Durante a pandemia da Covid-19, o médico francês Didier Raoult, conhecido como “Dr. Cloroquina”, apresentou um artigo a respeito da cloroquina e da hidroxicloroquina como tratamento para o coronavírus. O trabalho foi publicado na revista científica International Journal of Antimicrobial Agents. Entretanto, a publicação precisou retratada e foi despublicada, após investigação alegar que texto tinha falhas científicas importantes e poderia ter violado os regulamentos éticos.

Diretor do Hospital Institute of Marseille Mediterranean Infection (IHU), Raoult afirmou no artigo que o tratamento defendido reduzia a carga viral em pacientes com Covid-19. Ao mesmo tempo, o médico ainda defendia que o remédio utilizado no tratamento contra a malária também seja combinado com o antibiótico azitromicina para ser mais eficaz.

No entanto, o artigo levantou preocupações a respeito da velocidade da publicação, no qual o texto foi publicado apenas quatro dias após ter sido submetido. Ao mesmo tempo, o tamanho da amostra também gerou preocupações em pesquisadores ao redor do planeta. O trabalho utilizou uma amostra de apenas 36 pacientes, segundo a revista científica Sciente.

A revista científica também pontuou que investigações da Elsevier, empresa holandesa especializada em conteúdo científico, técnico e médico, os pesquisadores envolvidos com o estudo de Raoult não conseguiu aprovação ética antes de recrutar os pacientes. Além de não ter o consentimento deles para receberem o tratamento com azitromicina.

Cerca de 32 artigos publicados por autores da IHU tiveram uma retratação, sendo 28 em consultoria com Raoult, e outros 243 estão com expressões de preocupação. O médico francês ainda teve o registro de medicina cassado e não poderá exercer medicina pelos próximos dois anos, a partir de 1º de fevereiro do próximo ano.

Lembrando que durante a pandemia da Covid-19, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto estava no cargo, defendeu o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina como “tratamento precoce” contra o coronavírus. Em 2021, Raoutl também reconheceu a ineficácia do tratamento e erros em seu estudo inicial, por meio de uma carta publicada no International Journal of Antimicrobial Agents.

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