O senador Irajá Abreu (PSD) está convicto que a eleição será decidida no segundo turno, em função das candidaturas postas serem competitivas. O senador comemora o crescimento da pré-candidatura de Osires Damaso (PSC), que segundo ele, dobrou de tamanho após a sua adesão, conforme apontam pesquisas para consumo interno.

“Sem diminuir os outros candidatos, Ronaldo Dimas e Paulo Mourão, mas o Damaso nestes 20 dias foi quem capitalizou essa polarização com o governador Wanderlei Barbosa. E o resultado disso, para nossa alegria: ele dobrou de tamanho. Algumas pesquisas internas nos mostram que ele oscilava na faixa de 5% a 7% no início da sua pré-campanha, há 60 dias, e saltou para uma pontuação privilegiada em torno de 14% a 16%, encostando inclusive no 2º colocado, que é o prefeito Ronaldo Dimas”, comenta o senador.

Irajá Abreu faz duras críticas ao governador Wanderlei Barbosa que, segundo ele, já assumiu o governo em ritmo de campanha, prejudicando profundamente o andamento da gestão. “Todos nós tínhamos o desejo de que o governo Wanderlei pudesse ser muito melhor do que estava sendo o governo de Mauro Carlesse. O que eu acho que faltou, de verdade, foi medir as ações que o governo começou a implementar. Porque se percebe que não há uma preocupação em executar um plano de governo no Tocantins hoje, há uma preocupação de executar um plano eleitoral”, questiona o parlamentar que aponta problemas na saúde, educação e principalmente na infraestrutura, com estradas em péssimas condições de manutenção.

Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, concedida em seu escritório em Palmas, o senador faz um balanço da sua atuação no Senado, fala das conversações envolvendo os pré-candidatos Dimas, Mourão e Damaso na busca de entendimentos pela união das oposições e de sua percepção de este pleito está sendo bem diferente dos outros.

Como o sr. avalia a pré-campanha do deputado Osires Damaso, que ganhou novo impulso a partir da adesão do PSD?

Nós tivemos ao longo do mês de julho muitas notícias novas. A eleição vinha assim, num marasmo. Três candidaturas postas já consolidadas há bastante tempo: a do ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (PL), já fazendo campanha há quase dois anos; Wanderlei [Barbosa (Republicanos)], pré-candidato desde o dia que assumiu, em outubro, e ao longo desses oito meses; e o próprio Paulo Mourão, que é um político muito testado no Tocantins, foi um excelente prefeito de Porto Nacional, deputado federal por vários mandatos e também trabalhando a viabilidade dessa candidatura de oposição. Para minha surpresa, o [Osires] Damaso, desde minha manifestação de apoio, no dia 4 de julho, que eu fiz representando obviamente o partido que eu presido, o PSD, tive o apoio de várias lideranças no partido.

Claro que ninguém é unânime, muito menos eu, mas a maior parte do partido também foi solidária a essa decisão que eu manifestei de apoio ao Damaso. E o fato é que, nas três semanas seguintes, eu tive uma surpresa muito grande em relação à aceitação do nome de Damaso. Primeiro, porque é um político, além de ser uma pessoa sensata, eu o admiro por isso, ele goza de uma credibilidade enorme no Estado. Como deputado federal, entregou recursos em quase todos os municípios do Tocantins em menos de quatro anos do seu mandato; ele consegue circular bem entre os prefeitos de todas as correntes políticas do Estado, foi presidente da Assembleia Legislativa, fez também uma ótima gestão à frente da Casa; foi deputado estadual por vários mandados, então é um político experiente, muito preparado e que tem um ótimo currículo para disputar as eleições e ser governador do Tocantins.

Fico muito confortável nessa decisão que tomei de apoiá-lo, porque é um perfil de que o Tocantins precisa: uma pessoa séria, idônea, que desfruta dessa credibilidade que tem o Damaso. Eu fiquei muito feliz em poder contribuir, dando musculatura política para a sua pré-candidatura nestes 20 dias, posterior à decisão.

