O deputado estadual Valdemar Junior expõe suas impressões sobre o cenário pandêmico e sua carreira política

O deputado estadual Valdemar Junior é um conhecido comunicador tocantinense. Nascido em Porto Nacional (TO), onde iniciou sua carreira como radialista, é graduado em Direito e atuou como repórter e apresentador nas principais emissoras de televisão de Goiás e do Tocantins. Foi secretário de Comunicação do Estado e superintendente da RedeSat. Em 2008, elegeu-se vereador pela capital, com a maior votação da história de Palmas, e foi reeleito em 2012. Em 2014, foi eleito deputado estadual, pelo PSD, com 13.607 votos. Em 2018, obteve 16.624 votos, sendo reeleito para o exercício do cargo.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, Valdemar lembra que “está” deputado, no entanto, sua profissão “é” comunicador. Ele expôs suas impressões sobre o cenário pandêmico, bem como enfatizou seu compromisso com o povo do Tocantins, além de ressaltar as ideias e ideais que impulsionam sua carreira política.

Ao tempo em que o pico pandêmico interrompe as atividades parlamentares, a população clama pela atuação dos deputados, na busca por mais leitos, vacinas e assistência hospitalar. Como enfrentar esse drama?
É um momento difícil para todos. A ciência não consegue explicar 100% de todos os detalhes. Nem os maiores infectologistas do mundo não sabem a “receita” de cura específica para o combate à covid-19. Não é um problema localizado do Tocantins, mas sim global. Veja, por exemplo, a Alemanha – um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo – decretando “lockdown” porque não consegue conter o avanço da doença. 

Enquanto parlamentar, tenho tentado, de todas as maneiras, fazer a lição de casa. Aprendo novos conceitos todos os dias e me reciclo. As nossas unidades hospitalares estão lotadas, com taxa de ocupação beirando a 90%, tanto de leitos clínicos, quanto de UTIs. A demanda é enorme, pois chegamos ao pico da pandemia. Minha luta é para que haja atendimento médico para toda população. 

Em se tratando de UTIs, trata-se de uma constante preocupação – tanto do parlamento quanto do governo estadual – a abertura de novos leitos. Contávamos com 137 leitos de UTI na rede hospitalar do Tocantins, mas preocupado o crescente número de casos, o governo abriu novos leitos em Araguaína, Augustinópolis, Gurupi e em Palmas, chegando hoje a aproximadamente 200 leitos.

Alerto, no entanto, que a população precisa fazer a parte dela, porque senão, esses 200 leitos também não resolverão o problema. Peço encarecidamente, inclusive, que as pessoas mantenham o isolamento e o distanciamento social, como também outras medidas de higiene e constante utilização de EPIs. Entendo que algumas pessoas precisam trabalhar e buscar o sustento dos seus familiares, mas é necessário que tenham cuidado redobrado. 

E quanto a projetos que poderiam minimizar os impactos na vida do cidadão?
No ano passado, já havia entrado com projeto que proibia o corte de energia e água, enquanto durasse a fase mais aguda da pandemia, seguida por “lockdown”. Ocorre que a lei aprovada tinha prazo determinado. Por tal razão, interpus novamente o mesmo projeto em 2021, visto que se o cidadão não tem como trabalhar nesse período e, nem tampouco, pagar suas contar, não é justo que seja privado da utilização da energia elétrica e água encanada. Tenho plena convicção que os colegas deputados irão aprovar, novamente, essa propositura. 

O Sr. tem uma preocupação com a cidade de Porto Nacional, sua cidade natal…
Sem dúvidas, juntamente com outros deputados da bancada portuense, solicitamos leitos de UTI Covid para Porto Nacional, uma cidade pólo da região central, que não conta com esse serviço. O secretário de saúde, o sub-secretário, o vice-governador estiveram empenhados na causa e, graças a Deus, o governador nos atendeu e vamos contar com 10 leitos de UTI em Porto Nacional nos próximos dias.

A reforma das enfermarias que se transformarão em leitos já está sendo finalizada e estamos no estágio de recrutamento de profissionais: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais, etc. Serão 10 leitos de UTIs que, após a pandemia, será como um legado, pois poderão ser utilizados como UTIs comuns, beneficiando os 55 mil portuenses, como também toda região circunvizinha, cuja referência hospitalar é a cidade de Porto Nacional. 

Há poucos dias o Sr. utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa para falar sobre o processo de emancipação de Luzimangues. Qual o seu posicionamento?
Sou plenamente favorável à emancipação do Distrito, que está praticamente maduro e pronto para ser independente. O que eu disse na tribuna é que, nesse momento, não é hora de discutir ou debater o tema. É politicagem de quem assim o faz. 

Estamos passando por dias terríveis, em razão da pandemia. Temos que combatê-la, incessantemente, para que as nossas vidas voltem ao normal. Precisamos de esforços concentrados quanto à testagem em massa, vacinas, leitos de UTI, auxílio para as pessoas que não podem desenvolver suas atividades, etc. Essas são nossas prioridades, e não discutir emancipação de distritos ou pesquisas eleitorais para 2022.

A Assembleia Legislativa pode até fomentar – no momento oportuno – essa discussão, naturalmente. Porém, ao mesmo tempo, não tem autonomia ou competência para deliberar sobre esta emancipação. Isso é competência do Congresso Nacional e não podemos atropelar esse debate. Além disso, é necessário lembrar que será necessário um plebiscito com a população interessada, assim como ocorreu quando surgiu a hipótese de criar os Estados do Carajás, Tapajós e Maranhão do Sul.  No caso específico de Luzimangues, a população de Porto Nacional terá que ser ouvida e este é outro obstáculo para ser transposto.

