A ação do MPF paga para ver se o País para mesmo se empreiteiras forem punidas
13 dezembro 2014 às 12h18
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Completa hoje um mês que a Operação Lava Jato prendeu 18 pessoas acusadas pela participação no petrolão e apreendeu documentos sobre o esquema de pagamento de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobrás, no esquema liderado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa junto com o doleiro Alberto Youssef. Outras duas pessoas fugiram e entregaram-se depois.
Oito dias antes, um grupo de construtoras que agiam em conjunto acreditava que seria poupado de uma eventual ação policial. Acreditava que as empreiteiras eram importantes demais para serem punidas. Mesmo assim, o grupo articulava uma ação comum de defesa para o caso de ocorrer o que não esperavam: a repressão. Poderia gastar R$ 1 bilhão na defesa de todos.
A comprovação está em documentos e anotações apreendidos pela Polícia Federal junto à Engevix. “Janot e Teori sabem que não podem tomar decisão”, anotou-se num papel. “Pode parar o país”, desafiou-se alguma decisão policial ou judicial contra as construtoras que prejudicasse a indústria da construção e de exploração de serviços de infraestrutura.
Afinal os planos políticos e econômicos do PT no poder se sustentam no apoio de serviços e investimentos das grandes empreiteiras, patrocinadoras de viagens e palestras caras e exclusivas do ex-presidente Lula. Daí as menções das construtoras a Janot e Teori.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda não revelara a autonomia que agora demonstrou ao denunciar a corrupção no governo a partir do petrolão. Teori Zavascki é ministro do Supremo Tribunal Federal indicado pela presidente Dilma e atua junto a Janot.
Por ironia, agora o Ministério Público Federal (MPF) deseja que as empresas e pessoas envolvidas no petrolão devolvam aos cofres públicos R$ 1,1 bilhão como indenização, quantia que se aproxima daquele R$ 1 bilhão que as construtoras teriam para pagar a defesa conjunta em caso de repressão.
Cabe ao procurador encaminhar as denúncias ao Supremo na pessoa de Zavascki, encarregado de centralizar no tribunal o processo da Lava Jato e depois distribuí-los a tribunais competentes. Indicado por Dilma a ministro, Zavascki é uma referência do governo. Em sua última passagem por Brasília, Lula demonstrou a petistas estar atento à atuação do ministro no petrolão.
A previsão daquele grupo falhou em relação a Janot, agora que o MPF denunciou criminalmente 36 pessoas pela corrupção na Petrobrás. Entre elas, estão 25 donos, executivos e funcionários de seis empreiteiras: Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC. Não chegou a vez da Odebrecht.
Como informou Janot, esta é a primeira leva do petrolão. Gradualmente, as denúncias criminais incluirão autoridades e políticos de partidos beneficiados pelos assaltos à petroleira. O clima deve aquecer quando chegar a vez de Renato Duque, antigo tesoureiro do PT, de onde saiu para operar a Diretoria de Serviços, berço do petrolão.
Esclareceu o MPF, todo o trabalho feito até agora com a participação da Polícia Federal se restringe a Serviços da Petroleira desde 2004, quando o governo Lula colocou Paulo Roberto Costa, o amigo Paulinho, como diretor da área para operar em nome do PP, para repartir o lucro dos subornos com o PT e outros partidos aliados.
A certeza de que não demora a vez de Duque consta de documento entregue pelo MPF à Justiça Federal na quinta-feira. “As condutas de Renato Duque e de outros empregados corrompidos da Petrobrás serão denunciadas em manifestações próprias”, registrou a procuradoria. Segundo o documento, a ação de Duque e Paulinho “garantiam que os intentos do grupo fossem atingidos”.