Alergia: quem não tem uma para chamar de sua?
02 setembro 2023 às 12h37
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Hoje em dia é muito raro ouvir alguma pessoa dizer que não tem qualquer tipo de alergia. Na dúvida, faça um teste com alguém ao seu lado e pergunte. Na certa você escutará o relato de, pelo menos, uma restrição. Algumas até questionáveis, tendo em vista os vários ‘mitos’ sobre o tema ainda presentes na cultura popular. Mas é fato que, no geral, todo mundo tem (ou acha que tem, ao menos) uma alergia para ‘chamar de sua’.
Indo além do campo das impressões, entretanto, a estimativa (científica) é que cerca de 40% da população mundial sofra com algum tipo de alergia. O dado é da Organização Mundial de Alergia (WAO). As respiratórias, como a asma e a rinite, são as mais recorrentes. Somadas, atingem cerca de 700 milhões de pessoas – segundo estudos recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mitos e as principais dúvidas
Especialista em alergias respiratórias, a médica otorrinolaringologista Cristiana Passos Dias Levy explica que, no geral, as pessoas fazem algumas confusões em relação aos diagnósticos e nas formas de tratamento das alergias que afetam as vias aéreas.
“É muito comum haver confusão em relação aos sintomas de resfriado, gripe, sinusite, e muitas vezes as pessoas acabam recorrendo a tratamentos que são ineficazes por falta de conhecimento”, observa a médica, que elencou aqui as principais dúvidas que chegam ao seu consultório, além dos mitos e verdades que precisamos saber a respeito do assunto.
1)Quais são os tipos de alergias respiratórias, e o que provoca essas irritações?
As principais alergias respiratórias incluem a rinite alérgica (alergia ao pólen, ácaros, pelos de animais, entre outros); a asma (alergia que afeta as vias respiratórias); a sinusite alérgica (alergia que afeta os seios da face) e a alergia ao mofo (fungos que crescem em ambientes úmidos). Outros alérgenos comuns incluem fumaça, poluição e produtos químicos.
2) Como podemos identificar que estamos com alguma alergia respiratória?
Os principais sintomas de alergias respiratórias incluem:
– Coriza (nariz escorrendo)
– Espirros frequentes
– Coceira nos olhos, nariz e garganta
– Tosse – Olhos vermelhos e lacrimejantes – Falta de ar ou chiado no peito (em casos de asma)
Esses sintomas podem variar em intensidade e duração, dependendo do tipo de alergia respiratória e da exposição aos alérgenos.
3) Como podemos distinguir gripes e resfriados de uma crise alérgica?
Gripes, resfriados e rinite alérgica são condições diferentes, com sintomas distintos e causas diferentes. A gripe é uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório. Os sintomas incluem febre alta, dor muscular, dor de cabeça, tosse seca, dor de garganta, coriza e mal-estar geral. A gripe geralmente dura de 5 a 7 dias e pode ser grave em pessoas com sistema imunológico comprometido, idosos e crianças.
O resfriado é uma infecção viral menos grave que a gripe, que afeta principalmente o nariz e a garganta. Os sintomas incluem coriza, espirros, tosse, dor de garganta e congestão nasal. O resfriado geralmente dura de 3 a 5 dias e é mais comum durante os meses de outono e inverno. A rinite alérgica é uma reação alérgica a substâncias inaladas, como pólen, poeira, pelos de animais e mofo. Os sintomas incluem coriza, espirros, coceira no nariz e nos olhos, congestão nasal e lacrimejamento. A rinite alérgica pode ser sazonal (causada por pólen) ou perene (causada por alérgenos presentes no ambiente durante todo o ano). Para diferenciar essas condições, é importante observar os sintomas e o tempo de duração.
A gripe geralmente vem acompanhada de febre alta e dor muscular, enquanto a rinite alérgica não costuma causar febre. Além disso, a gripe geralmente dura mais tempo que o resfriado. Se você estiver com sintomas de gripe ou resfriado, é importante ficar em casa e evitar contato com outras pessoas para evitar a propagação do vírus. Se os sintomas persistirem ou piorarem, procure um médico. Se você suspeita de rinite alérgica, um otorrinolaringologista pode ajudar no diagnóstico e no tratamento adequado.
4) Quais são os medicamentos indicados para tratar alergias respiratórias?
