Diferentemente de 2020, quando Gustavo Mendanha – então no MDB, hoje no Patriota – buscava a reeleição sem adversários competitivos e somente dois nomes se colocaram na disputa (Márcia Caldas, do Avante, e Bruno Felipe, do PSOL), o prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano (Patriota), pode enfrentar uma concorrência acirrada no próximo ano. Ao menos dez outros nomes despontam ou se colocam como possibilidades para gerir a segunda maior cidade do Estado.

Neste ano que antecede as eleições de 2024, alguns já declararam abertamente sua pré-candidatura. Entre eles está o próprio Vilmar Mariano; o presidente da Câmara, André Fortaleza (MDB); o presidente municipal do PSOL, Humberto Chaves; e o corretor de imóveis bolsonarista Felype Robson (sem partido). Os demais nomes ventilados são: os deputados federais Professor Alcides (PL) e Glaustin da Fokus (PSC), o ex-secretário de Gustavo Mendanha, Tatá Teixeira; o presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) e ex-deputado, Delegado Waldir (UB); o ex-deputado federal Euler Morais (MDB); o ex-prefeito Ademir Menezes (PSD); e o filho dele, o ex-deputado Max Menezes (PSD).

Embora se esquive de comentar sobre a construção do projeto de reeleição, nos bastidores tudo indica que o prefeito Vilmar Mariano vai, sim, concorrer ao segundo mandato. “Sou um cara focado em uma gestão. Vou tratar de assuntos políticos no início do ano. Agora para chegar a um novo mandato, uma reeleição, isso vem exatamente com um mandato bem feito, uma gestão boa, ao contento do povo de Aparecida”, ressaltou. No entanto, interlocutores da Prefeitura revelam que há conversas até de formação da chapa. Para a vaga de vice-prefeito, o nome mais cotato seria do vereador Willian Panda (PSB). Caso isso proceda, seria algo como uma frente ampla, nos moldes formatados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que fechou aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) para retornar ao Palácio do Planalto.

Se o governador quiser que eu seja candidato em Aparecida, serei. Trabalho em grupo

Presidente do Detran-GO, Delegado Waldir Soares

Willian Panda é ex-secretário de Habitação do município e tem se mostrado hábil em interlocuções com Brasília. No início deste mês, ele liderou uma comitiva da cidade, composta pelo secretário municipal de Segurança Pública, Roberto Cândido, o comandante da Guarda Civil Municipal (GCM), Weber Júnior, e o secretário de Habitação, Bira Contador. Entre as promessas do governo Lula trazidas do encontro, estão as liberações de obras paradas e a construção de novas unidades e o desbloqueio de emendas parlamentares para a aquisição de equipamentos para a guarda. De cara, também conseguiu uma agenda de visita à cidade, do secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar. A data será marcada. O encontro aconteceu por intermediação do secretário de Assuntos Legislativos da Secretaria Nacional de Segurança Pública, o ex-deputado federal Elias Vaz (PSB). Com isso, o parlamentar pode estar se gabaritando para o cargo. Mas tudo está acontecendo sem alarde de Vilmar, para não afugentar aliados.

Se as eleições fossem hoje, um rival certo de Mariano seria alguém que tem enfrentado abertamente o prefeito: o presidente da Câmara de Aparecida, André Fortaleza. Ele garante que vai concorrer, no entanto não se sabe se pelo MDB, uma vez que há articulações para Vilmar Mariano retornar a seu antigo partido. “Se ele se filiar, eu saio na sequência”, afirmou Fortaleza. Em 2022, o parlamentar flertou com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) para o Senado e para o governo de Goiás manteve apoio ao ex-prefeito Gustavo Mendanha. Para a Câmara dos Deputados, andou ao lado da deputada federal bolsonarista Magda Mofatto (PL), que, após a eleição, deixou de atendê-lo. Nesta semana, Magda foi vista na companhia de Mariano, a quem deve apoiar à reeleição, segundo contou ao Jornal Opção seu marido, Flávio Canedo, ex-candidato a prefeito de Caldas Novas.