Damaso passou a ser o grande centro das atenções das oposições

Interessante, fazendo uma análise serena de tudo que aconteceu, se percebe que Damaso, quando lançou o seu nome, a menos de 60 dias, vem em ascendência. Ele teve manifestação de apoio do ex-prefeito [Carlos] Amastha, num partido expressivo no Estado [PSB], tem uma base importante que tem inclusive chapas de deputado estadual e federal; manifestação de apoio do deputado professor Júnior Geo e nós nos somamos a esse grupo, a essa frente política de apoio à sua pré-candidatura. E de lá para cá você nota que Damaso passou a ser o grande centro das atenções das oposições. Sem diminuir os outros candidatos, Ronaldo Dimas e Paulo Mourão, mas o Damaso, nestes 20 dias, foi quem capitalizou a polarização com o governador Wanderlei Barbosa. E o resultado disso, para nossa alegria: ele dobrou de tamanho. Algumas pesquisas internas nos mostram que ele oscilava na faixa de 5% a 7% no início de sua pré-campanha, há 60 dias, e saltou para uma pontuação privilegiada em torno de 14% a 16%, encostando inclusive no 2º colocado, que é o ex-prefeito Ronaldo Dimas. Então, isso demonstra que foi uma decisão acertada, que a opinião pública, não só a classe política, mas a sociedade também passou a vê-lo como um pré-candidato competitivo à altura dessa disputa no Estado, que vai ter certamente segundo turno. E fiquei muito feliz de poder participar deste projeto em que acredito.

Tenho essa convicção que haverá o segundo turno em função das candidaturas postas serem competitivas

Irajá Abreu está em seu primeiro mandato como senador | Foto: Divulgação

Indiscutivelmente, a eleição caminha para ser decidida no segundo turno e a terceira via passa a ter uma possibilidade real. Esse é o resultado concreto dessa mexida no processo, a partir do seu rompimento com o governo?

Eu tenho essa convicção de que haverá o segundo turno em função das candidaturas postas serem competitivas, não tenho dúvidas disso. Damaso, além desse crescimento que nos motivou muito e ter dobrado de tamanho, tem manifestação de apoio de vários prefeitos, com notas de declaração, com vídeos gravados – prefeito de Arraias [Hernan Gomes, do SD], de Praia Norte [Ho-Chi-Min Silva de Araújo, do SD], de Nazaré do Tocantins [Clayton Rodrigues, do PTB], de Paraíso do Tocantins [Celso Moraes, do MDB] – que é a cidade natal dele –, de Lavandeira do Tocantins [Roberto Cesar Ferreira, do PSD] e, agora, da prefeita de Goianorte [Maria de Jesus Amaro, a Nega, do SD], que é uma cidade importante. Então, em pouco tempo, ele conseguiu agregar em torno dessa pré-candidatura o apoio político, que é importante, além do apoio popular, que é manifestado por meio da pesquisa de intenção de voto. Eu fiquei muito animado com esse resultado. Além disso, nós percebemos que essa mexida no xadrez da política, depois dessa manifestação, também trouxe algumas decisões que passaram a movimentar o debate. A própria decisão do pré-candidato ao senador Claudemir [Lopes], do Patriota, que até então estava em cima do muro; o ex-governador Mauro Carlesse (Agir), que também estava ensaiando uma candidatura e decidiu, saiu candidato também, fez um grande evento em Gurupi. Então você nota que houve uma grande movimentação nesse jogo, em que, na minha modesta opinião, o pré-candidato Damaso foi o que mais saiu fortalecido de todo esse processo.

Damaso tem essa virtude que é a capacidade de dialogar com todos os partidos, todas as correntes políticas do Estado

Como desdobramento dessa decisão tomada pelo sr. existe a possibilidade de adesão do pP da senadora Kátia Abreu, que ainda não anunciou se permanece ou se deixa a base do governo. A senadora pode ser mais um reforço para o Damaso?