Existem vários tipos de medicamentos disponíveis para o tratamento de alergias respiratórias. Alguns dos mais comuns são: Anti-histamínicos: são medicamentos que bloqueiam a ação da histamina, uma substância produzida pelo sistema imunológico que desencadeia os sintomas de alergia. Podem ser encontrados em forma de comprimidos, xaropes ou sprays nasais. Corticosteroides: são medicamentos que reduzem a inflamação e a resposta imunológica no corpo. Podem ser encontrados em forma de comprimidos, sprays nasais ou inaladores. São mais indicados para alergias mais graves e persistentes. Descongestionantes: são medicamentos que reduzem a congestão nasal, aliviando os sintomas como coriza e espirros. Podem ser encontrados em forma de comprimidos, xaropes ou sprays nasais. Anti leucotrienos: são medicamentos que bloqueiam a ação dos leucotrienos, substâncias produzidas pelo sistema imunológico que desencadeiam os sintomas de alergia. Imunoterapia: é um tratamento que envolve a administração de doses crescentes de um alérgeno específico, a fim de ajudar o sistema imunológico a se acostumar e reduzir a resposta alérgica ao longo do tempo. É importante lembrar que esses medicamentos devem ser prescritos por um médico, que avaliará o tipo e a gravidade da alergia e indicará o tratamento mais adequado. Se eu tenho rinite ou asma, por exemplo, meus filhos também vão ter? É genético? Existem evidências que sugerem uma relação genética entre alergias. Estudos mostram que pessoas com histórico familiar de alergias têm maior probabilidade de desenvolver alergias respiratórias, como rinite alérgica e asma. No entanto, a genética não é o único fator que contribui para o desenvolvimento de alergias respiratórias, além do fator genético, existem fatores desencadeastes, como a exposição a alérgenos e o ambiente em que se vive. Os sintomas da rinite e da sinusite podem ser confundidos? Embora a rinite alérgica e a sinusite aguda possam compartilhar alguns sintomas, como coriza e congestão nasal, é importante diferenciá-las para que o tratamento adequado possa ser prescrito. Se você estiver com sintomas de rinite alérgica ou sinusite aguda, é recomendado que procure um médico para obter um diagnóstico preciso. O frio piora os quadros de alergias respiratórias? O frio não piora diretamente os quadros alérgicos, mas pode aumentar a incidência de algumas doenças respiratórias, como a rinite alérgica e a asma. Quando a temperatura cai, as pessoas tendem a ficar mais tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que pode aumentar a exposição a alérgenos como ácaros, mofo e pelos de animais. Além disso, o frio também pode ressecar as mucosas do nariz e da garganta, deixando-as mais susceptíveis a irritações e infecções. Outro fator que pode agravar os quadros alérgicos durante o frio é o aumento da poluição do ar, que pode irritar as vias respiratórias e agravar os sintomas de rinite alérgica e asma. Portanto, se você tem alergias respiratórias, é importante tomar medidas para preveni-las durante o frio, como manter a casa limpa e ventilada, evitar ambientes com fumaça e poluição, usar um umidificador para manter a umidade do ar e tomar os medicamentos prescritos pelo médico para controlar os sintomas. As crianças sofrem mais com alergias respiratórias? Não necessariamente. As alergias respiratórias podem afetar pessoas de todas as idades, e não há um grupo etário específico que seja mais propenso a desenvolvê-las. No entanto, é verdade que as alergias respiratórias são mais comuns em crianças e jovens adultos, e que elas tendem a diminuir com a idade. Isso pode ser devido a uma série de fatores, como a exposição a alérgenos em ambientes escolares ou de trabalho, a mudanças hormonais durante a puberdade, e a fatores genéticos e ambientais que podem aumentar a suscetibilidade a alergias. Em qualquer caso, é importante que as pessoas de todas as idades estejam cientes dos sintomas de alergias respiratórias e procurem tratamento adequado se eles ocorrerem. Rinite sem tratamento pode se tornar sinusite? A rinite é uma inflamação da mucosa nasal, enquanto a sinusite é uma inflamação da mucosa dos seios da face. A rinite pode levar à sinusite porque a inflamação pode se estender da mucosa nasal para os seios da face, favorecendo uma infecção nos seios da face. Além disso, a rinite pode causar obstrução nasal, o que pode impedir que os seios da face sejam drenados adequadamente, levando a um acúmulo de muco, o que cria um meio propício as bactérias que podem levar à sinusite. Por isso, é importante tratar a rinite adequadamente para prevenir a sinusite. Quais são os cuidados que podemos ter em casa para evitar alergias respiratórias? Existem diversas medidas que podem ser tomadas em casa para ajudar a prevenir alergias respiratórias, tais como: Manter a casa limpa e livre de poeira: limpar regularmente a casa com pano úmido, aspirador de pó e evitar acúmulo de objetos que possam acumular poeira, como tapetes, cortinas e bichos de pelúcia. Controlar a umidade: manter a umidade dentro dos níveis recomendados (entre 40% e 60%) pode ajudar a evitar o crescimento de ácaros e fungos. É importante ventilar a casa diariamente e usar desumidificadores ou aparelhos de ar-condicionado com filtros antialérgicos. Evitar fumar: o tabagismo pode irritar as vias respiratórias e desencadear alergias respiratórias, portanto, é importante evitar fumar dentro de casa ou estar exposto a fumaça de cigarro. Evitar alérgenos: identificar e evitar os alérgenos que causam as alergias, como pólen, mofo, ácaros e pelos de animais de estimação. Manter uma alimentação saudável: uma dieta equilibrada pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico e reduzir a suscetibilidade a alergias. Higienizar as mãos: lavar as mãos com frequência ajuda a prevenir a propagação de germes e bactérias que podem desencadear alergias. Em geral, os cuidados em casa para evitar alergias respiratórias têm como objetivo manter um ambiente limpo e saudável, reduzindo a exposição a alérgenos e irritantes. É importante lembrar que cada pessoa pode ter necessidades específicas, e que o acompanhamento médico é fundamental para identificar e tratar alergias respiratórias.