Novas alianças de Fortaleza podem estar sendo construídas com o deputado federal Professor Alcides. Interlocutores confidenciaram, que ambos têm se reunido para uma possível chapa de Alcides a prefeito, com André na vice. Os dois negam, mas confirmam os encontros. De acordo com o deputado, as conversas são para buscar apaziguar a relação entre os chefes dos Poderes Legislativo e Executivo do município. “Estamos trabalhando diuturnamente para a união do grupo, de modo que a gente possa reeleger nosso prefeito Vilmar Mariano”, ressaltou o professor, em resposta a uma reportagem.

No entanto, como em política tudo pode acontecer, os cenários cogitados são para que Alcides seja o candidato de cabeça da majoritária e o vereador fique com a vice. Todos na cidade sabem que o sonho do professor-deputado é um dia administrar Aparecida de Goiânia. Foi no município onde ele criou um império de negócios, que inclui uma universidade – a única da cidade com curso de Medicina aprovado pelo Ministério da Educação (MEC). Uma segunda tentativa de concorrer à principal cadeira da Cidade Administrativa Maguito Vilela, sede do executivo municipal, tende a depender da conjuntura política, se Vilmar conseguir manter o grupo unido e liderança.

Entretanto, o deputado do PL sabe que antecipar qualquer iniciativa pode prejudicar o grupo dele. É que o deputado conta com duas secretarias na prefeitura: Educação e Meio Ambiente. Caso declare que pode sair candidato, de imediato perde todos os cargos na gestão de Vilmar Mariano. Esse é o caso também do ex-deputado federal e candidato ao Senado mais votado em Aparecida, João Campos (Republicanos), que também tem nomes na administração municipal. Ele pode contar, dependendo da situação de Vilmar, com o apoio de Gustavo Mendanha, o qual apoiou o governo em 2022, enfrentando grande parcela do partido que optou pela reeleição do governador Ronaldo Caiado (UB). Da parte de Mendanha, seria uma retribuição. Ligado à ala evangélica, João Campos terminou a eleição de 2022 para senador na 1ª colocação no município, com 51.029 votos (23,62%).

Do outro lado, o provável nome do governo estadual é do ex-deputado federal Delegado Waldir. O político também tem bastante capilaridade no município. Na corrida ao Senado, ele ficou na terceira posição, com 36.427 votos (16,86%). Em 2020, o delegado chegou a ensaiar uma candidatura contra Mendanha. “Na política você nunca pode dizer ‘não’ ou ‘sempre’. Porque a política é mesmo muito dinâmica e a definição do cenário não depende de uma só pessoa ou de um só projeto. Eu moro em Aparecida, meu domicílio eleitoral é na cidade. Tenho amor pelo Executivo, gosto de liderar e comandar”, afirmou na ocasião. A presidência do Detran pode ser a experiência que ele precisa para adquirir experiência e visibilidade. Acerca de candidatura, o delegado é enfático: “Se o governador quiser que eu seja candidato de Aparecida, serei. Trabalho em grupo”.

Neste mesmo contexto, está o deputado federal Glustin da Fokus (PSC). Empresário bem-sucedido em Aparecida de Goiânia, ele também chegou a articular a candidatura a prefeito, mas dependia de um apoio do governo estadual, o que não viabilizou a tempo. Ao Jornal Opção, ele garante que desta vez vai concorrer à cadeira ocupada por Vilmar Mariano. O parlamentar ressalta que há um projeto em construção com o partido para administrar o segundo maior município goiano. Todavia, ele cita que no momento se dedica ao tema da reforma tributária na Câmara dos Deputados.

Assim como o governo estadual, os partidos têm realizado pesquisas de opinião junto ao eleitorado aparecidense. De acordo com o parlamentar, sua sigla também tem feito estudos. As prévias de pesquisas internas da legenda mostram que o desejo dos munícipes é por um gestor mais presente. “É claro que neste momento distante das eleições a máquina aparece mais forte. A atual prefeitura é fortemente lembrada pelos habitantes, mas já podemos notar que as pessoas precisam de um administrador”, destacou.