O Damaso tem a virtude de dialogar com todos os partidos, todas as correntes políticas do Estado, ele não tem nenhuma dificuldade. Ele vem conversando com a senadora Kátia Abreu, também com os outros pré-candidatos, o Ataídes [Oliveira (Pros)], o [Vanderlei] Luxemburgo (PSB), que também é pré-candidato ao Senado. Nós estamos vivendo uma eleição diferente das outras. Você percebe que tem mais candidatos ao Senado do que candidatos ao governo e a grande maioria dos candidatos ao Senado, por incrível que pareça, não tem palanque. Salvo o governo que anunciou o lançamento da chapa na última terça-feira, 19, com a participação da deputada federal Professora Dorinha (UB), um evento que deixou muito a desejar na qualidade, não na quantidade de gente. Prova disso que menos de 30 prefeitos estiveram presentes no evento, o que foi um fiasco na minha opinião, porque em se tratando de uma chapa governista, o governo tinha o dever moral de ter pelo menos a presença de 70 prefeitos – teve a metade disso. Foi uma demonstração de que os prefeitos estão inseguros quanto à candidatura do governo. Isso é um recado muito claro que eles dão à oposição, de que estão aguardando essa articulação ser concluída. E, dependendo dessa articulação, podem acompanhar esse projeto novo para o Estado.

Quando se fala de união, trata-se de um projeto sério para o Estado, mas também de uma estratégia para ganhar as eleições

Em que pé está a proposta de união das oposições que tem sido citada pelo sr. e pelo senador Eduardo Gomes? Como andam as articulações?

Quando se fala de união, se trata de união em torno de um projeto sério para o Estado, esse é o primeiro ponto. E trata também de uma união para ganhar as eleições. E para isso acontecer, você precisa ter, acima de tudo, quem está sentado à mesa, ter o desprendimento. Não é o projeto pessoal do Irajá, projeto pessoal do Dimas, do Damaso, do Paulo Mourão, da senadora Kátia, que precisa estar acima de todos os interesses. Então quando há essa convicção, você consegue formar uma frente ampla na oposição. E é isso que nós estamos tratando neste momento. A discussão está em todo dessa união de forças, de três senadores, quatro a cinco deputados federais e acredito que a junção dessa frente, sem dúvida alguma vai arregimentar a maior parte do apoio dos líderes políticos, sejam prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, lideranças de um modo geral, com certeza acompanharão, grande parte deles, um projeto dessa envergadura.

Senador Irajá Abreu concede entrevista ao jornalista Ruy Bucar, em seu escritório | Foto: Divulgação

Um projeto como esse tem data marcada para acontecer – 5 de agosto, não?

A campanha nunca foi a largada, mas a chegada. A chegada é o dia que você mencionou, dia 5 de agosto. Então até lá muita coisa pode acontecer, inclusive nada. Mas eu acredito no bom senso desses líderes políticos, eu me incluo entre eles, para que possamos construir uma chapa de verdade, competitiva, respeitando o sonho de cada pré-candidato, a dimensão que eles possuem no Tocantins, seu currículo, mas nós precisamos, acima de tudo, ter equilíbrio e consenso para formar uma chapa que possa aspirar um projeto de desenvolvimento para o Tocantins e que possa ser uma chapa que esteja à altura dos sonhos, da vontade do eleitor. Porque nessa hora, o grande cliente é o eleitor. Então, tem de combinar com o gosto dele.

Essa proposta inclui novos postulantes ou apenas os nomes já colocados?

