Hospital Cora deve dobrar capacidade de tratamento de câncer em Goiás
29 novembro 2023 às 18h40
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*Com informações de Fabrício Vera
A construção do primeiro hospital 100% público destinado ao tratamento—via Sistema Único de Saúde (SUS)—, de câncer em Goiás inaugura um marco para a saúde pública no Estado. O Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (CORA) teve sua pedra fundamental fixada em fevereiro deste ano, e 40% das obras já foram concluídas. O governo de Goiás estima que em dezembro de 2024 o Cora já inicie os atendimentos e tratamentos na ala pediátrica.
Finalizado, o hospital deve dobrar a capacidade de atendimento e tratamento do câncer em Goiás. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), são realizadas cerca de 4,5 mil cirurgias oncológicas por ano na rede pública de saúde do Estado. Somente o Cora terá a capacidade de executar 7,5 mil cirurgias por ano. Além disso, o hospital terá aptidão para realizar 13,5 mil consultas e 3,5 exames de imagens mensais.
O projeto do Hospital foi doado pela Instituição Pio XII, que integrará a gestão do complexo, e está orçado em cerca de R$ 424,7 milhões, com previsão de mais de 450 mil metros quadros de construção. Além dos 148 leitos de internação, centro cirúrgico, farmácia, centro de exames por imagens e de infusão quimioterápica, a unidade também disponibilizará um espaço para hospedagem de familiares dos pacientes que será construído através da parceria com artistas goianos.
Dignidade aos pacientes goianos
Caiado destacou que cerca de 8 mil pacientes goianos fazem tratamento fora do Estado, especialmente nas cidades de Barreto e Brasília. “Até a dignidade do cidadão goiano está sendo aviltada porque hoje o paciente, para ter acesso ao medicamento, ele precisa se mudar e achar uma residência em São Paulo porque o Estado não oferece”, disse.
De acordo com Caiado, cerca de 7 mil crianças no Brasil morrem devido ao câncer sem ter condições sequer de serem tratadas. “Com o diagnóstico precoce e com o tratamento feito aqui, nós teremos capacidade de cura”, diz.
O governador lembrou ainda que os primeiros leitos destinados ao tratamento do câncer em Goiás foram construídos em sua gestão. “O primeiro foi instalado em Uruaçu e fizemos ainda um segundo em Itumbiara. Mas esse aqui é o primeiro 100% baseado na melhor medicina, nos melhores tratamentos”, conta.
Questionamento da obra foram rebatidos
Em coletiva de imprensa durante visita ao canteiro de obras da unidade na manhã desta quarta-feira, 29, o governador de Goiás Ronaldo Caiado (UB) citou a tentativa de embargo e pontuou que a obra tem o “metro quadrado mais barato e ágil” de obras públicas no Estado. “Estamos entregando uma obra para salvar vidas. Estamos fazendo essa obra gastando 30% a menos do que seria se fosse feita através de uma construtora ou empreiteira”, argumentou.
O questionamento da obra foi protocolado pelo ex-governador Marconi Perillo, presidente do PSDB goiano, sob o argumento de que a obra descumpriu a Lei 13.019 (marco regulatório do terceiro setor). A formatação jurídica que possibilitou a implantação do Cora —via Organização da Sociedade Civil (OSC)—, foi aprovada pela Assembleia em novembro de 2022.
Pela Lei nº 21.642, o governo de Goiás foi autorizado a implantar uma unidade de saúde semelhante, em qualidade, ao Hospital de Amor de Barretos (SP).
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A dúvida levantada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Ministério Público Estadual (MPGO) sobre o formato de contratação para a construção do hospital foi respondida por Caiado, pelo titular da SES-GO, Sérgio Vencio, e pelo Hospital de Barretos Henrique Prata.
Caiado pontuou que a Fundação Pio VII tem, não somente a planta especializada para a construção do hospital, como a expertise na prestação do serviço especializado no atendimento de pacientes com câncer. “Hoje, a parte de pesquisa da Fundação dá condições para que uma criança atinja a condição de cura do câncer, isso é qualidade de saúde. Querer alegar uma burocracia em detrimento da vida das pessoas é indigno”, disse.
Presidente da Fundação Pio VII, do Hospital do Amor de Barretos (referência em tratamento de câncer no País), Prata lembrou que todo o trâmite foi avaliado pelo Tribunal de Contas e um projeto foi aprovado na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para que ajustes necessários fossem feitos. A Fundação Pio VII, além da doação do projeto para construção do hospital, ficará responsável pela gestão do Complexo.
Vencio destacou a economicidade da obra, tocada pela Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). O secretário de Saúde apontou que as obras terão um custo reduzido pela característica particular da Fundação (sendo uma instituição filantrópica), tem regime especial de tributação. “Graças à economia e gestão que o governador fez ao longo da gestão, essa obra é tocada sem a dependência de nenhum investimento”, disse.
Parceria com artistas
A visita ao canteiro de obras do Complexo foi acompanhada pelos cantores sertanejos Gusttavo Lima e a dupla Maiara & Maraisa. Essa inspeção tem ainda outro significado: a busca de apoio para a construção das alas de hospedagem para pais e parentes de pacientes em tratamento.
Vencio destacou a doação de cerca de R$ 1 milhão do Dj Alok para a construção da ‘Casa dos Artistas’, primeira etapa da área que será destinada hospedagem dos acompanhantes. “Essa primeira etapa será entregue junto com a primeira etapa do CORA que é destinado à ala pediátrica”, pontua.
A primeira-dama Gracinha Caiado, presente na vistoria, destacou o desejo de ver os tratamentos iniciados no hospital. “Não vejo a hora de ver essas crianças aqui, bem instaladas e podendo receber o melhor atendimento possível para essa doença que é tão devastadora. Ronaldo Caiado tem o compromisso de cuidar das pessoas, sempre buscando parcerias e o que há de melhor e mais moderno. E é isso que estamos fazendo aqui”, disse.
O cantor Gustavo Lima comentou sobre a estrutura do Hospital e disse que o CORA será responsável por salvar vidas. “A gente sabe da seriedade disso e também gostaria de convidar pessoas que tem condições de apoiar e a patrocinar uma obra tão importante”.
Já Maiara e Maraisa lembraram do histórico de câncer da família e falaram sobre a importância das obras. “Teremos o início da ala infantil muito em breve e Goiás precisa desse apoio para ajudar as famílias com câncer. Nós apoiamos o CORA”, disse Maiara.
Prefeitos de 118 cidades participaram do ato, muitos relataram as dificuldades e manobras que precisam fazer para mandar pacientes para outros estados.
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