O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) parece decidido a escrever seu nome na história do Tocantins, como um construtor de estradas, um Bernardo Sayão dos novos tempos, responsável pela abertura da Rodovia Belém-Brasília; ou talvez, um novo Washington Luiz, o 13º presidente da República, que governou o Brasil de 1926 a 1930, cujo lema era “governar é abrir estradas”. Pelo menos é o que se pode concluir do balanço do governo nestes primeiros seis meses do novo mandato e dos 15 meses do mandato anterior.

Abertura, manutenção e recuperação de rodovias têm sido ações de maior visibilidade do governo Wanderlei Barbosa, entre muitas outras prioridades e poucos recursos para atender as demandas urgentes. No mandato anterior, de 21 de outubro de 2021 a 1º de janeiro de 2023, ele se preocupou em recuperar a malha viária, que estava muito precária. Segundo balanço do governo, foram recuperados 2 mil quilômetros de rodovias pavimentadas. Neste novo mandato, o governo teve condições de planejar a abertura de novas rodovias.

Com o fim do período chuvoso, o governo intensifica o plano rodoviário que inclui obras por todo o Estado. Ao todo estão em obras seis rodovias em áreas estratégicas para integração regional e desenvolvimento econômico, totalizando mais de 200 quilômetros e investimentos de mais de 150 milhões.

O governo defende a abertura de novas rodovias como uma ação que melhora a qualidade de vida das pessoas, proporcionando bem-estar, segurança viária e desenvolvimento da logística de transportes no escoamento da produção e, sobretudo, apoio a principal vocação do Estado que é a produção de alimentos, o agronegócio.

Wanderlei Barbosa avalia que asfalto é uma das infraestruturas que promovem desenvolvimento, “por isso seguimos com a execução do Programa de Fortalecimento e do Plano de Conservação e Recuperação de Rodovias, além de projetos em rodovias não pavimentadas. Continuamos também com importantes obras no Tocantins, como o Hospital Geral de Araguaína e a nova Ponte de Porto Nacional”. O governador faz questão de mencionar entre, as obras de infraestrutura, o investimento em saúde.

Abertura de novas rodovias
Entre as obras em andamento consta a Rodovia TO-247, trecho ligando Lagoa do Tocantins a São Felix do Tocantins, no Jalapão. A obra de pavimentação asfáltica dos primeiros 50 quilômetros, com investimento de R$ 59,7 milhões e prazo vigente até 26 de junho de 2024, segue com 66,18% da obra executada, o que corresponde a 32,1 km de asfalto pronto e os serviços de terraplanagem (fase de construção do subleito e da sub-base da rodovia) executados até o km 42 do trecho. O empreendimento promete levar desenvolvimento para toda a região do Jalapão. Uma obra importante que contribui para o avanço do turismo, facilita a chegada dos serviços essenciais e contribui para o fortalecimento da economia local, baseado no turismo de experiência.

Capa asfáltica em trecho em pavimentação entre Lagoa do Tocantins e São Félix | Foto Ageto / Governo do Tocantins

Outra estrada que o governo está tornando realidade é a Rodovia TO-239, ligando Itacajá a Itapiratins, uma velha aspiração da população da região centro-norte do Estado. A obra já deu início nos serviços de terraplanagem do trecho de 32,05 km de extensão, serão realizadas obras de terraplanagem, drenagem, pavimentação asfáltica, obras de arte e programas ambientais. As obras demandam um investimento de R$ 29,8 milhões.

A pavimentação da TO-020, no trecho que liga Campos Lindos até o km 33, na Serra do Centro, com 33,40 km de extensão e investimento de cerca de R$ 75,7 milhões, já foi implantada ao longo de 15 km com a capa asfáltica em concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), um dos mais resistentes tipos de asfalto. Os quilômetros restantes estão com terraplanagem pronta. A previsão de finalização da obra é para o final deste ano.

Recentemente também receberam ordem de serviço para implantação de pavimentação asfáltica outros três trechos de rodovias: TO-248 entre Santa Maria e Recursolândia, com 36,52 km de extensão; TO-245, de Rio Sono ao entroncamento com a BR-010; e o trecho da TO-387, que liga o município de Taipas à cidade de Conceição do Tocantins. A autorização foi dada no último dia 6 de julho, para asfaltar os 39,77 km de extensão. Neste último trecho, as obras demandam R$ 69.990.917,64 em investimentos.

Ponte de Porto Nacional
Wanderlei Barbosa pode consolidar o seu nome como um governador realizador de obras ao inaugurar a Ponte sobre o Lago da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, em Porto Nacional. A obra já passou por dois governadores – Marcelo Miranda e Mauro Carlesse e pelo menos três presidentes da República – Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro – a maior obra em andamento no Tocantins tem previsão de ficar pronta em julho de 2024.

