“Gurupi era inviável economicamente, desacreditado e não atraía novas empresas”
26 janeiro 2020 às 00h00
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Natural de Uruaçu-GO, mas radicado em Gurupi-TO desde a mais tenra idade, Gutierres Torquato é bacharel em fisioterapia e direito, ambos pela Universidade de Gurupi – UNIRG. Atualmente é Secretário Municipal de Saúde, onde também já exerceu cargos de Chefe de Gabinete do prefeito, Secretário Municipal de Administração, Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação e, também, Presidente do IPASGU. Foi candidato a deputado estadual pelo PSDB nas eleições de 2018 e, mesmo obtendo 13.874 votos, restou-lhe a suplência, em razão do coeficiente eleitoral partidário.
Extremamente ligado ao atual prefeito de Gurupi – o também tucano Laurez Moreira – é o virtual pré-candidato do Paço Municipal nas eleições de 2020. Nesta entrevista, ele relata sua participação no governo do atual prefeito, as conquistas da gestão e suas perspectivas para o pleito de outubro.
O Sr. está filiado no PSDB há algum tempo, cujo maior líder no sul do Estado é o atual prefeito de Gurupi, Laurez Moreira. Contudo, foi exatamente esse partido que ele enfrentou – e deu trabalho – nas eleições de 2016, quando ele ainda estava no PSB. Como o Sr. contextualiza essas alternâncias partidárias?
Essas trocas de siglas são comuns. Eu também já fui filiado do PSB, quando o Laurez era presidente da sigla. Após as eleições municipais, migramos para o PSDB a convite do então senador Ataídes Oliveira. Entendemos que, pelo cargo eletivo que ele exercia, poderia trazer benefícios para Gurupi. Formamos um bom grupo e disputei a eleição de deputado estadual, em 2018, pela sigla, onde permaneço até a presente data.
E como foi a experiência de disputar a primeira eleição em 2018?
Foi fantástica a experiência, pois fui votado em 102 municípios e, disparado, o candidato a deputado estadual mais votado na região sul do Estado do Tocantins. Em que pese não ter assumido o cargo, tenho orgulho da campanha que fizemos, na certeza de que os eleitores votaram nas propostas apresentadas.
Destes votos, quantos foram em Gurupi?
Mais de seis mil e seiscentos, mas cumpre ressaltar que e eleições estaduais são completamente diferentes de municipais. Quando se estende para um universo maior, o fato de ter sido votado em mais de 100 municípios me dá a certeza que estamos no caminho certo. Mas em âmbito municipal, para o poder executivo, a disputa é completamente diferente, pois o eleitor vê a eleição da sua própria cidade com outra perspectiva. São projetos diferentes e os eleitores compreendem isso.
Naturalmente, o Sr. tornou-se, após essa votação, pré-candidato a prefeitura de Gurupi em 2020…
Não é tão matemático e lógico assim. Tudo tem a hora certa e o prefeito Laurez vive um momento altamente positivo da sua gestão, colhendo os frutos do trabalho que fez e apresentou para a sociedade durante sete anos. Ele tem uma habilidade política e de gestão muito grande. Os números e resultados são surpreendentes, em termos de evolução, entrega de importantes obras estruturais, organização, etc.
O grupo dele é muito organizado e forte na cidade, conta com bons nomes que poderão ser disponibilizados para pré-candidaturas, por isso não posso dizer que sou o nome de consenso no grupo hoje. Evidente que vou lutar para isso, me sinto preparado, pois passei por quase todos os setores da administração. Quero sim, ser o candidato do grupo do prefeito, mas isso ainda depende de articulações, debates e diálogos com os outros parceiros do grupo.
Por enquanto, posso dizer que o prefeito Laurez está bem comprometido e focado com a gestão, tem entregado obras importantes na cidade, como o CMEI João Ribeiro, além de outras obras na área da saúde. Ele tem dito que, no momento certo, irá se manifestar sobre a convenção partidária, bem como sobre pré-candidaturas. Vamos trabalhar, portanto, e aguardar.
Qual a sua avaliação sobre o exercício do cargo de Secretário da Saúde, não raras vezes problemática?
Assumi a Pasta em novembro de 2018, logo após as eleições para deputado estadual. Neste período, informatizamos 98% dos serviços de saúde e vamos entregar “tablets” para todos os agentes comunitários de saúde, para que eles possam desenvolver melhor suas funções. Proporcionalmente, Gurupi é o município com menor número de incidência de casos dengue ou zica-vírus.
Reestruturamos o atendimento aos pacientes, criando um ambiente de aproximação com a sociedade, como também implantamos o pagamento de insalubridade aos servidores. Posso dizer, portanto, que houve evoluções durante a gestão, mesmo porque, além de tudo disso, entregamos um CAPS, três Unidades Básicas de Saúde, entre outros avanços, como a Clínica Especializada de Atendimento à Mulher, por exemplo.
Como o Sr. avalia a aproximação da senadora Kátia Abreu aos prefeitos do PSDB, como o próprio Laurez Moreira e a gestora da capital, Cinthia Ribeiro?
