Emedebista fala pouco sobre a sucessão na capital tocantinense, mas resultado pode favorecê-lo politicamente

Eduardo Gomes, senador do Tocantins | Foto: Agência Senado

Se tem um político interessado nas eleições municipais de Palmas – mesmo que se esquive do assunto ao ser questionado – é o senador Eduardo Gomes (MDB). O parlamentar navega em céu de brigadeiro, transita em todos os meios políticos e vai, aos poucos, se fortalecendo cada dia mais ao destinar milhões e mais milhões aos municípios tocantinenses, fruto de emendas parlamentares ou articulação de convênios. Gomes, por ser o líder do governo federal no Congresso Nacional, entra e sai quando quer de qualquer ministério e, obviamente, é sempre bem atendido.

Mas o resultado da eleição municipal em Palmas tem um caráter, digamos, diferenciado. Se hipoteticamente o candidato do ex-prefeito Amastha (PSB) fosse eleito, o vereador Tiago Andrino (PSB), não seria de todo ruim para Eduardo Gomes, uma vez que sua relação com Amastha é tranquila, amistosa e vem de longa data.

Mas se o eleito fosse Alan Barbiero (Podemos), candidato do prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (Podemos)? Não há dúvidas que, para Gomes, seria muito mais que tranquilo e o trânsito continuaria livre. Assim como com Amastha, o senador é muito mais do que parceiro de Dimas. O deputado federal Tiago Dimas, para se ter uma ideia, trabalhou pela primeira vez na vida, logo após atingir a maioridade, como assessor do então deputado federal Eduardo Gomes, em Brasília. É uma relação de admiração que, até hoje, o deputado federal Dimas enaltece com orgulho.

E se o MDB velho de guerra, partido do senador, filiasse Raul Filho e ele obtivesse êxito? Ora, nada mais salutar e cômodo para Gomes. Seria “juntar a fome com a vontade de comer”, como preceitua o ditado popular.

Caso a atual prefeita, Cinthia Ribeiro (PSDB), ganhasse a eleição, também a situação seria tranquila e pacífica. Gomes foi o fiel escudeiro do saudoso senador João Ribeiro – de quem Cinthia é viúva – e, por isso, a relação com a prefeita é muito mais do que serena e sossegada. Ademais, Gomes tem trazido inúmeros recursos para Palmas, o que tem contribuído sobremaneira para a gestão. Em que pese haver brincadeiras – dizem as más línguas, vindas do gabinete da prefeita – que o apelido do senador é “Trovão” porque só faz barulho, a cada liberação de recursos (e não são poucos!) engraçadinhos ligados ao Paço ou não, costumam tuítar: “Trovejou de novo!”.

Mas o “pulo do gato” seria a eleição do vice-governador Wanderlei Barbosa (Progressistas). É que todos sabem da intenção e da força de Gomes para a disputa do Palácio Araguaia em 2022, já que o atual governador Carlesse (DEM) não pode ser reeleito. É provável que Carlesse dê segmento à sua carreira política, renunciando, em abril de 2022, para disputar o único cargo de senador disponível em outubro, hoje ocupado por Kátia Abreu. Se Wanderlei não houver sido eleito prefeito de Palmas em 2020, ele ascenderá ao cargo de governador e, certamente, usará e abusará do direito de disputar o próprio cargo, dificultando a vida de Gomes.

Sob essa ótica, ajudar eleger Wanderlei em 2020 e, consequentemente tirá-lo do páreo dentro grupo palaciano, é “dever de casa” para Eduardo Gomes, que mataria “dois coelhos com uma cajadada só”. É aguardar para conferir, mas dificilmente o senador trilhará outro caminho, aproveitando para explicar aos adversários momentâneos – com toda habilidade que lhe é peculiar – que seu apoio a Wanderlei faz parte de um projeto futuro, mais ousado e que beneficiará a todos.