Outro lembrado como possível candidato é o filho do ex-prefeito Norberto Teixeira, Tatá Teixeira. Em conversa com o Jornal Opção, o ex-secretário particular afirmou que trabalha para retornar à Câmara. “Eu sou pré-candidato a vereador. Esta missão de ser candidato a prefeito tem de ser definida em grupo. Se tiver grupo, posso até colocar o meu nome à disposição, mas isso tem de ser uma definição de todo mundo. Como Vilmar pode ser candidato à reeleição e ele é do nosso grupo, então ele está na frente. Por isso, estou fazendo um trabalho para ser candidato a vereador”, disse.

Ex-deputado e ex-secretário em pastas estratégicas na gestão do ex-prefeito Maguito Vilela, Euler Morais, que foi preterido por Mendanha em 2016, pode ser uma opção para o MDB e também para o governador Ronaldo Caiado. Mas ele entende que não é descartada a possibilidade do governo estadual apoiar a reeleição de Vilmar. “Eu não vou colocar jamais qualquer objetivo meu pessoal nesse processo. Eu tenho consciência de minha responsabilidade de trabalhar de forma totalmente colaborativa para desenvolver o desenvolvimento e a boa ação do governo ali [Aparecida]”, salientou.

O ex-prefeito Ademir Menezes (PSD), apesar de ter negado qualquer iniciativa de buscar voltar para a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, nos bastidores da política local tem seu nome articulado até pelo próprio filho, Max Menezes. Caso o pai não vá, pode ser ele o candidato. Ademir geriu o município de 1997 a 2000, pelo PMDB (agora MDB) e de 2001 a 2004, pelo então PFL (que passou a ser DEM e agora União Brasil, ao se fundir com o antigo PSL). “Mas não é projeto meu, não está em meus projetos. Estou na iniciativa privada. Desde que venceu meu mandato na Assembleia, em 2016, eu retornei para a iniciativa privada, cuidando das coisas pessoais e da família. Eu confesso para você que não parei para avaliar a política. Conversar sobre política vou continuar, não na vida pública, mas nos meios políticos, não tem jeito de fica de fora, porque é algo que eu gosto e é necessário para vida de qualquer ser humano, em qualquer lugar”, enfatiza.

Enquanto apenas o vereador André Fortaleza e o deputado Glaustin da Fokus declaram publicamente a intenção de candidatura a prefeito, outros nomes se apresentam no horário. Dentro da coalizão do governo federal de Lula, a federação PSOL/Rede é detentora de dois ministérios: Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Marina Silva/Rede) e Ministério dos Povos Indígenas (Sônia Guajajara/PSOL). A esquerda no município pode lançar o nome do empresário Humberto Chaves. “Sou pré-candidato e representante da esquerda, uma alternativa para a população aparecidense que foge dos iguais”, garante.

“Tenho falado com setores do PT, com PCdoB, PSB e temos o apoio da própria Rede Sustentabilidade. Algumas organizações sociais, associações e grupos representativos de várias partes da cidade já estão conosco. As alianças são importantes, mas são muitos os critérios. Temos questões estatutárias e questões de princípios. Vamos conversar com todos que quiserem falar conosco, não somos partido de negociatas e nem partido de aluguel. Podemos compor, mas temos certo limite”, frisou sobre possíveis alianças.

No campo da direita bolsonarista se apresenta o corretor de imóveis Felype Robson. No momento, ele está sem partido, mas informou que está com conversas avançadas com pP, Solidariedade e PL. O postulante a candidato à Prefeitura de Aparecida de Goiânia disse que tem fechado apoios com os setores empresariais e políticos, dentre os quais, mantido conversas com o senador Wilder Morais e com o deputado federal Gustavo Gayer, ambos do PL e bolsonaristas. Na região, destacou que tem falado com os prefeitos de Hidrolândia, José Délio Alves Junior (UB), e de Aragoiânia, José Garcia de Souza (PSDB). No município, Felype Robson assegura que terá apoio de ex-prefeitos e ex-vereadores, porém ressaltou que, por enquanto, não pode citar nomes.

