Cerrado perdido: incêndios devastam 88 milhões de hectares em três décadas
12 setembro 2024 às 11h35
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Em uma nota divulgada nesta quarta-feira, 11, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) destacou a devastação do Cerrado, com 88 milhões de hectares queimados entre 1985 e 2023. Esta área representa 43% de toda a extensão do bioma e supera o território de países como Chile e Turquia.
O relatório revela que, anualmente, as chamas consomem uma média de 9,5 milhões de hectares do Cerrado, taxa que ultrapassa os índices da Amazônia, onde o fogo atinge 7,1 milhões de hectares por ano. A comparação ressalta a gravidade da situação no Cerrado, um bioma crucial para a biodiversidade e o abastecimento hídrico do Brasil.
Além das queimadas, o desmatamento também preocupa. Entre 1985 e 2023, o Cerrado perdeu 38 milhões de hectares de sua vegetação original, o que corresponde a uma redução de 27%. Hoje, quase metade do bioma foi alterada por atividades humanas.
O Cerrado, que cobre 25% do território brasileiro, é vital para a regulação climática e hídrica do país. Conhecido como o “berço das águas”, o bioma abriga uma rica diversidade de flora e fauna e está localizado principalmente no planalto central. Está presente em 12 estados brasileiros, incluindo Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal.
A crise se agrava em 2024. Entre janeiro e agosto, 4 milhões de hectares do Cerrado foram atingidos pelo fogo, com 79% desse total em áreas de vegetação nativa. Esse número representa um aumento de 85% em relação ao mesmo período de 2023. Em agosto, o estado de São Paulo registrou mais focos de calor do que a Amazônia, com mais de 81% dos focos ocorrendo em áreas agropecuárias.
A crise hídrica também se intensifica. Desde 1985, a área de superfície de água natural no Cerrado foi reduzida em 53%, totalizando 696 mil hectares em 2023. Apesar de ser a fonte de nove das doze bacias hidrográficas brasileiras e abrigar grandes aquíferos como o Guarani, Bambuí e Urucuia, a capacidade de retenção de água do Cerrado está comprometida pela expansão agrícola e mudanças climáticas.
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