Presidente do partido em Palmas anuncia que será candidato a senador e informa que a sigla, que terá Carlos Amastha na cabeça de chapa na disputa ao governo estadual, busca outros nomes para completar a majoritária

Foto: Divulgação
Suplente de deputado estadual, Alan Barbiero exerceu o mandato na Assembleia Legislativa entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2018, com a licença do titular Ricardo Ayres (PSB), que foi convocado pelo prefeito Carlos Amastha (PSB) para assumir a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Regularização Fundiária e Serviços Regionais. Nesta entrevista ao Jornal Opção, Barbiero fala sobre sua experiência no parlamento, bem como anuncia sua candidatura ao Senado, no pleito de outubro, compondo a chapa que deverá ser encabeçada pelo prefeito de Palmas.
Professor universitário, graduado em Engenharia Agronômica (UFG), com mestrado e doutorado em Sociologia e Economia do Desenvolvimento (França/ Canadá), ele foi o primeiro reitor da Universidade Federal do Tocantins (UFT). É presidente do diretório metropolitano do PSB em Palmas.
Qual a sua avaliação sobre o exercício do mandato de deputado estadual, em substituição a Ricardo Ayres, durante o ano de 2017?
Foi uma experiência fantástica e creio que deixei um legado. Criamos o Conselho de Desenvolvimento da Piscicultura, desenvolvemos um regimento interno e um plano de metas. Para isso e alteramos a lei, de forma tal que a atividade seja favorecida. Propus ainda, um comitê de governança para acompanhar o referido plano, além de viabilizar uma composição que inclui órgãos públicos, iniciativa privada e universidades.
O Ruraltins, por exemplo, já iniciou, inclusive, um censo da piscicultura que tem por objetivo regularizar aquelas atividades que, até então, estão irregulares. A mudança da legislação permitiu isso, o que já irá melhorar as estatísticas da nossa produção. Em dez anos, a meta é figurar entre os cinco maiores produtores do País.
No tocante aos tanques-rede, qual é a situação atual do projeto?
O projeto experimental foi desenvolvido e está sendo acompanhado pela Embrapa, no projeto sucupira, no lago de Lajeado. Enquanto secretário do Meio Ambiente participei das discussões sobre o parque aquícola do Tocantins. Para se ter uma ideia, a produção nacional é de 400 a 500 toneladas, e só o lago de Palmas tem potencial para produzir a metade disso, sem considerar os reservatórios de Peixe/Angical e do Estreito. Além disso, o investimento é razoavelmente pequeno, se comparado a qualquer indústria que venha se instalar na região.
A minha preocupação e luta pela causa reside no fato de que essa produção empregaria centenas ou milhares de pessoas. Inobstante a isso, é necessário destacar que há uma cultura do povo tocantinense em criar e consumir peixes. Exemplificativamente, cada três unidades de tanque-rede têm condição de sustentar e alimentar uma família, na medida em que é possível obter uma renda de até R$ 1,8 mil por mês. Isso é inclusão social, isso é desenvolvimento sustentável.

Vou defender a aplicação de 10% do PIB
na educação. Hoje o plano nacional prevê, apenas, 7% e isso não é suficiente”
Quais foram os outros avanços no exercício do seu mandato?
As evoluções foram consideráveis quando o assunto foi a inclusão social. Consegui aprovar quatro projetos que valorizam a pessoa com deficiência, como a criação das paraolimpíadas do Tocantins. Creio que a prática de esportes eleva muito a autoestima das pessoas portadoras de algum tipo de deficiência.
Também apresentei projeto de lei para que as escolas se organizem e se adaptem para receber os surdos, além da implantação da semana de conscientização das pessoas com deficiência, valorizando e proporcionando-lhes oportunidades na iniciativa privada.
Consegui contribuir, também, ao realizar duas audiências públicas que tratou do sistema estadual de ciência e tecnologia e elaboramos propostas para fortalecê-lo. Assim como nos Estados Unidos, o avanço das tecnologias e inovações promove e desenvolve os Países e não apenas a exploração dos recursos naturais, como no Brasil. Temos que mudar essa realidade ou estaremos mais do que ultrapassados, em pouquíssimo tempo.
Efetivamente, o sr. é pré-candidato ao Senado nas eleições deste ano?
Estive em Brasília e recebi o total aval e apoio, tanto do presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, como também do presidente da Fundação João Mangabeira e secretário-geral do partido, Renato Casagrande, ex-governador do Espírito Santo e ex-senador.
Entendemos que o PSB está crescendo no Estado do Tocantins e temos espaços a ocupar, tanto no executivo como no parlamento. Em nível nacional, o PSB lançará dez candidatos a governador com amplas chances de vitória. Queremos ampliar nossa bancada de deputados federais, uma das nossas prioridades, e vamos lutar também para aumentar, ou pelo menos manter, o número de senadores, já que dois deles disputarão os governos de seus Estados.
