Entidade destaca “fracasso moral catastrófico” dos líderes mundiais, que continuam a divergir enquanto milhões de pessoas enfrentam condições humanitárias desastrosas

Múltiplas crises de refugiados em nível global estão deixando milhões em desespero, segundo Anistia
Múltiplas crises de refugiados em nível global estão deixando milhões em desespero, segundo Anistia

A Anistia Internacional divulgou um plano de ação combinada em oito áreas para diminuir a crise de refugiados. A entidade condenou o “fracasso moral catastrófico” dos líderes mundiais para enfrentar o problema.

Os pontos definidos pela organização são: financiamento para responder à mais grave crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial; garantia de alojamento digno; anúncio de rotas legais e seguras; garantia de acesso ao território de um país aos refugiados que chegam às fronteiras; combate ao racismo, xenofobia e tráfico de pessoas, e disponibilidade para a ratificação global da Convenção dos Refugiados.

Na apresentação do documento, a organização não governamental de defesa dos direitos humanos assinalou que o “fracasso moral catastrófico” dos líderes mundiais, que continuam a divergir enquanto milhões de pessoas enfrentam condições humanitárias desastrosas, “vai definir o legado das futuras gerações”. O plano foi divulgado às vésperas de nova reunião do Conselho Europeu, nesta quinta (15) e sexta-feira (16), e da cúpula do G20, em novembro

Para a AI, a “violência horrenda” na Síria, no Iraque e no Afeganistão e os “múltiplos conflitos” na África subsaariana têm provocado uma resposta “vergonhosa, em particular dos países mais ricos”, que ignoraram os apelos para a ajuda humanitária e o acolhimento dessas pessoas vulneráveis.

“As múltiplas crises, sem precedentes, de refugiados em nível global estão deixando milhões de pessoas em desespero, mas a resposta dos países ricos é um fracasso catastrófico”, criticou no documento o secretário-geral da AI, Salil Shetty. Ele recordou que os refugiados “têm o direito internacional de procurarem e terem garantido o asilo”.

Ao propor o acesso aos territórios para os refugiados que chegam às fronteiras, a AI pediu aos Estados que deixem de tomar medidas que inibam as pessoas de fugirem de um país onde enfrentam perseguições e violência. A entidade apelou a diversos governos a deixarem de promover a xenofobia e pararem de sugerir que os migrantes são a causa dos problemas econômicos e sociais.

O combate aos grupos de traficantes e o apoio e proteção às pessoas vítimas de tráfico, além da necessidade de os Estados reconhecerem o direito ao asilo – por meio da ratificação global da Convenção dos Refugiados – constituem as duas últimas áreas do plano de ação.