“Não há candidatos internos ainda e está muito cedo para essa movimentação”, disse Issy Quinan

Prefeito não pretende disputar o diretório estadual e deve apoiar nomes como Heuler Cruvinel, Vanderlan Cardoso, Roberto Balestra e até o do presidente Alexandre Baldy | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

O Partido Progressista (PP) se mantém neutro em relação ao projeto político democrata que assumiu o Palácio das Esmeraldas, apesar da coligação partidária com a candidatura do ex-deputado federal Daniel Vilela (MDB) ao governo estadual na eleição passada. O diretório do partido em Goiás também tem funcionado de forma provisória nos últimos anos, segundo o prefeito de Vianópolis Issy Quinan (PP), que esteve no Jornal Opção na semana passada. A posição da legenda e a eleição do diretório estadual serão discutidas em abril, mas pouco deve mudar, pelo menos em relação ao comando no Estado.

O prefeito de Vianópolis avaliou as duas condições de forma neutra: ser posição ou oposição ao governo caberá ao presidente do diretório estadual, Alexandre Baldy, decidir, já que ele deve ser reconduzido ao cargo na eleição interna. Quinan não opinou se Baldy levará o partido à oposição, mas garantiu que sua postura política será coerente com a mesma adotada na eleição passada. “Existem posições de ordem pessoal. Ao me pautar pela coerência que exerci e apoiei outro projeto político, distinto do atual, vou me manter independente”, enfatizou Quinan.

A eleição de Baldy ao diretório estadual correrá naturalmente. “Não há candidatos internos ainda e está muito cedo para essa movimentação. Também não é segredo para ninguém as divergências entre o ex-deputado federal Roberto Balestra e o diretório nacional. Talvez se esse fosse o motivo para o que partido funcionasse nessas condições, não existe mais. Balestra não é mais deputado e chegou a hora da direção nacional olhar para Goiás e dar oportunidade para o partido se estruturar no Estado e oportunidade para as lideranças esparramadas participarem efetivamente da construção da direção partidária”, sugeriu o prefeito.

Para Issy Quinan, o ex-ministro das Cidades é um político de envergadura nacional e seu legado justifica a permanência no cargo: o partido elegeu dois deputados federais, um senador e um deputado estadual.

Mas o prefeito sugere ainda que Baldy esteja mais presente em Goiás para viabilizar sua candidatura junto às demais lideranças no Estado. O ex-ministro assumiu a Secretaria de Transportes Metropolitanos no governo de João Doria (PSDB) em São Paulo. “Mas a meu ver é importante que haja essa sintonia entre a liderança estadual e as lideranças municipais. O fato de ele estar em outro Estado o distancia dessa estrutura partidária, mas ainda reputo a ele uma capacidade ampla de diálogo e convergência. É importante que o partido tenha dirigentes presentes no Estado e nos municípios, que é onde as coisas acontecem”, sublinhou Quinan.

O prefeito retira antecipadamente seu nome de qualquer disputa interna por exercer o mandato em Vianópolis, mas entende que o partido precisa se preparar para as eleições municipais de 2020. “As lideranças municipais são os responsáveis pela construção do partido a nível estadual. Para que nós possamos preparar o partido para a eleição de 2020 é necessário que esses temas estejam em pauta na próxima eleição partidária de abril, inclusive se Baldy vai ser reconduzido ou se outro companheiro vai assumir essas funções.”

O prefeito explica que prefere trabalhar pelo futuro do partido e não descarta outros nomes que possam capitanear o PP. “Sou prefeito por dois mandatos consecutivos. Quero contribuir com os líderes Vanderlan Cardoso [senador], Professor Alcides [deputado federal] e até o próprio Alexandre Baldy. Mas Heuler Cruvinel, Sandes Júnior e Roberto Balestra são figuras de proa no partido.”

Segundo Quinan, o partido tem estrutura nos 246 municípios goianos, elegeu 25 prefeitos, 20 vice-prefeitos e mais de 200 vereadores na última eleição municipal. “Existe uma perspectiva forte de crescimento para essa eleição de 2020.”

Quanto aos escândalos nacionais protagonizados por membros do PP – com 21 parlamentares investigados na Operação Lava-Jato -, o político arremata que o fisiologismo se tornou natural no cenário nacional. “As mais diversas legendas que existem, via de regra, se tornaram fisiológicas. Em Goiás, vejo isso de forma diferente. Existem pessoas movidas por ideal. O PP, no decorrer dos anos, seguiu uma linha pautada na coerência. Ainda acho que o partido precisa resgatar suas bandeiras fundamentais para não ser visto como legenda de aluguel no Brasil”, afirma o prefeito de Vianópolis.