E quanto à educação, quais são as suas propostas?
Fui reitor da UFT, sou professor universitário e conheço o tema. Vou defender a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação, o que considero um princípio básico. Hoje o plano nacional prevê, apenas, 7% e isso não é suficiente.
Além disso, defenderei a aplicação de 1% do PIB em ciência e tecnologia. Atualmente, o Brasil aplica 0,5%, o que eu considero vergonhoso para um país que pretende ser grande.
Também sou favorável à consolidação e expansão das Universidades Federais e Institutos Federais, que cumprem hoje um papel importantíssimo no contexto educacional.
Por fim, creio que a valorização do magistério, da educação infantil à pós-graduação é de crucial importância para o desenvolvimento da nação brasileira. Portanto, vou lutar muito para que haja investimentos na formação e especialização dos nossos professores.
Como o sr. analisa os seus prováveis adversários, entre os quais, Vicentinho Alves, César Halum, Eduardo Gomes e até mesmo o ex-governador Siqueira Campos?
Respeito todos eles, contudo, o que eu tenho ouvido da população é uma certa fadiga, um cansaço de votar sempre nas mesmas pessoas, quase sempre composto por um grupo familiar, bastante fechado.
Tenho notado que as pessoas querem oxigenar a política e querem o surgimento de outros nomes. Vejo o Senado muito conservador que, muitas vezes, esbarra e trava bons projetos advindos da Câmara Federal. Considero que ali não é lugar para políticos aposentados ou em final de carreira, nem tampouco para despachantes de emendas. O senador é uma figura que tem que orgulhar o seu Estado e participar ativamente dos grandes debates que transformam e impactam a vida dos brasileiros.
Me sinto preparado para a missão, estou respaldado por um partido que me impulsiona para isso. Por ouvir incessantemente o lamento da população que anseia por pessoas que as representem de verdade, coloquei meu nome como pré-candidato ao Senado Federal.
Em que o sr., se eleito senador pelo PSB, poderá melhorar o nível da política brasileira, que está recebendo repúdio da sociedade?
Precisamos renovar a política no Brasil e no Tocantins. Chegou o momento de uma virada de página, sendo necessário a implantação de novos conceitos, a partir de agora. Essa nova política tem que priorizar o cidadão e apresentar resultados, melhorando a qualidade de vida das pessoas.
Entendo que o papel do senador não se resume a ser mero despachante, e sim, uma pessoa que discute e apresenta temas e propostas para mudar o País, os Estados, as cidades. Tenho bandeiras e quero defendê-las, tais como a educação, o desenvolvimento sustentável e as políticas de inclusão social. Além disso, defendo a ética na política, o combate à corrupção e aos privilégios, sendo necessário, portanto, o enfrentamento para operacionalizar tais reformas.
Falando no tema, a reforma mais importante é, sem dúvida, uma reforma política – radical, se necessário – para eliminar, de vez, o abuso do poder econômico, que é a origem e o cerne da corrupção no Brasil.
O sr. é um defensor da ciência e tecnologia. Que pontos mais específicos pretende defender nessa área, caso se eleja senador?
Este tema já está incluso no desenvolvimento sustentável. Quero propor a mudança da matriz energética, tanto do Tocantins, quanto do Brasil. É inadmissível, por exemplo, que a Alemanha tenha uma incidência solar muito menor do que a Brasil e utilize muito mais energia solar que nosso País. Sabe qual é a diferença? Políticas públicas governamentais que favorecem a utilização da energia fotovoltáica, o que não ocorre no Brasil.
Fizemos na capital do Tocantins um dos projetos mais audaciosos, denominado “Palmas Solar”, que está em curso e mudando a realidade da população palmense. Precisamos levar e implantar isso em todo Tocantins e no Brasil. Na condição de senador, poderei propor a mudança da legislação perante o Congresso Nacional, bem como angariar recursos para operacionalizar a energia solar, uma vez que a incidência do sol é grande no nosso território.
Em relação à candidatura do prefeito Carlos Amastha ao governo do Tocantins, como o sr. vislumbra essa iniciativa do gestor municipal?
Vejo o prefeito como a principal liderança emergente do Estado do Tocantins. Ele conseguiu fazer uma ruptura em Palmas, regendo uma administração que encarou, de frente, problemas que poucos quiseram enfrentar. Além disso, ele projetou a cidade para o país e para o mundo. Todos nós, hoje, temos orgulho da nossa cidade, bela e bem cuidada, retratada em uma novela global.
