O convite do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) para o deputado Moisemar Marinho (PSB) ocupar a Secretaria Extraordinária de Ações Governamentais e Parcerias Público Privada tem provocado especulações. E tem motivo. Para alguns, o governo busca uma aproximação com o PSB, partido comandado no Estado pelo ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), o que é pouco provável. Por conta de disputas no passado, seria muito improvável uma aproximação. Outros, pensam que se trata de tentativa de cooptação. E talvez seja.

A nomeação do deputado Moisemar promove uma alteração do plenário da Assembleia Legislativa e, de quebra, beneficia pelo menos dois vereadores de Palmas. O Sargento Júnior Brasão (PSB) que deixa o plenário da Legislativo Municipal para assumir a cadeira de deputado como 1º suplente do PSB, deixa em seu lugar o suplente de vereador que será efetivado, Epitácio Brandão Filho (PSB). Essa será a segunda vez que ele assumirá mandato na Câmara.

A decisão de convidar um deputado para compor a equipe de governo é mais política do que técnica e certamente tem relação com as eleições de 2024 em Palmas. Wanderlei Barbosa sabe que a capital é fundamental para na eleição do governo do Estado, em 2026. Como o governador tem pretensão de eleger o seu sucessor e conquistar uma cadeira no Senado, sabe que Palmas é estratégica para concretizar sua pretensão.

O governador já tinha o apoio do deputado Moisemar Marinho, como tem de todos os integrantes do Legislativo Estadual, mas não tinha do vereador Sargento Júnior Brasão, cria do Amastha. Ao assumir cargo de deputado, Brasão amplia seu capital político e se aproxima do Palácio Araguaia, podendo desempenhar o papel de forte cabo eleitoral em Palmas, em 2026. Wanderlei ganha ainda com a desestruturação da base do adversário, no caso, o ex-prefeito Carlos Amastha, o maior oponente de um candidato governista na capital.

Os governistas ganham também com a posse na Câmara de Palmas, do suplente Epitácio Brandão Filho, que, assim como Brasão, tende a retribuir de alguma forma a oportunidade que está recebendo de exercer o mandato de vereador. O espaço garante visibilidade para as próximas empreitadas.

Neste caso, Wanderlei se apropria de uma estratégia adotada pelo ex-prefeito Carlos Amastha para enfraquece-lo na disputa pelo comando do Paço Municipal. Amastha, líder do PSB, tem trabalhado acordos internos para permitir aos suplentes a chance de exercer mandato. O que funcionou para fortalecer o PSB agora pode ajudar a pavimentar uma candidatura governista ao Paço Municipal.

São muitos os nomes da base do governo – Júnior Geo (PSC), Janad Valcari (PL), Vanda Monteiro (UB), Marcelo Lelis (PV), Jairo Mariano (PDT) e Ricardo Ayres (Republicanos) – dentre outros. O nome mais cotado para conquistar a vaga de candidato governista é o deputado federal Ricardo Ayres, um nome que vai precisar do forte aparato do governo para alcançar o segundo turno das eleições de Palmas.

Um candidato apoiado pelo Palácio Araguaia, qualquer que for o nome, tem força para polarizar como ex-prefeito Amastha e chegar ao segundo turno. A aliança com a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) pode selar uma parceira política muito forte. É preciso observar também que todo governo tem desgaste. Por mais que trabalhe, não contempla a todos e com o tempo problemas não resolvidos viram insatisfação. Hoje, Wanderlei tem prestigio de sobra, não se sabe amanhã. Onde tem governo, tem oposição. É natural. O que não é natural é ter só governo, como é o caso do Tocantins no momento, o que certamente vai mudar na medida que as disputas municipais se intensifiquem.