Bandeiras de campanha
Os potenciais candidatos ao cargo de prefeito são quase unânimes em indicar problemas estruturais enfrentados pela população do município. Como saúde, educação, segurança e infraestrutura. Para André Fortaleza, a questão mais urgente é a abertura de vagas de centros municipais de educação infantil (Cmeis). Ele calcula que há um déficit de 8 mil vagas para crianças no município. O vereador pontua ainda os problemas de iluminação e pavimentação asfáltica. A Prefeitura estima que 38 bairros estão sem asfalto e que serão pavimentados neste ano.

Tatá Teixeira cita que a cidade precisa seguir atenta à vocação industrial. “Eu defendo que a região da mata, que é um pouco do que restou como rural, seja no próximo plano diretor determinada para a indústria e comércio, que deixe lotear para casas”, destaca. “Aparecida está sendo toda construída, eu defendo a industrialização, defendo que Aparecida continue se desenvolvendo”, emendou. Euler Morais pontua que a universalização de água e esgoto é uma questão crucial para Aparecida de Goiânia, além de ver a necessidade de construção de complexos viários, viadutos e novos eixos. No município, ele tem participado ativamente da transferência do semiaberto para o complexo prisional, e no lugar foi construído um novo distrito industrial.

Suplente na candidatura ao Senado de Manu Jacob (PSOL), que obteve em Aparecida 4.834 (2,24%), Humberto Chaves acrescenta que Aparecida possui também problemas ambientais, em decorrência da expansão de condomínios e loteamentos. Em sua visão, o plano diretor é desconsiderado na cidade. Já Felype Robison elenca como prioridade enxugar a máquina administrativa em pelo menos 60%. “Isso daria para melhorar a remuneração do servidor. Ele iria trabalhar mais e também render melhor”, entende.

Confira a lista:

1 – Vilmar Mariano (Patriota)

Prefeito Vilmar Mariano |  Foto: Arquivo/Secom
Prefeito Vilmar Mariano | Foto: Arquivo/Secom

2 – André Fortaleza (MDB)

Presidente da Câmara, André Fortaleza | Foto: Secom/Câmara
Presidente da Câmara, André Fortaleza | Foto: Secom/Câmara

3 – Deputado federal Professor Alcides (PL)

Deputado federal Professor Alcides | Foto: divulgação
Deputado federal Professor Alcides | Foto: Divulgação

4 – Deputado federal Glaustin da Fokus (PSC)

Deputado federal Glaustin da Fokus | Foto: divulgação
Deputado federal Glaustin da Fokus | Foto: Divulgação

5 – Delegado Waldir Soares, presidente do Detran-GO (UB)

Presidente do Detran-GO, Delegado Waldir Soares | Foto: divulgação
Presidente do Detran-GO, Delegado Waldir Soares | Foto: Divulgação

6 – Ex-deputado federal João Campos (Republicanos)

Ex-deputado federal e pastor João Campos | Foto: Câmara dos Deputados
Ex-deputado federal e pastor João Campos | Foto: Câmara dos Deputados

7 – Ex-deputado federal Euler Morais (MDB)

Ex-deputado Euler Morais | Foto: divulgação
Ex-deputado Euler Morais | Foto: Divulgação

8 – Tatá Teixeira

Ex-secretário de Articulação de Aparecida Tatá Teixeira | Foto: divulgação
Ex-secretário de Articulação de Aparecida Tatá Teixeira | Foto: Divulgação

9 – Ex-prefeito Ademir Menezes ou ex-deputado estadual Max Menezes, ambos do PSD

Max e Ademir Menezes | Foto: divulgação
Max e Ademir Menezes | Foto: Divulgação

10 – Presidente do PSOL em Aparecida de Goiânia, Humberto Chaves

Manu Jacob, Humberto Chaves e Cintia Dias | Foto: divulgação
Manu Jacob, Humberto Chaves e Cintia Dias | Foto: Divulgação

11- Felype Robison (sem partido)

Felype Robison | Foto: arquivo pessoal
Felype Robison | Foto: Arquivo pessoal