Nossas escolas municipais foram ampliadas e estão muito bem cuidadas. A saúde é referência e o saneamento básico foi universalizado. Houve mudanças no tocante a prática de esportes, em virtude da revitalização das praças públicas. Ele também implantou o Instituto 20 de Maio, visando capacitar nossos servidores, dentre muitos outros projetos bem-sucedidos.
Por esta razão, vejo o prefeito de Palmas como o melhor nome para governar o Estado do Tocantins a partir de 2019, uma vez que é capaz de fazer o enfrentamento necessário, assim como fez no comando da prefeitura da capital. Não há mais espaços para populismos e o que deve ser priorizado é a eficiência do serviço público, que tem por meta o bem-estar do cidadão.
Como o Estado poderia crescer e se desenvolver, se considerarmos que nossa capacidade de endividamento é grande, no entanto, não possuímos capacidade de pagamento?
Nós precisamos de bons projetos e credibilidade. Essa é a formula que Palmas utilizou. Não faltam recursos para nossa capital e nossa capacidade de investimento é enorme, mesmo diante da crise financeira que o Brasil atravessa. Temos todas as certidões e isso nos permite receber recursos, tanto federais quanto internacionais. Quando a “casa” está organizada, fica mais fácil desenvolver.
Então, eu creio que o Estado do Tocantins também tem todo potencial e, uma vez administrado por nós, será capaz de se desenvolver da mesma forma. Tenho certeza que não vão faltar recursos se houver bons projetos e o governo tiver credibilidade. Afirmo que o primeiro passo para obter esse último requisito é o combate incessante à corrupção. Precisamos de uma política austera de enxugamento, reduzindo secretarias inoperantes, bem como, diminuindo o quadro de servidores comissionados.
Na condição de presidente metropolitano do PSB em Palmas, o sr. poderia nomear os outros candidatos dessa chapa “puro sangue”?
Nosso candidato a deputado federal é o vereador da capital Tiago Andrino, cuja eleição é prioritária para o partido, uma vez que ele defende as bandeiras e ideologias da sigla. Para deputado estadual, temos vários candidatos e acredito que conseguiremos eleger pelo menos três representantes, entre os quais, o próprio deputado Ricardo Ayres, que em razão do seu excelente trabalho – no parlamento e como secretário municipal – tem amplas chances de ser reeleito.
Neste momento, a chapa já está toda formada?
Ainda não. O grupo é muito amplo e a ideia é priorizá-lo. Vamos buscar outro candidato a senador, como também um vice-governador representativo. Várias pessoas fazem parte desse projeto e a ideia é ter representação em todo Estado do Tocantins, de Gurupi ao Bico do Papagaio, do sudeste até Caseara.
O PSB tem boa penetração na região sudeste e um razoável número de simpatizantes em Gurupi e Palmas. Contudo, há uma espécie de “paredão” em relação ao norte do Estado. Como transpô-lo?
Temos notado que nossas ações em Palmas têm repercutido em todo Estado. Até em pequenas cidades, mesmo na região do Bico do Papagaio, temos encontrado pessoas que conhecem o nosso trabalho e são capazes de falar da transformação que Palmas experimentou. Então, esse trabalho do prefeito Amastha em Palmas o projeta no Estado inteiro, não temos dúvidas. Nossas pesquisas internas já indicam esse cenário, mas trabalharemos nos próximos meses, com toda certeza, no sentido de divulgar ainda mais o sucesso da nossa administração e da força do trabalho à frente da prefeitura da capital.
E quanto às prováveis coligações?
Uma coligação certa é com o Podemos. O Adir Gentil já está filiado àquela sigla e lançará sua candidatura a deputado federal. Naturalmente, o deputado Carlos Henrique Gaguim também irá pleitear sua reeleição pelo mesmo partido.
O PSB deixou que um nome de peso, o vereador Marilon Barbosa, se afastasse dos dirigentes que comandam o partido. Ele não poderia contribuir muito com esse crescimento da sigla nas próximas eleições? Como presidente metropolitano do partido, o sr. poderia explicar o que houve?
Apesar de ter abandonado a base do prefeito Amastha na Câmara de Vereadores, Marilon ainda está filiado ao PSB. Nos próximos dias vamos procurá-lo para um diálogo franco, bem como questioná-lo acerca dos motivos da sua insatisfação, buscando convencê-lo que o nosso projeto é o melhor para o Estado e para todos nós.
Logicamente, vamos respeitar seus argumentos. Contudo, se ele optar por apoiar um candidato que não seja do PSB, será mais confortável para ele procurar outra sigla, reiterando que não lhe causaremos nenhum constrangimento.
Muita honra de poder acompanhar o trabalho desse grande profissional . Vá em frente querido prof. Alan, estamos confiantes no seus projetos para o Senado. Conte conosco.