A obra está com mais de 65% de sua estrutura concluída, serão lançadas 90 vigas. As vigas têm comprimento de 42 e 43 metros e um peso de cerca de 120 toneladas. Das quais, um total de 40 unidades já foram lançadas e a obra já conta com seis vãos com laje construída. A fundação das 31 estacas executadas nesta obra, além de terem uma profundidade média de 30 metros, têm diâmetro variável entre 1,20 metro e 1,60 metro. A obra foi orçada em contrato no valor de R$ 149 milhões do Governo Estadual em parceria com o Banco de Brasília.

Wanderlei ainda terá o privilégio de inaugurar outra grande ponte, no rio Araguaia que liga Xambioá a São José do Araguaia, no Pará. A obra que já está com mais de 85% concluída, segundo o ministro dos Transportes Renan Filho, dever ser entregue ainda este ano. O governador comemora a federalização da BR-010 que corta todo o Estado, e que beneficia diretamente o Matopiba, a nova fronteira de produção de grãos que integra os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Wanderlei espera ainda que a ponte sobre o rio Araguaia ligando Caseara a Santana do Araguaia (PA) e a Rodovia BR-235 que corta o Estado no sentido leste/oeste, possam ser incluídas na programação do novo PAC. As obras foram referendadas pelos governadores da Amazônia Legal, como prioridade nacional.

Governo do agronegócio
Barbosa realiza um governo mediano, arroz com feijão, sem muita inovação, mas bem avaliado pelo meio político e pela opinião pública. Tem deixado a desejar na área da saúde. A população tem reclamando sobretudo da falta de atendimento de urgência e emergência em Palmas, com denúncia de pacientes morrendo na fila de espera de uma internação do Hospital Geral de Palmas, que é um hospital de referência para a região Norte do País e recebe pacientes dos Estados vizinhos, como Mato Grosso, Pará e Maranhão. O governador ainda não conseguiu realizar grandes avanços na saúde como vinha prometendo, mas pelo menos tem sido ágil e sensível em perceber a insatisfação da sociedade e já anunciou a construção do Hospital de Urgência e Emergência de Palmas.

À frente do governo do Estado desde outubro de 2021, até agora não apresentou um plano de governo que consiga completar as reais necessidades do Estado para um desenvolvimento sustentado menos dependente da máquina pública. A falta de oportunidades para os jovens talvez seja um dos maiores desafios. Sem falar nos altos índices de pobreza. Os próprios órgãos do governo que mais de 100 pessoas no Tocantins vivem abaixo da linha de pobreza, com uma renda de 250 reais por mês. Desde que assumiu o comando do Palácio Araguaia governador José Wilson Siqueira Campos, interinamente, em substituição ao então governador Mauro Carlesse, teve que atuar em muitas frentes e não encontrou mais tempo para elaborar um plano de governo. Durante a campanha pela reeleição seria a oportunidade, mas preferiu seguir o ritmo do governo improvisando soluções se comprometendo a fazer tudo que a população pedia.

Um plano de governo parece não fazer falta já que o governador tem sido ágil em atender áreas que apresentam problemas como saúde, segurança pública e educação e melhoria da malha rodoviária. Ao que tudo indica o governador deve fechar o primeiro ano do governo com saldo altamente positivo em termos de realizações, principalmente em função da injeção de recursos do governo federal por meio de programas sociais e investimentos em obras de infraestrutura.  

De um modo geral todos reconhecem os avanços da gestão Wanderlei Barbosa no trato com as rodovias. Mas tem um setor, em especial, que o aplaude com entusiasmo. O agronegócio. Há quem diga que o governador Wanderlei Barbosa pensa em governar para todos, mas na prática trabalha para atender as demandas do agronegócio, que considera a mola propulsora do desenvolvimento. Líderes da oposição como o ex-deputado Paulo Moura (PT), apontam que falta ao Tocantins um projeto de governo que tenha a educação com prioridade para garantir qualificação aos jovens para inserção no mercado de trabalho e políticas de distribuição de renda. Sem isso o estado pode até alcançar crescimento econômico, mas não desenvolvimento.

Governar é abrir estradas. Quase um século depois, o lema continua valendo. Sobretudo numa região como o Tocantins, que amargou séculos de isolamento como norte de Goiás. Para se ter uma ideia do vazio institucional que viveu o norte de Goiás, o primeiro governador goiano a visitar o norte, foi Pedro Ludovico Teixeira, em 1945, já no último ano de governo, depois de quase 15 no poder. Foi um visita considerada histórica, sem resultado prático, mas pelo menos colocou a região no mapa de Goiás, ainda que como uma região problema. Em termos de rodovia, o norte só conhecia asfalto da BR-153, a partir de 1974. Quando o Estado foi criado somava um pouco mais de 200 quilômetros de rodovias asfaltadas.

É preciso lembrar ainda que o Tocantins é um dos Estados mais centrais do Brasil. Boas rodovias facilitam a integração não apenas do Tocantins, mas do País. Com plano ou sem plano Wanderlei segue um caminho seguro. Sem grandes pretensões e ufanismos, mais fazendo bem o dever de casa. Não é o bastante, mas é algo próximo de razoável.