Vejo de forma tranquila. O nosso prefeito não tem nenhuma dificuldade de convívio com qualquer parlamentar. Todos aqueles que manifestam desejo de contribuir com a gestão do município são bem recebidos. A senadora, assim como outros senadores e deputados, viabilizou muitos recursos, através de emendas.
Ela tem destinado emendas importantes para o município, tais como recursos para feira coberta, para compra de mamógrafos, para o programa “catarata zero”, entre outros. Esse respeito e gratidão, por parte da gestão e da comunidade beneficiada, faz parte do nosso jeito de governar e, por isso, reconhecemos a importância da atuação dos nossos parlamentares em Brasília.
O Senador Eduardo Gomes também é outro parlamentar que tem atuado muito em Gurupi, uma vez que viabilizou quase R$ 20 milhões de reais para a nossa cidade, entre os quais, recursos para saúde e outras obras infraestruturantes.
Caso o Sr. seja eleito prefeito de Gurupi, algumas questões estão afetas ao desenvolvimento do município, como a duplicação da BR-153 e a construção da Travessia da Ilha do Bananal em Formoso do Araguaia, uma vez que a produção de grãos de Mato Grosso seria despachada para exportação no pátio multimodal da ferrovia Norte-Sul, localizada em Gurupi. Como o Sr. vislumbra tais obras e possíveis acontecimentos?
Tenho dito sempre que a localização de Gurupi e sua logística é privilegiada. Uma cidade cortada pela BR-153 no sentido norte-sul e pela BR-242 no sentido Leste-oeste, como também pela ferrovia norte-sul, uma importante via para o escoamento da produção. Bem perto, na cidade de Figueirópolis, a ferrovia leste-oeste, que também interliga a região. Neste caso, o que eu penso é que estamos no centro do desenvolvimento.
Essa proposta do governo federal planejar de execução da duplicação a BR-153 em 20 anos é algo que nós, representantes da comunidade, temos que lutar para que esse tempo seja minimizado o máximo possível. Não podemos aguardar tanto. Tanto a questão da trafegabilidade, quanto a viabilidade econômica devem ser colocadas na pauta.
Quanto à Transbananal, o ministro esteve em Gurupi e discursou sobre sua viabilidade e há uma discussão bem madura com a comunidade indígena. Sabemos que a produção do Mato Grosso será escoada no nosso pátio modal e, consequentemente, vai atrair empresas esmagadoras de soja, por exemplo. Por isso, a construção da travessia é muito importante para nós. Esses frutos econômicos farão que Gurupi cresça ainda mais, mesmo porque nossa cidade – devido ao encurtamento da distância – pode se transformar uma referência educacional para o Estado vizinho, uma vez que já somos uma cidade universitária.
Caso eleito prefeito, qual será a sua prioridade?
Logicamente, manter a continuidade da gestão do prefeito Laurez. Caso eu seja eleito ou qualquer outro, encontrará uma cidade muito melhor da que ele encontrou em 2013, que estava desestruturada, com problemas básicos na saúde e educação, como também de ordem infraestrutural.
O município era inviável economicamente, desacreditado e não atraía novas empresas ou indústrias, visto nem o próprio ente público possuía as certidões negativas de suas obrigações. Hoje, essa realidade foi alterada e a expectativa pela continuidade desse trabalho é muito grande.
Há um crescimento uniforme em todas as áreas. Não havia nenhuma creche e hoje contamos com seis. Na infraestrutura, até o final desta gestão, o asfalto chegará a 100% da cidade, além de ter prestigiado e fortalecido o distrito agroindustrial, atraindo novos investidores. Na agricultura familiar, também avançamos e estamos organizados, fomentando e valorizando o pequeno produtor. Na saúde, os avanços foram imensuráveis em termos de estrutura e aplicação dos recursos públicos. Dessa forma, se o novo prefeito conseguir dar continuidade ao legado do prefeito Laurez, já estará contribuindo muito com a cidade, pois o trabalho dele já surtiu muitos efeitos positivos.
Acompanhando a política do Tocantins, temos visto algumas inabilidades de prefeitos em lidar com as câmaras de vereadores, como é o caso, por exemplo, de Lagoa da Confusão e Augustinópolis. Como seria sua relação com o parlamento gurupiense, caso esteja no exercício do cargo de prefeito?
Creio que a Câmara tem um importante papel em qualquer gestão. Os vereadores aprovam as leis e tem o dever de fiscalizar o executivo, por isso, temos que respeitar suas competências e a vontade da sociedade que os elegeram. Acredito que o gestor tem que governar em sintonia com o parlamento, uma gestão participativa. Hoje, por exemplo, dos 13 vereadores, 12 acompanham o prefeito Laurez e sua forma de governar. Esse diálogo institucional e respeitoso deve ser preservado, portanto. Acredito ser possível manter esse debate republicano e será que isso que farei, caso seja obtenha êxito de me tornar prefeito de Gurupi.
E quanto à chapa de vereadores para 2020, está sendo construída?
O partido está viabilizando e trazendo para nosso seio, bons nomes, construindo um bom grupo. Evidente que não é para dar sustentabilidade a minha candidatura, mas sim ao nome que o partido indicar na convenção. Há fortes e bons nomes em Gurupi que podem contribuir com o parlamento e faremos força para elegê-los.