A filha de Henrique Santillo foi escolhida por unanimidade dos presentes. O atual presidente, Edson José Ferrari, não compareceu

Foto: Assembleia Legislativa do Estado de Goiás
Foto: Assembleia Legislativa do Estado de Goiás

Foi sentada na cadeira em frente da imagem do pai Henrique Santillo que Carla Cíntia Santillo ouviu o anúncio de Kennedy Trindade nesta quarta-feira (5/11) que havia sido eleita presidente do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO). O conselheiro, que presidiu a votação, foi escolhido, também por consenso, como vice-presidente do Tribunal, junto com Celmar Rech, eleito corregedor-geral. Carla é a primeira mulher presidente do TCE, em 62 anos de história. A chapa deverá tomar posse até o dia 21 de dezembro. 

O presidente Edson José Ferrari, que está à frente do Tribunal há quatro anos, não compareceu à votação. Era claro o desconforto geral com o fato. A nova presidente eleita inclusive disse ao Jornal Opção Online que seria melhor não comentar a eleição. “Isso pode dar problema, sabe”, falou. Carla explicou que oficialmente não recebeu notícia do motivo de Ferrari não ter comparecido, e logo se esquivou sem querer falar muito. “Ainda não tomei posse”, disse. A assessoria de imprensa do TCE informou que ainda não sabe o motivo da ausência de Edson.

Ferrari está à frente do Tribunal desde 2010. Alguns dos presentes, como o presidente do Sindicato dos Servidores do TCE-GO (Sercon), Marcos Perillo, disseram que o órgão precisava de mudança. Marcos se pronunciou dizendo que o mandato de quatro anos de Ferrari foi propiciado por ele, após alteração no regimento interno para ser reeleito em 2012. “O sindicato não concorda com a ação do presidente Ferrari de alterar o regimento interno, possibilitando a reeleição. O sindicato acha que a alternância de poder é salutar, importante, oxigena o órgão e melhora as relações com os funcionários”, pontuou. 

Entretanto, segundo Ferrari, a possibilidade de reeleição no Tribunal não é estabelecida pelo regimento interno, não cabendo ao presidente qualquer tipo de alteração. Na verdade, essa mudança é realizada pela Lei Orgânica, votada na Assembleia Legislativa de Goiás. Em 2010, o presidente do TCE na época, Gerson Bulhões, encaminhou à Casa estadual um pedido para alteração do tempo de gestão na presidência no Tribunal. Os deputados aprovaram, passando a ser possível a reeleição — o que ocorreu no caso de Ferrari.

Outro nome que estava sendo cogitado para ocupar a presidência do Tribunal nos próximos dois anos era o de Sebastião Tejota. A escolha pelo conselheiro, no entanto, inviabilizaria a eleição do seu filho, o deputado estadual Lincoln Tejota, ao cargo de presidente da Assembleia Legislativa de Goiás — algo que tem sido discutido ultimamente.

Mesmo que isso tenha sido cogitado, foi Tejota que apresentou a chapa para votação. Carla Santillo disse ao Jornal Opção Online que se reuniu com os conselheiros nesta quarta-feira (5/11) pela manhã, e que chegaram a um consenso que foi apenas exposto em votação no plenário.

Carla é natural de Anápolis, graduada em Odontologia com especialidade em Endodontia. Atualmente a presidente eleita é acadêmica do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Carla Santillo foi eleita deputada estadual em 2002, tendo exercido a 2ª vice-presidência da Assembleia Legislativa do Estado. Em 2006 foi empossada como conselheira do TCE, tendo atuado como corregedora-geral e atualmente é vice-presidente do órgão.

*Matéria atualizada às 17h51 do dia 6/11 após explicação do presidente do TCE, Edson Ferrari, que a mudança que possibilitou sua reeleição não coube a ele, e sim à Assembleia Legislativa, por meio da aprovação da Lei Orgânica.