Após renúncia de Célia, base do prefeito fica “atordoada”
16 dezembro 2014 às 14h58
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Fortes desgastes antecederam a renúncia da peemedebista, como as articulações que a deixaram de fora da disputa da nova presidência da Casa e a votação do IPTU/ITU
Parte da base aliada do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), ficou surpresa nesta terça-feira (16/12) com a renúncia de Célia Valadão (PMDB) ao cargo de líder do Governo na Câmara Municipal de Vereadores. A peemedebista ocupava a função há quase dois anos e comunicou sua saída ao petista em reunião na segunda-feira (15).
Integrantes do grupo de sustentação relataram ao Jornal Opção Online que não foram avisados sobre a escolha. E nem sabem quem será o novo representante do Paço Municipal na Casa. “Ela se sentiu em situação complicada, principalmente com a questão da nova mesa diretora”, disse Jorge do Hugo (PSL). A base, segundo ele, aguarda reunião para esclarecer o caso.
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A falta de consenso para que Célia Valadão pudesse disputar a presidência da Casa foi um dos motivos que a levaram a sair. Conforme apurou a reportagem no dia 25 de novembro, a vereadora pedia votos para concorrer ao pleito, mas não era bem aceita nem entre os próprios colegas de partido. “Saio sem estremecer a relação [entre o Poder Executivo e o Legislativo]”, observou ela.
Denício Trindade (PMDB) ficou surpreso com a entrega do cargo e ressalta que a aliança entre seu partido e o PT devem ser preservadas. Principalmente por conta das eleições de 2016. “Basta o prefeito escolher um novo nome que circule bem”, avaliou. Carlos Soares, líder do PT na Câmara, é um dos mais cotados para ocupar a liderança. Nos bastidores, comenta-se que ele agrada e transita com facilidade na base e oposição.
À reportagem, afirmou que seu nome está sendo cotado pelos colegas. Mas preferiu não comentar a hipótese para evitar desgastes com o Paço Municipal. “Eu converso com todos, mas não recebi convite formal”, comunicou.
Desfalque
A renúncia de Célia Valadão foi antecedida de fortes desgastes na base de Paulo Garcia. E veio em momento crítico: a começar pela votação do projeto que reajusta o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU/ITU) na capital. A proposta deve ser aprovada até o próximo dia 20, para que entre em vigor em 2015.
Assim como o prefeito se mostrava irredutível a recuar do aumento — que de 57,8% caiu para 39,8% –, a base não aceitava o índice, o que fez com o que o petista ficasse excluído do centro das discussões. Desde então, aliados tidos como fiéis passaram a adotar novos discursos.
Eudes Vigor (PMDB), suplente de Denício Trindade e relator do projeto na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), havia adiantado que o valor não seria aprovado por ele na comissão. Já Paulo Magalhães (SD) foi ao gabinete de Paulo Garcia para dizer que vota contra.
A poeira levantou um dia antes da eleição de Anselmo Pereira (PSDB) para a presidência da nova mesa diretora. O chamado blocão (composto por dissidentes da base, oposição e Bloco Moderado) conquistou o apoio de Mizair Lemes Júnior, presidente do PMDB metropolitano, Edson Automóveis (PMN), Jorge do Hugo e Antônio Uchôa (PSL), Fábio Lima (PRTB) e Rogério Cruz (PRB).
A “gota d’água” para Célia Valadão desistir da liderança foi a reunião de ontem, em que foram definidas as presidências das principais comissões temáticas e o Conselho de Ética da Câmara. A oposição vai controlar 11 colegiados, e a base 6.