Você já deve ter percebido que as queixas de perda de olfato e paladar diminuíram entre as pessoas infectadas pela Covid-19. Tão comuns no início da pandemia, esses sintomas parecem ter sido substituídos pela dor de garganta. E isso não é apenas uma impressão. Os sintomas realmente têm mudado, e essa transformação tem relação direta com as variantes.

No caso da Ômicron, há ainda as subvariantes. Elas são mutações que têm variações pequenas que não chegam a ser classificadas como variantes de preocupação, mas são capazes de suplantar umas às outras. São elas: BA.1, BA.2, BA.3, BA.4 e BA.5.

Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo explica que não existe, por exemplo, Delta 1, Delta 2, Delta 3, mas várias subvariantes da cepa que não conseguiram suplantar a sua circulação. “Essa é uma característica que só aconteceu com a Ômicron. Hoje, temos pouca circulação da BA.1, mas vários surtos causados pela BA.4 e BA.5 no mundo inteiro”, detalha o infectologista.

Outra transformação trazida pela Ômicron está relacionada à manifestação da Covid-19. Segundo o médico, é difícil avaliar os sintomas causados por cada variante, porque podem ocorrer misturas e reações diferentes em cada pessoa. Mas algumas queixas habituais no início da pandemia já não estão sendo apresentadas por quem se contaminou com a Ômicron.

“Entre as variantes anteriores [Alfa, Beta, Gama e Delta], as diferenças eram pouco marcantes. Com a Ômicron, a gente vê uma diminuição dos eventos de perda de olfato e paladar e um aumento de dor de garganta e sintomas respiratórios, como obstrução nasal e coriza”, afirma o presidente da SBI.

Os sintomas de cada variante

De forma geral, os sintomas mais comuns da covid-19 são febre, tosse seca e cansaço. Podem ocorrer ainda perda de olfato e paladar, dor de cabeça, garganta inflamada, olhos vermelhos ou irritados, diarreia, entre outros. Nos casos mais graves, há dificuldade para respirar, confusão mental, dor no peito e perda de fala ou mobilidade.

Ainda que muito semelhantes, é possível identificar os sintomas de maior predominância em cada uma das cinco variantes de preocupação. A partir da chegada da Delta prevalecem os sintomas respiratórios, e a Covid-19 fica mais parecida com uma gripe.

Confira:

Alfa: perda ou alteração do olfato e do paladar, febre, tosse persistente, calafrios, perda de apetite e dor muscular;
Beta: febre, tosse, dor de garganta, falta de ar, diarreia, vômito, dor no corpo, cansaço e fadiga;
Gama: febre, tosse, dor de garganta, diarreia, vômito, dor no corpo, cansaço e fadiga;
Delta: febre, coriza, dor de cabeça, espirros, dor de garganta e tosse persistente;
Ômicron: cansaço extremo, dor no corpo, dor de cabeça, coriza, congestão nasal e dor de garganta.

Vacina

Cada variante apresenta algum tipo de escape da imunidade adquirida pela infecção natural ou pela vacinação. Isso significa que elas podem causar infecções mesmo em pessoas vacinadas ou que já tiveram a doença, mas de forma muito mais leve e, em alguns casos, até assintomática.

“A vacina mantém uma alta taxa de proteção para casos mais complicados que exigem internação e possam resultar em óbito. Desde que os esquemas vacinais estejam corretos com todas as doses de reforço, a resposta contra o vírus continua eficiente”, ressalta Alberto.

As doses de reforço, inclusive, têm sido recomendadas para manter os níveis elevados de anticorpos no corpo, protegendo contra a Ômicron e outras cepas.