O Tocantins demorou mais de um século para se tornar independente, por exemplo. Então, à população de Luzimangues, digo que tudo acontece no momento certo e depende de uma conjuntura de fatores, do momento político, do momento econômico e da vontade das partes. 

Em relação à lei, de sua autoria, que beneficia as pessoas com espectro do autismo, seria interessante que o Sr. abordasse tal inclusão social…
Conheci o problema mais a fundo, após uma das minhas assessoras me expor a questão, exatamente por um ter um filho autista. Me engajei no movimento e propus a lei que dá direito de meia-entrada para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas sessões de cinema, teatro, espetáculos, shows, circo, museus, parques, eventos educativos, esportivos e de lazer, realizados em todos os locais públicos de cultura, em casa de diversões, espetáculos, praças esportivas e similares no âmbito do Estado do Tocantins.

Essa iniciativa visa atender a participação plena e efetiva dos autistas ao acesso à cultura. O nosso objetivo é promover políticas públicas de forma mais efetiva ao acesso à cultura, além de promover inclusão e a garantia de direitos às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Portanto o benefício da meia-entrada, é uma maneira de estimularmos o incentivo à cultura e a inclusão destas pessoas.

A minha preocupação, portanto, é proteger o ser humano. Precisamos melhorar o atendimento e a acessibilidade dos autistas aos órgãos e serviços públicos. Estou sensível a esta causa, como também reconheço que os colegas de parlamento também estão muito dispostos a contribuir e votar em projetos que beneficiem esse percentual da população, as vezes, muito discriminados. 

A Casa Legislativa tem sido sensível na aprovação de projetos e leis que valorizam o ser humano e seu bem estar, beneficiando grupos minoritários que necessitam do amparo estatal. 

E há outras ações semelhantes?
Ah sim, sem dúvidas… Tenho destinado parte das emendas parlamentares para a construção, por exemplo, o hospital do amor em Palmas, que trata dos portadores de câncer, evitando que eles tenham que viajar até Barretos-SP. Temos que valorizar o ser humano, minimizando-lhes o sofrimento. Graças a Deus, essa é uma das particularidades do meu mandato. 

O Sr. iniciou suas atividades políticas na Câmara Municipal de Palmas, que tornou-se um celeiro de criação de novos líderes, que atualmente se destacam no cenário político do Tocantins. Qual a importância de ter passado pelo parlamento palmense?
Comecei como comunicador, fiz programas de rádio e TV e esse desejo de colaborar com o processo político – exatamente por vivenciar os dilemas da população – foi aflorando. Entendi que precisava começar pela câmara de Vereadores de Palmas. Em 2004, obtive votos para me eleger, mas não fui eleito em razão da legenda. 

Em 2008, contei com a sorte, a benção de Deus e a vontade do povo para me eleger vereador da capital. Fui bem votado e fiquei muito feliz. Retribui realizando um trabalho ímpar, ao lado de bons e atuantes parlamentares. 

Em 2012, houve um reconhecimento por parte da população e fui reeleito. A Câmara me ensinou muito, lá foi minha base de tudo. Em 2014, fui eleito deputado estadual e reeleito em 2018. Não posso garantir que isso ocorrerá, mas meu intento é exercer meu último mandato na vida pública como vereador de Palmas e, fechar com chave de ouro, a minha carreira política. Tenho um eterno carinho pelo que eu chamo de “escola”: o parlamento municipal palmense. 

Quanto ao fato das grandes lideranças políticas terem saído de lá, isso apenas reforça a importância daquela casa. O senador Eduardo Gomes, o vice-governador Wanderlei Barbosa, os deputados federais Carlos Gaguim e Eli Borges, os deputados estaduais, Professor Junior Geo, Vanda Monteiro, Leo Barbosa, Cleiton Cardoso, Ivory de Lira, foram vereadores em Palmas e isso reforça a importância e o peso daquela casa legislativa.

Em relação ao MDB e sua filiação a essa sigla, qual a sua percepção?
Creio que sou MDB desde 1982, quando o candidato a governador de Goiás, Iris Rezende, fez um discurso na porta da minha casa em Porto Nacional. Não pude me filiar anteriormente, em razão da participação em outros projetos e outros grupos políticos. Todavia, quando pude fazê-lo e houve oportunidade, não tive dúvidas. É uma alegria para mim, participar e ser filiado a esse partido que é, basicamente, uma ideologia e um filosofia de vida.  

Sou presidente do diretório metropolitano de Palmas e trata-se de uma construção constante, no sentido de ampliar e desenvolver a sigla partidária. Governamos mais de 25 municípios no Tocantins temos vereadores em praticamente todos as cidades. É um grande partido, não apenas em Palmas, como no Tocantins e em todo o Brasil. 

Amadurecemos – afinal são 55 anos de história – e purificamos a cada dia. Tenho certeza, hoje no país, a pessoas votam – na sua grande maioria – nos seres humanos, ao invés de partidos. Os dois únicos que mantém a base do partidarismo são PT e MDB. Os fiéis de verdade dessas duas siglas, votam no partido. Como diria Derval de Paiva, nosso eterno presidente, o MDB é custoso, mas é gostoso (risos).