Por falta de repasse de recursos para custear as maternidades públicas de Goiânia, foi protocolada no Tribunal de Contas do Município (TCM), pela vereadora Aava Santiago (PSDB), uma denúncia contra o prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Três maternidades suspenderam cirurgias eletivas e não estão aceitando novos pacientes devido falta de itens básicos.

O pedido da legisladora foi encaminhado nesta sexta-feira, 21. A Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc), que administra as unidades, informa que a dívida da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) já ultrapassa R$ 67 milhões. De acordo com a fundação, faltam produtos básicos de higiene, comida, medicamentos, soro, seringas e luvas, além da quitação de pagamento aos funcionários.

Devido à falta de itens básicos, a Fundahc suspendeu os procedimentos eletivos e fechou o agendamentos de vagas no Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), na Maternidade Nascer Cidadão (MNC) e no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), que também não está realizando agendamentos.

“No início de julho, o prefeito esteve na Câmara e durante a prestação de contas anunciou superávit, dinheiro em caixa e contas em dia, e foi aplaudido por seus secretários, inclusive pelo seu secretário de Saúde. Se há dinheiro em caixa, por que não fazer o repasse às unidades de saúde que não têm soro?” questiona Aava, ao falar da negligência por parte da Prefeitura.

Denúncia
A Fundahc, responsável pela gestão das maternidades públicas, afirma que a dívida da Prefeitura ultrapassa R$ 67 milhões. A diretora executiva da Fundahc, Lucilene Maria de Sousa diz que os pagamentos começaram a atrasar em 2021.  

“A Fundahc reafirma o eminente colapso das três maternidades públicas do município de Goiânia. Os repasses em atraso pela Prefeitura de Goiânia para a Fundahc para o gerenciamento dessas três maternidades somam R$ 67 milhões. A situação se cronificou em 2023, mas é importante lembrar que esses atrasos se iniciaram em 2021. Agora, tivemos um repasse parcial referente ao mês de maio, em torno de 50%, mas o mês de junho se encontra em aberto”, denuncia a gestora.

Investigação
Após a denúncia, o TCM emitiu uma medida cautelar, com o prazo de cinco dias para que a Prefeitura tome providencias para regularização dos serviços.

“Determina a citação imediata, via e-mail e Diário Oficial de Contas, dos senhores Rogério Cruz, prefeito de Goiânia, Durval Ferreira Fonseca Pedroso, secretário de Saúde do Município de Goiânia, para conhecimento e manifestação do teor dessa denúncia”, determina a medida.

O tribunal pede ainda, que sejam apresentados documentos que comprovem o repasse para as maternidades, em caráter de urgência. “Que os citados e notificados, forneçam documentos e informações acerca da denúncia apresentada, caso necessário. Fica fixado o prazo de cinco dias para que os gestores comprovem ter atendido a determinação desta corte de Goiânia”, finaliza.

Segundo a vereadora, as unidades realizam cerca de 1,2 mil partos por mês, 17 mil exames laboratoriais e de imagem, 3,4 mil consultas médicas, 150 cirurgias eletivas, 5,8 mil atendimentos de urgência e emergência e empregam mais de 2 mil pessoas.

O Jornal Opção entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, questionando a falta de repasses prometidos ao setor. A pasta esclarece que está negociando os contratos com a fundação.

Segue a nota da SMS na íntegra:

A respeito dos questionamentos realizados sobre o funcionamento das maternidades municipais, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece o que se segue:

– O contrato realizado entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Fundação Hospital das Clínicas da UFG (Fundach), nas gestão passadas para a administração das três maternidades públicas de Goiânia, é extremamente dispendioso.

– Somente na atual gestão, já foram pagos à Fundach R$ 480 milhões (quase meio bilhão). O valor pago para as três maternidades representa um terço do que é gasto com as 142 unidades de saúde do município.

– O elevado custeio das maternidades é bancado pelo município e não há repasses suficientes do Ministério da Saúde (MS). A busca de recursos junto ao ministério é constante, mas a mudança de governo levou os trâmites para a ajuda ser efetivada à estaca zero.

– Diante da situação, o município não tem outra saída a não ser renegociar o contrato e os valores, hoje em R$ 22 milhões mensais com a Fundação.

– Sobre a notificação do Tribunal de Contas dos Municípios, a Prefeitura está à disposição para responder aos questionamentos e reforça que a determinação já está em cumprimento, pois não há interrupção nos serviços das três maternidades.

– A prefeitura ressalta que as maternidades seguem de portas abertas e atendendo normalmente os casos de urgência e emergência.

– Nenhum atendimento deixou de ser realizado e, independentemente de qualquer negociação, a população não sofrerá prejuízos. A secretaria está trabalhando para que tudo seja resolvido o mais rápido possível.

– A Prefeitura de Goiânia investiu no primeiro quadrimestre deste ano, 23% de todo o seu orçamento em saúde, ou seja, 8% a mais do que determina a Constituição.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS) – Prefeitura de Goiânia