Marcelo Miranda deverá enfrentar alguns desafios à frente do governo
Marcelo Miranda deverá enfrentar alguns desafios à frente do governo

O governador eleito Marcelo Miranda (PMDB) está consciente de que vai assumir um Estado com problemas de ordem financeira e administrativa de larga proporção. Além disso, o peemedebista terá que demonstrar habilidade política para conseguir realizar o choque de gestão que pretende. Isso porque o bloco que fará oposição ao seu governo conseguiu eleger o maior número de deputados estaduais.

Miranda, no entanto, não vê dificuldades para emplacar o seu intento, porque entende que a Assembleia Legislativa vai entender que ele precisa elencar uma série de ações e projetos em benefício da “saúde econômico-financeira e administrativa do Estado e dar esperanças de uma melhor qualidade de vida aos tocantinenses”.

O governador eleito diz que respeita a bancada oposicionista e acha até salutar para a democracia que haja oposição responsável. Disse que vai buscar o entendimento com as lideranças das bancadas no Legislativo para ter governabilidade. “A campanha eleitoral acabou, agora é trabalhar, sem ranço ou rancor partidário, pois o Tocantins precisa de um projeto moderno de desenvolvimento e, por isso, espero que os deputados entendam que a nossa intenção é realizar um governo municipalista e fazer as reformas que precisam ser feitas”, argumenta Miranda.

Embora o próximo governador vá iniciar sua administração em desvantagem numérica na Assembleia (15 a 9), seus aliados acreditam que alguns parlamentares de oposição não vão oferecer resistência aos projetos do novo governo. Descartam qualquer gestão no sentido de cooptar parlamentares para a base governista, por entenderem que essa é uma prática arcaica.

No entanto, é sabido que o deputado eleito Eduardo Siqueira (PTB) será, sem dúvida, o líder da oposição ao governo na Assembleia e será um calo no sapato de Miranda. E pode tentar presidir o Legislativo. Nesse contexto, na composição da Mesa Diretora, uma forte queda de braço está sendo esperada. Se a oposição tem um líder preparado e com experiência em articulação política, a bancada governista dispõe de um expoente de qualidades semelhantes, só que com outro viés, que é o ex-prefeito de Porto Nacional Paulo Mourão (PT). Cauteloso, Mourão terá um papel fundamental nesse embate e é a liderança que vai defender o governo de Marcelo Miranda com propriedade.

Dos 24 deputados da próxima legislatura, apenas nove são da base de Miranda: Paulo Mourão (PT), Nilton Franco (PMDB), Elenil da Penha (PMDB), Rocha Miranda (PMDB), Valdemar Junior (PSD), Toinho Andrade (PSD), Amália Santana (PT), José Roberto Forzani (PT) e José Bonifácio (PR), este último eleito pela coligação governista, mas se desentendeu com Eduardo Siqueira no decorrer da campanha eleitoral.

Procurando fazer uma oposição responsável

Dois deputados reeleitos pela coligação do governador Sandoval Cardoso (SD) – Wanderlei Barbosa (SD) e Ricardo Ayres (PSB) – já adiantaram que não farão oposição ferrenha ao próximo governador . Ambos falam em oposição responsável.

“Vamos conduzir de maneira transparente as discussões na Casa, procurando conciliar os interesses divergentes, para que nossa população possa receber do Executivo, sob a fiscalização do Legislativo, o atendimento das demandas mais urgentes”, argumentou Ayres. O parlamentar peessedebista diz que o seu partido estará vigilante, fiscalizando e apoiando as ações de interesses do povo e denunciar o que, porventura, entender que esteja errado.

Para Wanderlei Barbosa, nada justifica, na política moderna, uma oposição ferrenha. Por isso, garante que vai exercer mais um mandato buscando o entendimento e apoiando o próximo governador naquilo que achar que for de interesse dos tocantinenses. “Esperamos, por exemplo, que o próximo gestor valorize os servidores públicos. Não farei oposição só para dificultar a administração estadual”, adianta o parlamentar, que travou uma briga particular em Taquaruçu, na disputa pelo voto com o vereador Major Negreiros, da mesma coligação, e que não conseguiu se eleger.