Prefeituras pedem que emendas impositivas possam contemplar “Goiás na Frente”

Issy Quinan lidera um grupo de prefeitos adeptos da ideia de que as emendas impositivas dos deputados estaduais possam destinar recursos para as obras paradas do projeto “Goiás na Frente”.

Na semana passada, o prefeito se encontrou com o secretário estadual de Governo, Ernesto Roller (MDB), para levar essa demanda do grupo que representa. “A mudança nas emendas impositivas proposta pelo deputado Bruno Peixoto engessou a aplicação dos recursos apenas em saúde, além de reduzir de R$ 7 milhões para cerca de R$ 2,5 milhões por parlamentar”, explica o pepista.

O grupo de prefeitos se reúne na semana que vem com o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSB), para encontrar uma forma de redirecionar recursos das emendas para as obras atrasadas. “Vamos sugerir à Assembleia Legislativa, em reunião com o presidente Lissauer Vieira, uma forma de usarmos essas emendas nas obras do programa, que estão paradas em alguns municípios. Se for possível fazer essa adequação, será benéfica para os prefeitos, até porque cada um tem uma realidade diferente”, defende Issy.

Dificuldade financeira não atrapalha sucessão
A situação do PP em Vianópolis é confortável, segundo Quinan, mesmo com as dificuldades financeiras e atrasos em repasses do governo estadual. A sucessão na cadeira do Executivo municipal deverá ser tranquila, devido à força da sigla na cidade. O próprio prefeito encontrou o caminho livre para suas eleições – não teve opositor à altura para o embate.

Para o PP, a eleição de 2018 foi mais expressiva em Vianópolis, onde elegeram quatro dos nove vereadores da Câmara Municipal. Segundo Quinan, faltaram apenas 15 votos para colocar um quinto vereador da sigla no Legislativo.

Issy Quinan destaca que o governo passado deixou cinco repasses do transporte escolar atrasados, o que mais preocupa o Executivo neste momento | Foto: Jornal Opção

A sigla municipal tem renovado seus quadros constantemente e buscado novas filiações para manter o grupo político no poder. “Cada município possui uma realidade. Onde as coisas caminham de forma adequada, é natural que a população também caminhe com o projeto político atual. No nosso caso, a expectativa é que a gestão termine bem avaliada. Entendemos que os companheiros que integram nosso grupo político têm condições de continuar com as mudanças e investimentos que a cidade precisa”, pontua Quinan. O prefeito adianta que o PP terá candidato à Prefeitura de Vianópolis e uma forte chapa de vereadores para disputar a eleição de 2020.

A popularidade da gestão pepista em Vianópolis decorre de atitudes energéticas, segundo Quinan. O chefe do Executivo conta que os problemas financeiros são recorrentes, mas cabe ao gestor ser criativo para não “chorar o leite derramado ou lamuriar as dificuldades presentes”.

Atrasos que preocupam
A situação do transporte escolar em Vianópolis chega a estágio crítico. O prefeito confirma cinco repasses atrasados do governo passado. Segundo o gestor público, o diálogo com o Estado ocorre, neste momento, para equalizar esses repasses, com reforço também de entidades representativas, como a Federação Goiana de Municípios (FGM) e Associação Goiana de Municípios (AGM). “Os repasses da atual administração serão repassados rigorosamente em dia, segundo a Secretaria Estadual de Educação. A área da saúde está em atraso. Mas as entidades que representam as prefeituras abrem espaço para regularizar isso.”

Governo federal precisa tirar Pacto Federativo do papel
Segundo Issy Quinan, a expectativa dos prefeitos e dele próprio com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) ao Planalto está em tirar do papel o Pacto Federativo – que deverá destinar mais recursos aos municípios. “É preciso que esse tema deixe de ser pauta retórica daqueles que visam impressionar os municípios. Observo essa discussão desde que assumi a prefeitura, mas nada de concreto foi realizado. Tomara que o Estado e o presidente Bolsonaro tomem atitudes nesse sentido”, espera o prefeito.

“As ações do governo federal precisam se consolidar em cima do que propuseram. Isso depende só do governo e efetivamente do grau de certeza que a sociedade vai ter na medida em que o governo propõe e realiza”, acrescenta Quinan em relação às expectativas com o futuro da economia brasileira.

O prefeito diz esperar do senador de seu partido, Vanderlan Cardoso, atuação em prol dos municípios, principalmente na viabilização do Pacto Federativo. “Vanderlan foi gestor municipal [ex-prefeito de Senador Canedo] e viveu as dificuldades na pele. Foi candidato a governador duas vezes e sabe que é necessário que o parlamentar federal atue nos interesses municipalistas, principalmente na transferência de recursos. Esperamos que Vanderlan seja um interlocutor dos municípios”, conclui.