13º salário vai injetar R$ 11,5 bilhões na economia de Goiás
19 novembro 2024 às 17h12
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O 13º salário, pago anualmente aos trabalhadores formais no Brasil, será, novamente, uma das principais movimentações financeiras do fim de ano, com um impacto direto na economia goiana. Em 2024, o benefício deve injetar cerca de R$ 11,5 bilhões no estado de Goiás, um aumento significativo em relação aos R$ 10,2 bilhões registrados no ano passado.
O montante será dividido em duas parcelas, sendo a primeira paga até o dia 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro. O valor total representa um importante respiro para a economia local, influenciando tanto o comércio quanto as finanças pessoais dos goianos, especialmente em um cenário de crescente endividamento.
De acordo com estimativas do Sindilojas Goiás, a maior parte dos trabalhadores deverá receber valores entre R$ 1.420,00 e R$ 3.096,78. Esses recursos, embora representem uma significativa soma, nem sempre são suficientes para resolver as pendências financeiras acumuladas ao longo do ano. Especialistas alertam que, diante da alta taxa de endividamento da população goiana, é crucial que o 13º salário seja usado de forma estratégica para evitar que o benefício se torne uma armadilha de consumo impulsivo, agravando ainda mais a situação financeira de muitas famílias.
O cenário de endividamento é um fator central nas discussões sobre o uso do 13º salário. Muitos goianos estão enfrentando dificuldades financeiras significativas. Em Goiânia, por exemplo, dados recentes indicam que a dívida média das famílias chega a R$ 5.000, o que coloca grande parte da população em uma situação de vulnerabilidade financeira. Para essas pessoas, o 13º salário representa uma oportunidade para dar um alívio, quitando dívidas e retomando o controle sobre o orçamento doméstico.
Cássius Rodrigues, auditor e consultor contábil, explica que, embora o montante recebido por cada trabalhador seja considerável, ele pode não ser suficiente para resolver todos os problemas financeiros de uma só vez. Por isso, ele recomenda que o benefício seja usado de forma organizada. “O ideal é que o trabalhador priorize o pagamento das dívidas mais urgentes, aquelas com juros mais altos e que, caso não sejam pagas, podem gerar um endividamento ainda maior”, afirma.
Rodrigues também sugere que, caso o trabalhador tenha várias dívidas, uma boa estratégia é procurar opções de renegociação, como os feirões de quitação de débitos promovidos por plataformas como o Serasa Limpa Nome, onde é possível obter descontos significativos, que podem chegar a até 98%. “Esse é um momento importante para quem está com o nome sujo. Aproveitar esses descontos pode ser a chave para voltar ao mercado de consumo e dar um novo começo financeiro”, acrescenta.
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Além da necessidade de quitar dívidas, Cássius alerta para a tentação de gastar o 13º salário de forma impulsiva, especialmente em um período de fim de ano, repleto de promoções como a Black Friday e as compras para o Natal. “O consumo está em alta, especialmente nas compras online, que facilitam ainda mais o ato de comprar sem pensar. Muitos acabam comprometendo o 13º com compras desnecessárias, o que pode resultar em mais dívidas no início do ano”, alerta.
O consultor orienta que, mesmo com a pressão das festividades, o trabalhador deve ter disciplina para não “deixar o dinheiro evaporar” sem planejamento. Além de priorizar o pagamento de dívidas, Rodrigues sugere que o trabalhador reserve uma parte do 13º salário para despesas previstas no início do ano, como a renovação de matrícula escolar, o pagamento de impostos como o IPTU e o IPVA, e a compra de material escolar. Essas despesas, que surgem logo nos primeiros meses de 2025, podem ser bem mais difíceis de arcar caso o trabalhador tenha se endividado ainda mais no fim do ano.
13º Salário como direito trabalhista
Embora muitos vejam o 13º salário como um “benefício” ou uma “bonificação” da empresa, ele é, na verdade, um direito trabalhista garantido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Cássius explica que o 13º salário corresponde a uma remuneração adicional que o trabalhador recebe ao longo do ano, equivalente a um doze avos de sua remuneração por cada mês trabalhado. “Se um trabalhador trabalhou o ano todo, ele tem direito a receber o valor integral do 13º. Mas se ele entrou na empresa durante o ano, o valor será proporcional ao período trabalhado”, esclarece.
O especialista também destaca que, em algumas situações, o trabalhador pode acabar recebendo uma soma considerável de dinheiro no final do ano. Isso ocorre porque, além do salário regular e do 13º, alguns trabalhadores podem ter direito ao pagamento de férias, o que pode resultar em um montante significativo.
No entanto, é preciso ter cuidado, pois muitos acabam se perdendo no controle desses recursos extras. “É fácil se empolgar quando se recebe um valor considerável de uma vez, mas é essencial saber que esse dinheiro não deve ser gasto sem reflexão. O desconto de férias, por exemplo, pode pegar muita gente de surpresa, já que ele será descontado no pagamento do mês seguinte”, alerta Rodrigues.
O impacto do pagamento do 13º salário não se limita apenas às finanças pessoais dos trabalhadores, mas também afeta diretamente a economia local. O comércio varejista é um dos setores mais beneficiados, já que o aumento do poder de compra impulsiona as vendas, especialmente em itens como vestuário, calçados, brinquedos, eletroeletrônicos e móveis, além dos alimentos para as tradicionais ceias de Natal.
No entanto, Rodrigues também observa que nem todos os setores da economia goiana se beneficiarão igualmente do aumento do consumo. O setor agropecuário, que enfrenta dificuldades financeiras devido ao alto índice de endividamento e à queda nas vendas de produtos, poderá ter um desempenho mais modesto. “Apesar da alta no consumo em algumas áreas, como o varejo e o turismo, o setor agropecuário está atravessando uma crise de endividamento. Isso pode impactar a oferta de produtos e o poder de compra do consumidor rural”, afirma.
Além do varejo, o turismo é outro setor que deve se beneficiar do pagamento do 13º salário. Com a proximidade do Natal e do Ano Novo, muitos goianos aproveitam o período para viajar, o que movimenta o mercado de turismo e hotéis. A combinação de feriados prolongados, com o Natal caindo em uma quarta-feira e o Ano Novo no dia 31, um domingo, favorece a escolha de viagens para quem deseja aproveitar os dias de descanso.
O 13º salário representa uma oportunidade importante para os trabalhadores goianos, tanto para sanar dívidas quanto para aproveitar o momento de consumo do final de ano. No entanto, é essencial que os goianos adotem uma postura consciente ao lidar com o benefício. O uso prudente do 13º salário, priorizando a quitação de dívidas e o planejamento para despesas futuras, pode garantir um começo de ano mais tranquilo e menos estressante financeiramente.
Em um contexto de crescente endividamento e instabilidade econômica, o 13º salário, embora seja um direito, precisa ser tratado com responsabilidade para que seu impacto na vida financeira do trabalhador seja positivo, evitando que ele se torne uma ferramenta de agravamento das dívidas.
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