O prefeito de Paraíso do Tocantins, Celso Morais (MDB), de 34 anos, é uma revelação política que se projeta como um dos maiores líderes da nova geração que conquistou o poder no Tocantins e que tem feito muito barulho e incomodado líderes tradicionais. Ele chega para ocupar um espaço que o eleitorado vinha reclamando. A nova geração que tem dados as cartas na política tocantinense vem conquistando espaços em todos os cargos eletivos, de governador a vereador, e dando ao poder uma cara tocantinense.

Celso surgiu meio por acaso, convocado às pressas para salvar a candidatura Moisés Avelino de um fiasco nas urnas, em 2012, num contexto de forte apego por renovação. A estratégia parecia promissora e ele se tornou o diferencial, visto que a disputa naquela eleição apontava para um confronto de ex-prefeitos. Dos cinco candidatos que disputaram a eleição – Moisés Avelino (MDB), Paulo Tavares (PR), Híder Alencar (PT), Virgílio Azevedo (PTB) e Anísio Braga (PSDC) –, três se enquadravam nessa condição: Avelino e Hider já tinha administrado a cidade e Paulo Tavares estava no exercício do mandato e candidato à reeleição. Ninguém podia dizer que a chapa Avelino/Celso não tinha apelo jovem. O jovem de 23 como vice era a própria representação da juventude.

Depois de ter sido prefeito de Paraíso, deputado federal por dois mandatos e governador do Estado, Moisés Avelino tentava voltar ao comando do município que o projetou, com o discurso de tocador de obra que transformou uma vila de beira de rodovia em uma das cidades mais progressistas do Estado. O problema é que em Paraíso poucos se lembravam desta façanha. Voltar aos palanques de lá 30 anos depois de ter sido prefeito não foi fácil para Avelino: o gestor que traçou as linhas da modernidade do município, mas era visto pelo eleitorado jovem como ultrapassado e conservador. Há de se registrar que Avelino governou Paraíso no período de 1983 a 1988, quando muitos dos eleitores sequer tinham nascido.

Avelino, que na época da eleição tinha 72 anos, decano entre os candidatos, venceu as eleições com menos de 1% de diferença para o segundo colocado. Teve apenas 29,25% dos votos, algo que na época considerou uma votação pífia, decepcionante, que só não era pior porque tinha vencido. Mas havia sabor de derrota, tendo em vista que contou em seu palanque até com o então adversário histórico, considerado mito, o ex-governador Siqueira Campos.

De volta ao Paço Municipal, Avelino realizou uma gestão convincente em temos de volume de obras e de zelo pela coisa pública, resgatando a imagem de gestor competente e ético, marca que se consolidou quando governador do Estado de 1991 a 1995. Em 2016, conseguiu se reeleger com uma votação mais tranquila, de 49,1% dos votos. Celso foi mantido na vice e ganhando minutagem de poder, acumulando experiência para novos desafios.

Em 2020, surgiu então como candidato natural a suceder o prefeito. E recorreu à aliança com a velha tradição. Foi apoio para o avelinismo voltar ao poder e então buscava nas forças tradicionais o apoio necessário para conquistar o Paço Municipal. Não deu outra. Foi eleito com votação expressiva: 72,06%, tudo que o ex-prefeito Moisés Avelino sempre sonhou receber – e o que referendava o acerto da aliança Avelino/Celso nos pleitos anteriores. Se o jovem líder foi importante para fazer Avelino prefeito, de quebra se tornou herdeiro de um patrimônio político invejável que poderia garantir sua reeleição e servir para irrigar uma carreira política que poderia (e pode) ir muito longe.

Celso Morais tem mostrado que tem vida própria, mais ainda não se desligou completamente do ex-companheiro de chapa. Faz uma administração razoável, em continuidade das gestões de Avelino. Ainda tem muito de mostrar até 2024 para certamente se consolidar como um forte candidato a continuar no comando do município. A votação consagradora em 2020 e a boa aceitação que mantém junto à opinião pública indica que o prefeito está no rumo certo e com o caminho livre para conquistar a reeleição.

Entretanto, seguramente terá adversários competitivos pela frente. O ex-deputado federal Osires Damaso (PSC), que já disputou as eleições de Paraíso, é o adversário mais provável, no momento, para polarizar com o jovem prefeito. Damaso já declarou que em Paraíso segue o líder Moisés Avelino, o conselheiro que sabe o caminho do poder. Para onde Moisés Avelino apontar, é possível que dali saia o prefeito. Nesse caso, Celso ou Damaso, quem contar com o apoio do ex-governador pode encomendar o terno para a posse que a vitória é quase certa. Avelino ainda não disse com quem vai caminhar em 2024 em Paraíso.  

Outros nomes, como Ataídes Rodrigues (PSD), Dyego Pereira Lima (Republicanos) e  Luiz Antônio (PT), que disputaram as últimas eleições, podem voltar a tentar uma nova oportunidade. Ataídes ficou em 2º lugar, tendo alcançado 21,2% dos votos, e tem todas as condições de tentar polarizar com o prefeito. Devem se incluir nesta lista o médico Cleber Mota (PT), a vice-prefeita Raquel Ogawa (MDB) e o ex-prefeito Hider Alencar (UB), entre outros que seguramente até abril de 2024 vão surgir. A renovação produzida no seio da velha tradição, ou seja, mudança com segurança, tem demonstrado que veio para ficar. Em Paraíso, a juventude conquistou o poder e, pelo que se observa, está sabendo cuidar dele.