Olha, em se tratando de um projeto nesta dimensão que envolve tanto aqueles nomes com mandato – como é o caso do meu nome, e também de Eduardo Gomes, da senadora [Kátia Abreu], de Damaso, que tem mandato eletivo – bem como o próprio Ronaldo, que foi prefeito por dois mandatos e não está no momento cumprindo mandato eletivo, eu acho que nesse arranjo tudo é possível. Eu particularmente tenho um mandato a cumprir. Já disse isso várias vezes, na imprensa, nas conversas políticas que a gente faz permanentemente, então eu não tenho essa obsessão por uma candidatura ao governo. Tudo tem o seu tempo. Eu respeito e compreendo isso. Agora, uma união de forças nessa direção ela pode extrapolar os interesses pessoais, os sonhos pessoais. Não tenho dúvidas que o Dimas, o Damaso seriam grandes nomes para poder estar à frente do governo do Tocantins, mas é preciso uma avaliação maior do que essa. É preciso imaginar que na oposição é preciso construir uma chapa que seja competitiva. Dentro dessa dimensão você precisa ter um cabeça de chapa, precisa ter um vice, um senador, suplentes, então de modo que eu penso que é um arranjo que consiga contemporizar todos esses projetos e sonhos pessoais.

Iniciou-se um governo e uma corrida eleitoral ao mesmo tempo

Que avaliação o sr. faz do governo Wanderlei Barbosa neste curto período de oito meses de duração?

Acho que todos nós tínhamos o desejo de que o governo Wanderlei pudesse ser muito melhor do que estava sendo o governo de Mauro Carlesse. O que eu acho que faltou, de verdade, foi medir as ações que o governo começou a implementar. Porque você percebe que não há uma preocupação em executar um plano de governo no Tocantins hoje, há uma preocupação de executar um plano eleitoral. E são coisas completamente diferentes. Nós, que estamos na vida pública, somos políticos. Isso não se discute. Mas tudo tem o momento. Se você assume um governo da forma que foi, trágica – mais uma cassação, mais um afastamento no Tocantins entre vários que houve – e começa a implementar um plano de trabalho no Tocantins, entre outubro e até junho, véspera de uma convenção, acho que teria sido o mais sensato a ser feito. E infelizmente não foi o que aconteceu. Iniciou-se um governo e uma corrida eleitoral ao mesmo tempo, deixando as prioridades de um governo de lado. Prova disso que você nota que têm várias ações que precisam ser rapidamente resgatadas no Estado, nas áreas da saúde, educação, no social, na própria infraestrutura, situação crítica que estamos vivendo hoje no Tocantins, as estradas, vários exemplos que eu poderia citar. Acho que faltou isso, senso de urgência. Se tivesse assumido pensando assim, em tocar o Estado, governar e aí, quando chegasse junho, com todo o trabalho realizado ao longo de seis meses, certamente estaria credenciado a disputar a reeleição para o governo. Houve essa inversão de valores.

Que avaliação o sr. faz de sua atuação no Senado Federal, o senador mais jovem do Brasil?

Eu sou uma pessoa extremamente privilegiada. Graças a Deus, sempre tive muita saúde e vontade de trabalhar. Eu tenho muito orgulho de representar o Tocantins no Senado. Não só os dois mandados na Câmara, mas agora no Senado Federal. E meu trabalho é honrar os eleitores. Tenho essa obrigação, não estou fazendo nenhum favor. Às vezes as pessoas que trabalham comigo dizem “poxa, você está sempre num ritmo acelerado”. É que eu gosto de tratar a política como se a eleição fosse amanhã. Porque, quando você acha que a eleição é amanhã, vai querer entregar hoje o que não vai ter tempo de fazer amanhã, porque já é eleição. Então eu trabalho sempre assim, com o senso de urgência. E os três mandatos sempre me proporcionaram muitas oportunidades. Agora, se eu pudesse destacar um feito que o mandato me proporcionou, eu, sem dúvida nenhuma, destacaria os recursos que eu destinei aos 139 municípios do Estado. Eu me orgulho muito de ter uma marca importante em cada cidade que eu possa levar você, algum amigo, que eu possa levar um líder político e dizer “aqui no Tabocão tem um campo de futebol” ou levar em Ipueiras e falar “tem um asfalto”; então, em cada uma das cidades, posso dizer eu contribuí de alguma maneira, umas mais, outras menos, com a mudança na vida das pessoas. Isso para mim é muito gratificante, usar a política como instrumento para mudar a vida das pessoas. Isso não tem preço.