polo farmoquímico do Brasil, o secretário de Indústria e Comércio, Joel Sant’Anna Braga Filho, embarcará para a Índia junto à comitiva liderada pelo governador Ronaldo Caiado, entre os dias 10 e 21 de fevereiro. Em entrevista ao Jornal Opção, Joel destacou que a missão internacional tem como foco não apenas o fortalecimento das relações comerciais com o país asiático, mas também a atração de novas indústrias.
“A Índia é o maior fabricante de insumos para medicamentos que chegam a Goiás. Muitos laboratórios goianos, especialmente em Anápolis, dependem desses insumos. Nossa intenção é não só aumentar as relações comerciais, mas trazer essas empresas para se instalarem em Goiás, já que somos um dos maiores clientes deles”, explicou o secretário.
Foco no setor farmacoquímico
Segundo Joel, a comitiva visitará a Sun Pharma, o maior laboratório da Índia, com o objetivo de estabelecer parcerias estratégicas. “Queremos que, ao invés de importarem insumos e distribuí-los por São Paulo e Rio de Janeiro, eles estabeleçam suas centrais de distribuição aqui em Goiás”, ressaltou.
A missão inclui também visitas ao escritório da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) na Índia, responsável por facilitar negócios internacionais, e ao Ministério da Indústria indiano, onde serão discutidas políticas de cooperação industrial. “A Índia é hoje o país mais populoso do mundo e um dos maiores fornecedores globais de medicamentos oncológicos, que representam 80% dos tratamentos vendidos no Brasil. O governador está construindo o hospital oncológico mais moderno do estado, o Cora, e essa parceria com fabricantes indianos será fundamental para garantir o acesso a medicamentos de qualidade e com custo competitivo”, explicou Joel.
Lapidação de esmeraldas e expansão mineral
Outro setor estratégico para a missão é o da mineração, especialmente na área de lapidação de esmeraldas. Goiás é um dos principais produtores de esmeraldas do Brasil, e a Índia lidera mundialmente na técnica de lapidação dessas pedras preciosas. Joel destacou que “a Índia compra grande parte das esmeraldas brasileiras, especialmente as extraídas em Campos Verdes. Lá, essas pedras, que saem do Brasil valendo entre 50 e 100 dólares, podem chegar a custar 10 a 20 vezes mais após o processo de lapidação, devido à tecnologia e à habilidade da mão de obra indiana.”
O objetivo da missão é estabelecer parcerias que permitam a transferência dessa tecnologia para Goiás. “Queremos criar Arranjos Produtivos Locais (APLs) que envolvam a cadeia de produção de joias e semi-joias, agregando valor aos produtos extraídos no estado e gerando renda para pequenos empresários e comunidades locais. Temos um plano estadual de recursos minerais que já contempla essa cadeia produtiva, e a parceria com a Índia pode acelerar esse processo”, completou Joel.
O plano inclui ainda o mapeamento da cadeia mineral de fertilizantes, terras raras, ouro e pedras preciosas, com o objetivo de atrair investimentos estrangeiros para o estado. “Temos polos industriais em várias cidades, como o Daia em Anápolis e o Dianot em Aparecida de Goiânia, com terrenos disponíveis para instalação de novas indústrias. Queremos que Goiás seja não apenas um fornecedor de matérias-primas, mas um polo industrial completo.”
Tecnologia, segurança e desenvolvimento
A missão à Índia também terá foco na área tecnológica, especialmente em sistemas de arrecadação e simplificação de impostos. “Vamos conhecer metodologias de tecnologia da informação aplicadas na administração pública, que podem ser adaptadas para melhorar a eficiência dos serviços em Goiás”, explicou Joel. A comitiva contará com a presença de representantes da Secretaria de Ciência e Tecnologia e da Secretaria da Economia, que têm agendas específicas na área.
Joel destacou ainda que a infraestrutura e a segurança pública de Goiás são atrativos importantes para investidores internacionais. “Nossa localização central no Brasil, combinada com uma das melhores seguranças públicas do país, torna o estado altamente competitivo para receber novos investimentos. Empresas chinesas já escolheram Goiás por esses fatores, e agora queremos ampliar essa rede de parcerias com a Índia.”
Expansão de parcerias
Os dados da Superintendência de Comércio Exterior e Atração de Investimentos Internacionais da Secretaria de Indústria e Comércio (SIC) destacam a relevância da relação comercial entre Goiás e Índia. Em 2024, a corrente de negócios entre os dois mercados somou US$ 515 milhões, com US$ 283,2 milhões em exportações e US$ 231,9 milhões em importações. Produtos farmacêuticos lideraram as importações, totalizando US$ 99,9 milhões, seguidos por produtos químicos orgânicos (US$ 54,2 milhões), indústrias químicas (US$ 28,3 milhões) e máquinas e instrumentos mecânicos (US$ 23,2 milhões).
O secretário destacou ainda o interesse na indústria têxtil durante a viagem. “Vamos visitar a maior feira de tecidos do mundo e prospectar novas oportunidades para o setor de confecções, já que Goiás também é o segundo maior polo de confecção do Brasil.” Joel revelou que os planos do governo goiano também incluem o setor automotivo. “A gente tem condições de atrair novas empresas para Goiás e, por isso, vamos visitar laboratórios, montadoras de automóveis e diversas outras empresas. Como fizemos na China, vamos prospectar oportunidades. O foco é o setor farmacêutico e o têxteis, mas também queremos expandir para a indústria automotiva”, concluiu.
A missão à Índia, liderada pelo governador Ronaldo Caiado, tem o objetivo de estreitar os laços, expandir o valor da corrente de negócios e atrair novas indústrias para Goiás. Durante os 11 dias de viagem, a comitiva participará de encontros com empresários, representantes governamentais e lideranças setoriais indianas.
“Queremos não apenas aumentar nossa presença no mercado internacional, mas também trazer novas inspirações e práticas que impulsionam o desenvolvimento e a criação de empregos no estado”, concluiu Joel.
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