Uma fumaça branca e aromatizada, que nada lembra os cigarros comuns e que, de boca em boca, recebe diferentes nomes, como vape e pod. Populares entre os jovens, o cigarro eletrônico tem a venda proibida no Brasil. No entanto, a lei não é capaz de ‘controlar’ o comércio ilegal desses produtos. 

Em Goiânia e região metropolitana, por exemplo, o dispositivo se camufla na mão dos usuários, que usam o aparelho livremente. Em algumas tabacarias, os aparelhos e essências tomam as prateleiras. O Jornal Opção, inclusive, entrou em contato pelo WhatsApp com algumas lojas e encontrou, facilmente, o vape por valores entre R$ 180 e R$ 499. 

Já as essências, que podem ter vários sabores, são vendidas a partir de R$ 35. O comprador tem a opção de buscar na loja física ou pagar a taxa de entrega, que varia de acordo com a localidade do cliente. Durante as conversas, os vendedores anunciam os produtos sem sequer perguntaram a idade do repórter.

Vale ressaltar que desde 2009 o país, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), proibiu a importação, comercialização e propaganda dos dispositivos eletrônicos para fumar, que além dos cigarros incluem os produtos de tabaco aquecido.

Combate

Para combater a prática, Goiás conta com a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor do Estado de Goiás (Decon) e o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), tanto municipal quanto estadual.

O superintendente do Procon Goiás, Levy Rafael, conta  que por ser proibido, a empresa que for pega comercializando o produto contrabandeado de outros países, como o Paraguai, pode ser multada em até R$ 11 milhões. 

“São produtos não autorizados e impróprios para o comércio. É difícil saber de onde eles vêm. O papel do Procon é fiscalizar e apreender. As empresas e tabacarias que comercializam o vape sabem que é proibido, portanto, estamos intensificando a fiscalização para tirar de uma vez por todas esses produtos ilegais de circulação. Para isso contamos com o auxílio de outras forças de segurança, como a Polícia Militar”, explicou Levy.

No último sábado, 10, inclusive, a PM apreendeu mais de 10 mil itens de cigarros eletrônicos durante patrulhamento pelo Jardim Brasil, em Goiânia. O proprietário do imóvel onde foram localizados os produtos informou  que comprava os itens no Paraguai e em São Paulo para revender na capital. 

Saúde

Para as pessoas de menor idade, o vape pode ser a porta de entrada para o tabagismo, fazendo com que a pessoa possa vir a travar uma batalha contra a dependência química da nicotina. Os dispositivos têm tecnologia simples. Uma bateria permite esquentar o líquido que, em geral, é uma mistura de água, aromatizante alimentar, nicotina, propilenoglicol e glicerina vegetal.

Eles aquecem a nicotina em vez da combustão dos cigarros comuns. Para a pneumologista, Roseliane de Souza Araújo, o eletrônico tem toxicidade maior do que a do cigarro convencional, devido a forma como é produzido o aerossol.

Ela também afirma que o cigarro eletrônico surgiu como uma promessa de ajudar pessoas que eram viciadas em cigarros a parar de fumar, mas ele fez com que pessoas que não tinham contato com o tabagismo, começassem a consumir tabaco por meio do equipamento. 

“O cigarro eletrônico fez com que novas doenças que nunca haviam sido vistas antes surgissem, fazendo com que alguns pacientes perdessem o pulmão. O produto fez também com que doenças pré-existentes se agravassem, a exemplo da asma”, concluiu.